Alpes Literários

Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Flâneur - Um Passeio pelos Paradoxos de Paris (Edmund White)

WHITE, Edmund. O Flâneur: Um passeio pelos Paradoxos de Paris. Tradução de Reinaldo Moraes. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.



Talvez, falar de Paris, hoje, já seja meio redundante, ainda que muitas sejam as belezas da capital francesa. Mas nunca é demais procurar enxergar o mundo sob ópticas inusitadas, como se buscássemos elucidar a quadratura do círculo.

Com o conhecimento de quem "flanou" bastante por Paris, uma vez que lá viveu por mais de uma década, White perscruta o universo às margens do Sena, fazendo sobressair em sua prosa um perfil meio "outside" da cidade, como o atrelado à cultura "gay", da qual não se escusa em dizer que toma parte.

Como o aclamado autor de "Um Jovem Americano" e do mais recente "O Homem Casado" - a descrever, neste último, as agruras de um relacionamento homossexual que resulta em contaminação virótica pela Aids e, por via de consequência, na morte nada venturosa de um dos amantes, no distante Marrocos -, não se poderá duvidar da capacidade de o autor americano descrever com fidedignidade desde o histórico por vezes bizarro de suas figuras históricas, de reis a artistas, como Luís XIV e Colette, até a influência cultural da cidade que, em meados da primeira metade do século XX, encontrava-se em seu esplendor, persistindo, desde então, no ideário da humanidade ou, como se diz mais hodiernamente, em nosso inconsciente coletivo.

Obviamente que o livro se presta a uma viagem introdutória pelos renomados recantos do universo parisiense. Por isso, o próprio White não ousa subtrair as necessárias referências ao leitor, quando, ao final de seu opúsculo, menciona obras que são mais contundentes e definitivas em sua pretensão de bem retratar o paraíso idílico parisiense.

Refiro-me, por exemplo, "À Procura dos Tempos Perdidos", de Marcel Proust, trabalho que, em seus sete volumes, contempla todo o universo das mediações gaulesas, constando, por isso mesmo, entre as cem obras referenciais da literatura universal, em seleção de renomados autores em Oslo, a capital do Prêmio Nobel.

(JAR/HC)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Último Dia de Trabalho em 2009

Hoje é meu último dia de trabalho em 2009. E como dificilmente terei tempo para acessar a internet até o começo do próximo ano, deixo aqui o meu abraço fraterno para todo(a)s o(a)s internautas que navegaram por este blog.

Desejo um grande Natal para todo(a)s e um Ano Novo que seja merecedor do termo "Novo", no sentido de que "renovemos a face da terra". Obviamente, para melhor, pois sou da turma do bem !

Retorno ao batente no dia 7/1/2010.


Noções
(Cecília Meireles)

Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.

Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a.

Minha virtude era esta errância por mares contraditórios, e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é a minha alma: qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário, como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera ...

>>ooo-ooo<<

Deixo aqui um "link" que apresenta passagens de um terno filme de Frank Capra, a contemplar a magia do Natal: It's A Wonderful Life (A Felicidade Não se Compra), de 1946. Nenhum outro filme marcou minha juventude de modo mais indelével e inesquecível ...


(JAR/HC)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Ranking CBF do Futebol Nacional 2009

A CBF acabou de veicular, em seu "site", o ranking do futebol brasileiro ao final de 2009, o qual, como já dissemos na postagem imediatamente anterior, agrega pontuações da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, segundo os critérios ali declinados. O rol com os 20 (vinte) primeiros colocados é o seguinte:


Segregando-se os dados acima, pela composição de cada uma das competições mencionadas, tem-se:



Nota-se, de plano, que, para subir em tal ranking, é preferível você participar da Copa do Brasil que da Libertadores, tendo em conta que esta última não conta para ele. Mas como a presença em ambos os eventos diz respeito a possibilidades mutuamente excludentes, deixará de ganhar pontos quem tão-somente disputar o mais importante torneio sul-americano.

Conclusão: o ranking da CBF é tão absurdo, que obviamente não pode ser levado a sério. Vejam também por onde anda o Cruzeiro, tetracampeão da Copa do Brasil, no quadro acima. Afora outras "bolas fora", além das já apresentadas por este comentador na postagem anterior !

