Vamos a mais um poeminha a conter o gato como tema: no caso, oriundo da
pena do pouco conhecido escritor e dramaturgo luso-brasileiro, de origem
judaica, António José da Silva, nascido no Rio de Janeiro e falecido em Lisboa.
O poema, como abaixo transcrito, apresenta-se com a ortografia
atualizada para o português contemporâneo falado no Brasil. E lá vai o gato
atrás do rato em obsedante perseguição, a incomodar as moradoras da casa...
J.A.R. – H.C.
António José da Silva
(1705-1739)
Escultura de Simões
de Almeida
Versos Cômicos
Viram já vocês um
gato,
Que, miando pela
casa,
Tudo arranha, tudo
arrasa,
E, caçando o pobre
rato,
Este guincha que o não
rape,
Dali diz-lhe a moça:
sape,
E o gato responde
miau,
E a senhora grita: xó!?
Desta sorte amor
tirano
Faz das unhas duras
frechas,
Que, trepando da alma
às brechas,
Corações, fressuras,
bofes
Come, engole e faz em
pó.
Referência:
JOSÉ DA SILVA, António. Versos cômicos.
In: Selecta classica. Apresentação
de Evanildo Bechara. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: Academia Brasileira de Letras,
2010. p. 409. (Coleção ‘Antônio de Morais Silva’; v. 13). Disponível neste
endereço. Acesso em: 30 jul. 2016.
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