Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

William Wordsworth - Não desprezes o Soneto

Talvez o maior poeta romântico inglês, W. W. faz homenagem ao soneto e aos grandes escritores que o cultivaram e o aprimoraram, elevando-o à excelência no domínio da arte literária, de modo a conectá-lo às trilhas da história, da filosofia e, vezes sem conta, da mitologia.

Não sem motivo, as metáforas que Wordsworth emprega em seu poema são quase todas associadas a instrumentos musicais, como se os autores que menciona estivessem a compor uma grande sinfonia.

São explicitamente mencionados: William Shakespeare (inglês; 1564-1616) – que redigiu 154 sonetos –; Francesco Petrarca (italiano; 1304-1374) – que escreveu 317 sonetos de amor; Torquato Tasso (italiano; 1544-1595); Luís Vaz de Camões (português; 1524-1580) – que, pelo que se sabe, esteve na África e nas colônias orientais lusitanas não propriamente exilado, ou de outro modo, na pior das hipóteses, impôs-se um autoexílio –; Dante Alighieri (italiano; 1265-1321); Edmund Spenser (inglês; 1552-1599) e John Milton (inglês; 1608-1674).

J.A.R. – H.C.

William Wordsworth
(1770-1850)
Retrato de Benjamin Haydon

Scorn not the Sonnet

Scorn not the Sonnet; Critic, you have frowned,
Mindless of its just honours; with this key
Shakespeare unlocked his heart; the melody
Of this small lute gave ease to Petrarch’s wound;

A thousand times this pipe did Tasso sound;
With it Camoens soothed an exile’s grief;
The Sonnet glittered a gay myrtle leaf
Amid the cypress with which Dante crowned

His visionary brow; a glow-worm lamp,
It cheered mild Spenser, called from Faery-land
To struggle through dark ways; and, when a damp

Fell round the path of Milton, in his hand
The Thing became a trumpet; whence he blew
Soul-animating strains − alas, too few!

Instrumentos Musicais
(Alexander Sadoyan: pintor armênio)

Não desprezes o Soneto

Não desprezes o Soneto; Crítico, franziste o cenho,
Descuidando de suas justas honras; com esta chave
Shakespeare destravou o seu coração; a melodia
Deste pequeno alaúde deu alívio à mágoa de Petrarca;

Mil vezes Tasso fez soar este pífano;
Com ele Camões consolou a dor do exílio;
Como leda folha de murta, o soneto resplandecera
Em meio ao cipreste com que Dante coroou

A sua visionária fronte; um pirilampo cintilou,
Alegrando o suave Spenser, evocado ao Reino das Fadas
Para porfiar por sendas escuras; e, quando uma névoa

Caiu à volta do caminho de Milton, em suas mãos
A forma converteu-se em trombeta, com a qual fez ressoar
Confortantes acordes – por desventura, muito poucos!  

Referência:

WORDSWORTH, William. Scorn not the sonnet. In: __________. The sonnets of William Wordsworth. London, EN: Ed. Edward Moxon, 1838. p. 54.

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