A julgar pelo título do poema, o eu lírico se retrata como um velho
turrão, incitado pelo avançar da idade, querendo se mostrar afirmativo e
autossuficiente àqueles que encontra. Um tipo arrogante por opção.
Ele ama e rejeita a tudo e a todos, com semelhante fervor. E tem grande
probabilidade de deparar com o vazio, nesse tresloucado apelo a uma vida sem
compromissos, com a qual mortifica a si próprio.
J.A.R. – H.C.
Robert Creeley
(1926-2005)
Self-Portrait
He wants to be
a brutal old man,
an aggressive old man,
as dull, as brutal
as the emptiness around him,
He doesn’t want compromise,
nor to be ever nice
to anyone. Just mean,
and final in his brutal,
his total, rejection of it all.
He tried the sweet,
the gentle, the “oh,
let’s hold hands together”
and it was awful,
dull, brutally inconsequential.
Now he’ll stand on
his own dwindling legs.
His arms, his skin,
shrink daily. And
he loves, but hates equally.
Autorretrato
(Rembrandt: pintor holandês)
Autorretrato
Ele quer ser
um velho áspero,
um velho agressivo,
tão fastidioso, tão selvagem
quanto o vazio que o
rodeia,
Ele não quer
compromissos,
tampouco ser agradável
com ninguém. Bem
assente,
e terminativo em sua brutal,
sua total, rejeição a
tudo.
Tentou o suave,
o gentil, o “oh,
vamos nos dar as mãos”
e foi terrível,
tedioso, brutalmente
inconsequente.
Agora ele se manterá
sobre suas próprias
pernas declinantes.
Seus braços, sua
pele,
engelham ao avançar
dos dias. E a par disso,
ele ama, embora odeie
por igual.
Referência:
CREELEY, Robert. Self-portrait. In: __________.
Selected poems: 1945-2005. Edited by
Benjamin Friedlander. Berkeley and Los
Angeles, CA: University of California Press, 2008. p. 203.
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