Um dos iniciadores do dadaísmo, Tzara, poeta romeno-francês de origem
judaica, sugere uma forma bem humorada de se redigir poemas capazes de revelar
os traços mais contundentes do movimento a que dera ensejo: o acaso como via de
se alcançar a poesia!
Mas será mesmo que o resultado de uma colagem aleatória de palavras pode
ser denominado “poesia”, ainda que, muito provavelmente, não venha a expressar
qualquer sentido estético ou lógico para o leitor?!
J.A.R. – H.C.
Tristan Tzara
(1896-1963)
Pour faire un poème dadaïste
Pour faire un poème dadaïste
Prenez un journal.
Prenez des ciseaux.
Choisissez dans ce journal un article ayant la
longueur
que vous comptez
donner à votre poème.
Découpez l’article.
Découpez ensuite avec soin chacun des mots qui
forment
cet article et mettez-les dans un sac.
Agitez doucement.
Sortez ensuite chaque coupure l’une après l’autre.
Copiez les consciencieusement dans l’ordre où elles
ont quitté le sac.
Le poème vous
ressemblera.
Et vous voilà un
écrivain infiniment original et d’une
sensibilité charmante,
encore qu’incomprise du vulgaire.
ABCD
(Raoul Hausmann: artista
e escritor austríaco)
Para fazer um poema dadaísta
Para fazer um poema
dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um
artigo do tamanho que você
deseja dar a seu
poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida
com atenção algumas palavras que formam
esse artigo e meta-as
num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada
pedaço um após o outro.
Copie
conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá
com você.
E ei-lo um escritor
infinitamente original e de uma
sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
Referências:
Em Francês
Em Português
TZARA, Tristan. Para fazer um poema
dadaísta. Tradução de Gilberto Mendonça Teles. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1972. p. 103.
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