Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de setembro de 2017

Brasileirão 2017 – Fim da 25ª Rodada – Projeções do Modelo Esotérico-‎Matemático (MEM)‎

Mais 6 (seis) rodadas desde a última projeção do MEM, e temos um líder do certame capengando neste início de segundo turno: o Corinthians é apenas 15º colocado, com 7 (sete) pontos em 18 (dezoito) disputados, ou 38,9% de aproveitamento.

Ainda assim, está a 10 (dez) pontos do segundo colocado, agora o Santos, na classificação geral, ou seja, ainda tem uma boa distância para lhe dar alguma tranquilidade em busca da recuperação.

Contudo, as coisas não lhe ficarão barato, segundo o MEM, pois a métrica de pontos para a projeção final aponta uma diferença de apenas 3,3 (três v. três) pontos em relação ao vice-líder, ao final das 38 (trinta e oito) rodadas.

E o São Paulo livra-se do rebaixamento? O nosso modelinho afirma que sim, mas a média das probabilidades dos ‘sites’ que calculam chances no futebol afirma que não!

Espantosa, mesmo, é a queda vertiginosa do desempenho do Sport, a pior campanha das últimas 10 (dez) rodadas, com apenas 6 (seis) pontos, ou 20,0% de aproveitamento. E mais: junto com o São Paulo, possui a pior defesa nesse ínterim, com 19 (dezenove) gols tomados, ou seja, quase 2 (dois) gols por partida.

Mas há uma diferença entre os aludidos times: enquanto o clube paulista tem o melhor ataque no período, com 18 (dezoito) gols a favor, o time pernambucano marcou apenas 6 (seis) – de longe, o pior ataque. Desse modo, não resta opção ao Sport a não ser sugerir ao Luxemburgo que vá passear em... Luxemburgo, por exemplo, ou na China, de onde já foi detonado certa vez! (rs)

Por agora, são esses os meus comentários, diletos do futebol. Lá pela 30ª rodada, voltaremos a apresentar os números que a bola de cristal do MEM, naquele momento, há de projetar.

J.A.R. – H.C.

Fontes:





Ralph Waldo Emerson - A Ródora

Os mistérios do encontro pautam o sentido que se pode atribuir ao belo poema que Emerson dedica à ródora, uma planta nativa das áreas encharcadas do nordeste dos EUA, região onde o fotógrafo Eliot Porter colheu a imagem que ilustra esta postagem, em New Hampshire.

Sob a ótica do poeta, a ródora é tão bela quanto a rosa, mas sem a aclimatação desta aos ambientes de nossas residências, senão aos espaços indômitos da natureza, lá onde pode ser encontrada por todos, comungando da mesma força criadora que prodigaliza a beleza pelos quatro cantos da terra.

J.A.R. – H.C.

Ralph Waldo Emerson
(1803-1882)

The Rhodora

On being asked, whence is the flower?

In May, when sea-winds pierced our solitudes,
I found the fresh Rhodora in the woods,
Spreading its leafless blooms in a damp nook,
To please the desert and the sluggish brook.
The purple petals, fallen in the pool,
Made the black water with their beauty gay;
Here might the red-bird come his plumes to cool,
And court the flower that cheapens his array.
Rhodora! if the sages ask thee why
This charm is wasted on the earth and sky,
Tell them, dear, that if eyes were made for seeing,
Then Beauty is its own excuse for being:
Why thou wert there, O rival of the rose!
I never thought to ask, I never knew;
But, in my simple ignorance, suppose
The self-same Power that brought me there brought you.

Ródoras
(Eliot Porter: fotógrafo norte-americano)

A Ródora

Ao ser perguntado, de onde é a flor?

Em Maio, quando a brisa marinha rompeu nossa solidão,
Encontrei a fresca Ródora nos bosques,
Alastrando suas desfolhadas flores num recanto úmido,
Para regalar o deserto e o lento riacho.
As pétalas lilases, caídas na poça,
Preenchiam a água escura com a sua vívida beleza;
Aqui o cardeal pode vir refrescar as penas,
E cortejar a flor que eclipsa a sua plumagem.
Ródora! Se os sábios te perguntassem por que
Esse encanto se desperdiça entre a terra e o céu,
Dir-lhes-ias, querida, que se os olhos fossem feitos para ver,
Então a Beleza seria o motivo para que eles existissem:
Por que lá te encontravas, ó rival da rosa!
Jamais pensei em perguntar, nunca o soube;
Porém suponho, em minha simples ignorância,
Que para lá fomos arrastados pelo mesmo Poder.

Referência:

EMERSON, Ralph Emerson. The rhodora. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 91.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Wallace Stevens - Predomínio do Negro

Neste poema que evolui num ciclo de repetições, Stevens parece se referir à finitude de tudo quanto na terra existe, mesmo a atingir uma árvore como o abeto, gênero de conífera que, sendo perene mesmo em face das estações do ano, é confrontada com a anual substituição das penas dos pavões.

Temos aí um cotejo entre a dominação do negro – a onipresença da morte em nossas existências e seu insolúvel mistério –, e a busca da imortalidade, simbolizada pelo grito dos pavões, um dos recursos empregados pelo poeta para elevar o seu poema ao nível da transcendência. Mas veja, leitor, que o título do poema não nos deixa confortáveis...

P.s.: Outra tradução mais conforme à literalidade do texto de Stevens, atribuída a Alberto Pimenta e Maria Irene Ramalho de Sousa Santos, autores portugueses, pode ser consultada neste endereço.

J.A.R. – H.C.

Wallace Stevens
(1879-1955)

Domination of Black

At night, by the fire,
The colors of the bushes
And of the fallen leaves,
Repeating themselves,
Turned in the room,
Like the leaves themselves
Turning in the wind.
Yes: but the color of the heavy hemlocks
Came striding.
And I remembered the cry of the peacocks.

The colors of their tails
Were like the leaves themselves
Turning in the wind,
In the twilight wind.
They swept over the room,
Just as they flew from the boughs of the hemlocks
Down to the ground.
I heard them cry – the peacocks.
Was it a cry against the twilight
Or against the leaves themselves
Turning in the wind,
Turning as the flames
Turned in the fire,
Turning as the tails of the peacocks
Turned in the loud fire,
Loud as the hemlocks
Full of the cry of the peacocks?
Or was it a cry against the hemlocks?

Out of the window,
I saw how the planets gathered
Like the leaves themselves
Turning in the wind.
I saw how the night came,
Came striding like the color of the heavy hemlocks
I felt afraid.
And I remembered the cry of the peacocks.

In: “Harmonium: 1923-1931”

O idílio dos pavões
(Susy Soulies: artista norte-americana)

Predomínio do Negro

À noite, ao pé do fogo,
As cores dos arbustos
E das folhas no chão
Giravam no quarto
E se repetiam,
Como as próprias folhas
Girando no vento.
Sim: mas a cor intensa dos açafrões
Invadiu o quarto.
E então lembrei o grito dos pavões.

As cores de suas caudas
Eram como as próprias folhas
Girando no vento,
Girando no poente.
Voaram para dentro,
Ao serem varridas dos ramos dos açafrões
E jogadas no chão.
Ouvi-os gritar – os pavões.
Seria um grito contra o poente
Ou contra a cor das folhas
Girando cm o vento,
Girando como as chamas
Giravam no fogo,
Girando como as caudas dos pavões
Giravam no fogo estridente,
Estridente como os açafrões
Cheios de gritos de pavões?
Ou era um grito contra os açafrões?

Pela janela,
Vi os planetas se juntarem
Como as próprias folhas
Girando no vento.
Vi a noite chegar,
Invadindo o quarto, como a cor intensa dos açafrões.
E tive medo.
E então lembrei o grito dos pavões.

Referência:

STEVENS, Wallace. Domination of Black / Predomínio do negro. Tradução de Paulo Henriques Britto. In: __________. Poemas. Seleção, tradução e introdução de Paulo Henriques Britto. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1987. Em inglês: p. 18 e 20; em português: p. 19 e 21.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Alphonsus de Guimaraens Filho - Poesia e Origem

Grande poeta tanto quanto o pai, uma das figuras máximas do simbolismo brasileiro, Alphonsus Filho discorre neste soneto, em talentosa reflexão, sobre o ato próprio de se apreender a poesia em palavras, ela que nos permite reinventar o dia, partindo do sonho e dele, paradoxalmente, deslembrando.

Tem a poesia, segundo o vate, a mesma natureza das flores, cuja beleza se exterioriza em secreta palpitação, aproximando-nos de outros céus onde disperso está o amor, para logo mais fenecerem expostas ao vento – força natural para a qual acabam por se submeter em sua fragilidade.

J.A.R. – H.C.

Alphonsus de Guimaraens Filho
(1870-1921)

Poesia e Origem

O pólen de ouro que arde no recesso
das corolas, no segredo dos pistilos;
a visão musical de outros tranquilos
céus onde o amor esteve (ou está) disperso;

a secreta palpitação de uma beleza
mais casta, de uma luz que se anuncia,
trazem-me a sensação do próprio dia,
numa contemplação que é mais certeza.

Certeza? antes, o supremo encantamento
de quem renasce com as manhãs, em luminosa
plenitude, e as vê morrer, frágeis, ao vento.

A poesia é o dia reinventado.
E nós, que tanto sonhamos ao criá-la,
não nos lembramos mais de haver sonhado.

Em: “O Mito e o Criador” (1954)

Natureza-Morta Floral
(Szechenyi I. V. Szidonia: artista húngaro)

Referência:

GUIMARAENS FILHO, Alphonsus de. Poesia e origem. In: FIGUEIREDO, José Valle de (Compilador). Antologia da poesia brasileira. Lisboa, PT: Editorial Verbo, s/d [197?]. p. 192.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Robert Frost - O Som das Árvores

Não estou suficientemente convicto de que o poema abaixo, de Frost, esteja apenas se reportando aos elementos naturais do farfalhar e do balanço das árvores que muito lhe incomodariam, senão à necessidade premente de o ser humano buscar aventuras em outros lugares, não se limitando ao que lhe parece seguro ou familiar.

Não bastam maturidade e sabedoria para melhor se apreciar a vida: há que se ter temperamento arrojado, capaz de desafiar as convenções e fazer evoluir o espírito, o qual, de outro modo, apenas se limitaria a “oscilar”, sem, contudo, sair do lugar.

J.A.R. – H.C.

Robert Frost
(1874-1963)

The Sound of Trees

I wonder about the trees.
Why do we wish to bear
Forever the noise of these
More than another noise
So close to our dwelling place?
We suffer them by the day
Till we lose all measure of pace,
And fixity in our joys,
And acquire a listening air.
They are that that talks of going
But never gets away;
And that talks no less for knowing,
As it grows wiser and older,
That now it means to stay.
My feet tug at the floor
And my head sways to my shoulder
Sometimes when I watch trees sway,
From the window or the door.
I shall set forth for somewhere,
I shall make the reckless choice
Some day when they are in voice
And tossing so as to scare
The white clouds over them on.
I shall have less to say,
But I shall be gone.

Casa Antiga Entre Árvores
(R. W. Goetting: pintor norte-americano)

O Som das Árvores

Interrogo-me sobre as árvores.
Por que tencionamos suportar
Incessantemente o seu farfalhar
Mais do que qualquer outro ruído
Tão perto de nossa morada?
Nós as suportamos dia após dia
Até perdermos todo o senso de ritmo
E de constância em nossas alegrias,
Assumindo então um ar de ouvintes.
Elas se parecem a quem fala em partir
Embora nunca se retire;
E a quem fala não menos por saber,
Conquanto se torne mais velho e sábio,
O que de pronto significa quedar-se.
Às vezes, meus pés arrastam-se pelo chão
E a cabeça move-se até o ombro
Ao vê-las oscilar,
A partir da janela ou da porta.
Algum dia, partirei para outro lugar,
Adotarei a alternativa mais ousada
Quando as árvores farfalharem
E se agitarem, a ponto de assustar as
Brancas nuvens que sobre elas passam.
Menos terei a dizer,
Mas partirei.

Referência:

FROST, Robert. The sound of the trees. In: BENÉT, William Rose; AIKEN, Conrad (Eds.). An anthology of famous english and american poetry. New York, NY: Random House Inc., 1945. p. 753. (‘The Modern Library’)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Richard Eberhart - Se Pelo Menos Eu Pudesse Viver em um Grau ‎Próximo à Loucura

Eis um poema que, contido no ensaio “Como Escrevo Poesia” (NEMEROV, 1968, p. 31-57), tem a sua interpretação elucidada pelo próprio autor: Eberhart diz tratar-se de um ato criador que lhe teria assomado durante o período da Grande Depressão, na primeira metade do século XX, que o forçou a uma profunda visão interior, levando-o ao passado, concebido como melhor do que o presente (NEMEROV, 1968, p. 38).

Afirma ele, ainda, que o título não se refere à loucura patológica, senão à “divina loucura” dos gregos, seu famoso espírito livre e jogo de imaginação ao nível mais intenso de consciência: é um poema platônico, por conseguinte (NEMEROV, 1968, p. 39).

J.A.R. – H.C.

Richard Eberhart
(1904-2005)

If I Could Only Live at the Pitch That Is
Near Madness

If I could only live at the pitch that is near madness
When everything is as it was in my childhood
Violent, vivid, and of infinite possibility:
That the sun and the moon broke over my head.

Then I cast time out of the trees and fields,
Then I stood immaculate in the Ego;
Then I eyed the world with all delight,
Reality was the perfection of my sight.

And time has big handles on the hands,
Fields and trees a way of being themselves.
I saw battalions of the race of mankind
Standing stolid, demanding a moral answer.

I gave the moral answer and I died
And into a realm of complexity came
Where nothing is possible but necessity
And the truth waiting there like a red babe.

Mundo da Infância
(Sergei Rimoshevsky: pintor bielorusso)

Se Pelo Menos Eu Pudesse Viver em um Grau
Próximo à Loucura

Se pelo menos eu pudesse viver em um grau
próximo à loucura,
Quando tudo é como foi durante minha infância,
Violento, vívido e de infinita possibilidade:
Quando a lua e o sol irrompiam sobre minha cabeça.

Naquele tempo, eu lançava o tempo para fora das
árvores e dos campos,
Naquele tempo, meu Ego era ainda imaculado;
Naquele tempo, eu olhava com todo deleite o mundo
E a realidade era a perfeição do que eu via.

Mas o tempo tem enormes alavancas em suas mãos,
E as árvores e os campos um modo próprio de ser.
Vi batalhões de espécimes da raça humana,
De pé, imperturbáveis, exigindo uma resposta moral.

Dei a resposta moral e morri
E cheguei a um reino de complexidade
Onde apenas a necessidade é possível
A verdade vagindo ali como um vermelho bebê.

Referência:

EBERHART, Richard. If I could only live at the pitch that is near madness / Se pelo menos eu pudesse viver em um grau próximo à loucura. Tradução de Marcos Santarrita. In: NEMEROV, Howard (Coord.). Poesia como criação. Tradução de Marcos Santarrita. Rio de Janeiro, GB: Edições GRD, 1968. Em inglês: p. 38; em português: p. 54.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Múcio Teixeira - O Karma

A obra de onde extraí o poema de hoje talvez seja uma referência para os que acreditam em vivências sequentes sobre a terra, para purgar o espírito de todas as forças maléficas, assim como propugna, v.g., o Hinduísmo, o Budismo ou mesmo o Espiritismo.

