Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 7 de agosto de 2016

Marie-Claire Bancquart - Caminho pela Solidão dos Livros

Em novembro, a poetisa experimenta uma sensação de que, mesmo estando tudo em seu lugar, há qualquer coisa de incógnito, a perscrutar inopinadamente as instâncias do desconhecido, como uma ave ou um pássaro irrequieto.

As sensações experimentadas pelo eu lírico antecipam a chegada do inverno, ainda no decurso do outono, quando as folhas das árvores amarelecem e caem e o espírito tende a recolher-se em suas leituras, ali de onde emanam memórias enregeladas, capazes de entorpecer o coração.

J.A.R. – H.C.

Marie-Claire Bancquart
(n. 1932)

Je Marche dans la Solitude des Livres

Je marche dans la solitude des livres:
mon coeur gèle
avec ces mémoires gelées.

La vent tape au volet.

Novembre.

Il a fallu toute une vie pour que le craquement du bois
suscite une attente essentielle.

Au-delà du jardin
au-delà du temps devant nous
il y a les bogues tombées de châtaignes
le feu des feuilles dans la brume
les fenêtres violettes.

Exactement novembre.

Toute chose à sa place.

Cependant l’inconnu est proche
comme un oiseau inquiet.

Aquarela
(Joanne Boon Thomas: artista inglesa)

Caminho pela Solidão dos Livros

Caminho pela solidão dos livros:
meu coração congela
com essas gélidas memórias.

O vento bate na persiana.

Novembro.

Levou toda uma vida para o rangido da madeira
suscitar uma expectativa essencial.

Além do jardim
além do tempo antes de nós
existem os ouriços derribados de castanhas
o fogo das folhas na bruma
as janelas violetas.

Exatamente novembro.

Cada coisa em seu lugar.

Ainda assim o desconhecido está próximo
como um pássaro inquieto.

Referência:

BANCQUART, Marie-Claire. Je marche dans la solitude des livres. In: CAWS, Mary Ann (Ed.). The Yale anthology of twentieth-century french poetry. A bilingual anthology (French-English). New Haven & London: Yale University Press, 2004. p. 452.

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