Hoje, dia dos pais, trazemos um poema relacionado ao tema, num formato
de quase oração a parodiar o “Padre Nosso”, de autoria do poeta norte-americano
Robert Lowell, considerado um dos fundadores da poesia dita confessional.
Como se pode observar, o poeta reflete sobre a relevância da figura de
seu pai sobre o seu próprio estado de consciência: mesmo já havendo falecido, deixou
ele rastros indeléveis na memória.
Vê-se, ademais, que a passagem similar à prece cristã, de fato, difere
em relação aos termos empregados nas Escrituras: “Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
J.A.R. – H.C.
Robert Lowell
(1917-1977)
Middle Age
Now the midwinter grind
is on me, New York
drills through my nerves,
as I walk
the chewed-up streets.
At forty-five,
what next, what next?
At every corner,
I meet my Father,
my age, still alive.
Father, forgive me
my injuries,
as I forgive
those I
have injured!
You never climbed
Mount Sion, yet left
dinosaur
death-steps on the crust,
where I must walk.
Pai e Filho
(John Koch: pintor
norte-americano)
Meia Idade
Agora sinto o fardo
do pleno inverno,
Nova York
penetra em meus
nervos,
enquanto percorro
as ruas apinhadas.
Aos quarenta e cinco,
o que ainda virá, o
que ainda virá?
Em cada esquina,
encontro meu Pai,
com a minha idade e
vivo ainda.
Pai, perdoa-me
as ofensas,
assim como eu perdoo
a quem
tenho ofendido!
Ainda que nunca
tenhas escalado
o Monte Sião,
deixaste pegadas
de dinossauro
sobre a crosta
por onde devo
caminhar.
Referência:
LOWELL, Robert. Middle age. In: MAGALHÃES JÚNIOR, Eduardo. Tickling the muses: anthology of
american poetry. Maceió, AL: Edufal - Editora da Universidade Federal de Alagoas, 1989.
p. 27.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário