Talvez o maior poeta romântico inglês, W. W. faz homenagem ao soneto e
aos grandes escritores que o cultivaram e o aprimoraram, elevando-o à excelência
no domínio da arte literária, de modo a conectá-lo às trilhas da história, da
filosofia e, vezes sem conta, da mitologia.
Não sem motivo, as metáforas que Wordsworth emprega em seu poema são
quase todas associadas a instrumentos musicais, como se os autores que menciona
estivessem a compor uma grande sinfonia.
São explicitamente mencionados: William Shakespeare (inglês; 1564-1616) –
que redigiu 154 sonetos –; Francesco Petrarca (italiano; 1304-1374) – que escreveu
317 sonetos de amor; Torquato Tasso (italiano; 1544-1595); Luís Vaz de Camões
(português; 1524-1580) – que, pelo que se sabe, esteve na África e nas colônias
orientais lusitanas não propriamente exilado, ou de outro modo, na pior das
hipóteses, impôs-se um autoexílio –; Dante Alighieri (italiano; 1265-1321);
Edmund Spenser (inglês; 1552-1599) e John Milton (inglês; 1608-1674).
J.A.R. – H.C.
William Wordsworth
(1770-1850)
Retrato de Benjamin
Haydon
Scorn not the
Sonnet
Scorn not the Sonnet; Critic, you have frowned,
Mindless of its just honours; with this key
Shakespeare unlocked his heart; the melody
Of this small lute gave ease to Petrarch’s wound;
A thousand times this pipe did Tasso sound;
With it Camoens soothed an exile’s grief;
The Sonnet glittered a gay myrtle leaf
Amid the cypress with which Dante crowned
His visionary brow; a glow-worm lamp,
It cheered mild Spenser, called from Faery-land
To struggle through dark ways; and, when a damp
Fell round the path of Milton, in his hand
The Thing became a trumpet; whence he blew
Soul-animating strains − alas, too few!
Instrumentos Musicais
(Alexander Sadoyan:
pintor armênio)
Não desprezes o Soneto
Não desprezes o
Soneto; Crítico, franziste o cenho,
Descuidando de suas
justas honras; com esta chave
Shakespeare destravou
o seu coração; a melodia
Deste pequeno alaúde
deu alívio à mágoa de Petrarca;
Mil vezes Tasso fez soar este pífano;
Com ele Camões
consolou a dor do exílio;
Como leda folha de
murta, o soneto resplandecera
Em meio ao cipreste
com que Dante coroou
A sua visionária fronte;
um pirilampo cintilou,
Alegrando o suave
Spenser, evocado ao Reino das Fadas
Para porfiar por
sendas escuras; e, quando uma névoa
Caiu à volta do
caminho de Milton, em suas mãos
A forma converteu-se
em trombeta, com a qual fez ressoar
Confortantes acordes –
por desventura, muito poucos!
Referência:
WORDSWORTH, William. Scorn not the sonnet. In: __________. The sonnets of William Wordsworth.
London, EN: Ed. Edward Moxon, 1838. p. 54.
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