Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Johann Wolfgang von Goethe - Violeta

Eis aqui um poema de Goethe no qual uma pastora descuidada acaba por destruir uma bela violeta que em seu caminho estava, numa evidente metáfora de seu descaso pelo afeto manifestado pelo jovem poeta.

O poema foi musicado por Mozart, com pequenas alterações. Alterada do mesmo modo, como se vê, a tradução ao português, de autoria do escritor brasileiro Múcio Leão, que de um original em três estrofes, transformou o poema em seis estrofes de quatro versos.

J.A.R. – H.C.

Johann Wolfgang von Goethe
(1749-1832)
Retrato de Angelica Kauffmann

Das Veilchen

Ein Veilchen auf der Wiese stand
Gebückt in sich und unbekannt;
Es war ein herzigs Veilchen.
Da kam eine junge Schäferin
Mit leichtem Schritt und munterm Sinn
Daher, daher,
Die Wiese her, und sang.

Ach! denkt das Veilchen, wär ich nur
Die schönste Blume der Natur,
Ach, nur ein kleines Weilchen,
Bis mich das Liebchen abgepflückt
Und an dem Busen matt gedrückt,
Ach nur, ach nur
Ein Viertelstündchen lang!

Ach! aber ach! das Mädchen kam
Und nicht in acht das Veilchen nahm,
Ertrat das arme Veilchen.
Es sank und starb und freut’ sich noch:
Und sterb ich denn, so sterb ich doch
Durch sie, durch sie
Zu ihren Füßen doch.

Violeta
(Ysabel LeMay: artista canadense)

Violeta

Esquecida no prado, debruçada
Sobre si mesma, humilde e dolorosa
A violeta vivia e era ignorada
Da noite negra e da manhã radiosa.

Eis que na curva do caminho breve
Uma linda visão de mulher passa.
Vem, vai chegando, alegre, suave e leve
Uma pastora toda encanto e graça.

“Ai de mim!” – pensa a flor – “Ai se eu pudesse
Ser a mais bela flor da natureza
Para que a doce amada me colhesse
E no seio me trouxesse presa!

Ai se somente por um breve instante
Sobre o seu seio claro eu repousasse!
Se eu lhe beijasse a carne palpitante
E com o seu doce aroma a perfumasse!”

Mas ah! Veio a pastora indiferente
Nem atentou para a florzinha escrava!
Pisou a pobre... E a pobre alegremente
Ao ser calcada, trêmula, pensava:

“Ai que delícia, a de morrer agora,
A de morrer, cheia de amor infindo,
Pisada assim pela gentil pastora.
Pisada assim pelo seu pé tão lindo!”

Arleen Auger
(“Das Veilchen”: W. A. Mozart)

Referências:

Em Alemão

GOETHE, Johann Wolfgang von. Das veilchen. In: __________. 103 great poems / 103 meistergedichte. A dual-language book. Edited and translated by Stanley Appelbaum. Mineola, NY: Dove Publications Inc., 1999. p. 24.

Em Português

GOETHE, Johann Wolfgang von. A violeta. Tradução de Múcio Leão. In: JACKSON, W. M., INC. (Eds.). Tesouro da juventude: livro da poesia. São Paulo, SP: Gráfica Editora Brasileira Ltda., 1956. Vol. XI, p. 190.

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