Veja-se que o poema de Múcio torna manifesta a ideia de que a vivência presente é afetada pelas experiências de vidas passadas, numa relação de causa e efeito para as ações que sejam adotadas com boas ou más intenções, cenário esse que comporta iniludíveis especulações éticas.

J.A.R. – H.C.

Múcio Teixeira
(1857-1926)

O Karma

A Natureza não pode escravizar a Alma
que obtém o Poder por meio da Sabedoria,
e em ambos emprega a Lei do Karma, que
nos conduz à Verdade.
(Helena Blavatski)

O Deus da Teosofia
Não é esse das seitas religiosas,
Que dorme noite e dia
Nas áreas luminosas
Das antigas mesquitas maometanas,
Ou das modernas catedrais romanas.

Força motriz dos múltiplos sistemas
Que dirigem os vultos planetários,
É a vibração, que despedaça algemas
Na eterna irradiação dos Setenários.

Essência pura, primordial, divina,
Desce do Todo à simples unidade;
E, se a matéria anima,
Volta de novo à espiritualidade.

E tanto impele as simples criaturas
Como equilibra os astros no infinito,
Por leis evolutivas e seguras
Do seu poder universal prescrito.

Pois bem: nós somos parte desse Todo;
Não o verme do lodo,
Mas a faísca que partiu da chama
Que este Universo inflama,
Semeando na amplidão as nebulosas
Entre as constelações mais radiosas,
E os errantes cometas solitários
Que fogem sempre aos corpos planetários.

Mas no eterno vaivém das existências,
Restritas da matéria às contingências,
Desde que o livre arbítrio nos foi dado,
Temos em nossa mão o próprio fado.

A lei que determina a recompensa
Dos males e dos bens que praticamos,
A lei de causa e efeito, que aplicamos,
Por lógica permuta
De princípios inatos,
É também aplicada aos nossos atos,
Desde que o homem sente, e quer, e pensa,
E pode, e executa.

O homem é senhor do seu destino;
Mas já que tem tamanha liberdade,
Não deve se queixar do Ser Divino,
Nem recuar ante a Fatalidade.

Se o raciocínio é arma,
De que até nos servimos contra a crença,
Já foi lavrada Além nossa sentença,
Temos de obedecer à lei do Karma.

O que semeia o mal nesta existência,
Na seguinte existência há de expiá-lo;
Assim como o que nós hoje sofremos
É o castigo do mal que praticamos
Na vida já vivida
Neste mesmo planeta, onde ora estamos,
Ou em outra qualquer região perdida
Na multiplicidade das estrelas
Que povoam o azul do Firmamento,
Pois não foram criadas, todas elas,
Para estar em inútil movimento.

Os rápidos prazeres e alegrias
Que embalam nossos dias,
Já são as recompensas merecidas
Do bem que semeamos noutras vidas.

Quanto ao céu e o inferno, de que falam
As velhas escrituras,
São coisas que afinal já não abalam
As consciências seguras:
Por cinquenta ou noventa anos de vida
Na terra pervertida,
Lentas penas não há de
Penar a alma em toda a Eternidade.

A lei de causa e efeito
Sabiamente aplicada às nossas dores,
Como castigo ao mal que temos feito,
E às nossas alegrias
Premiando, com o bem, o bem perfeito,
É a corrente que enlaça os nossos dias
Desde a série das vidas anteriores
Até as mais remotas existências,
Nesses núcleos solares, onde as flores
Têm alma, e as almas – divinais essências.

Livro Primeiro: Contemplação e Crença
Rio, 1909.

Senhores do Karma
(Gisela Fabian: pintora germano-americana)

Referência:

TEIXEIRA, Múcio. O karma. In: __________. Terra incógnita: poema. São Paulo, SP: Casa Duprat Editora, 1916. p. 139-143.