Por exemplo: você concorda, leitor, que o São Paulo, campeão brasileiro em 2006, e fora da disputa pela Copa do Brasil daquele ano por encontrar-se na Libertadores, tenha agregado 60 pontos ao supramencionado ranking da CBF, e o Vasco da Gama, vice-campeão da Copa do Brasil e 6º lugar no Brasileiro naquele mesmo ano, haja agregado 75 (20 + 55) pontos ?!

Sinceramente, nem a mais sã racionalidade matemática, nem o mais "apurado" espírito esotérico (rs) poderão me convencer de tamanha sandice!

Daí porque a coisa menos errada seria apresentar os rankings dos dois certames separadamente, como os dispomos aqui. O leitor-torcedor que conclua por si!

(JAR/HC)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ranking CBF para o Campeonato Brasileiro

I. Informações Importantes
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A CBF veicula, ao final de cada ano, o seu ranking, que é elaborado para o Futebol Brasileiro Nacional, a envolver apenas duas competições: o Campeonato Brasileiro, disputado desde 1971, e a Copa do Brasil, levada a efeito desde 1989.

Os critérios por ela adotados podem ser obtidos em seu "site" (http://www.cbf.com.br/ranking/criterios.pdf) e são os seguintes:



Muito já se falou sobre tais critérios: a principal objeção é que eles misturam competições cuja participação dos clubes não é uniforme nos dois certames, senão que penaliza quem não participa da Copa do Brasil, e que, de outro modo, por tomar parte em certames muito mais importantes - como a Copa Libertadores -, acaba, ao fim, ficando para trás. Tal é o caso do São Paulo, que em 2010 participará de sua 7ª (sétima) Libertadores consecutiva e, por estipulação da própria CBF (ou da Conmebol), não vem disputando a mencionada Copa do Brasil.

II. Rankings do Camp. Brasileiro (Atualizados ao Fim de 2009)
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A fim de contornar as limitações do ranking da CBF, apontadas no parágrafo precedente, implementamos a atualização do ranking apenas para o Campeonato Brasileiro, já a considerar o resultado do Brasileirão 2009, à luz do mesmo critério de pontuação adotado pela confederação pátria:




Tudo o mais constante e adotando apenas os campeonatos de pontos corridos, disputados entre 2003 e 2009, o mesmo ranking ficaria assim:



Finalmente, apresentamos abaixo um outro quadro, a conter o aproveitamento de todos os times que chegaram entre os quatro primeiros na Série A, ao longo dos referidos campeonatos de pontos corridos:



Coincidentemente ou não, observa-se uma certa ordem de classificação neste último quadro, pelo menos entre os primeiros colocados, mais perto daquela apresentada no primeiro quadro (Brasileirão 1971-2009), desta mesma seção II, do que no segundo (Brasileirão 2003-2009).

Alguém ousaria explicar o porquê ?

(JAR/HC)

Outra fonte consultada:
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Brasileirao/Serie_A/0,,MUL918468-9827,00.html

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Beleza Pungente da Música de Chopin: Mozart como Contraponto

Chopin, o grande compositor e pianista polônes, pode não ter sido o inventor do noturno - proeza associada ao nome do irlandês John Field -, mas conferiu a essa forma de composição tanta expressividade, que basta escutar apenas um deles para perceber o quanto a modulação meio melancólica das melodias são impressivas o suficiente, de modo a atingir o emocional dos ouvintes, sem quaisquer pieguices. Um dos noturnos que mais admiro é este: Noturno em E menor (Op. 72, nº 1).

Observa-se em Chopin uma forma intimista e quase inusitada de tocar ao piano, muito distinta da de outros grandes compositores. Mozart, por exemplo, compôs miríades de sonatas, além de quase três dezenas de concertos para esse instrumento. Entretanto, há muito mais rendilhado nas obras do austríaco, excesso que parece haver sido moderado em seus últimos trabalhos.


(Mozart à esquerda - Chopin à direita)

Sabe-se que Mozart tornou-se maçon, motivo por que muitos analistas veem a sua ópera "A Flauta Mágica" como um manancial de referências à Ordem. Com efeito, sem pretender defender tese, mas deduzindo apenas pela audição de muitas de suas composições, ousaria afirmar que as obras, coincidentemente ou não, posteriores ao seu ingresso na Maçonaria parecem mais sóbrias (ou seria apenas o reflexo de um autor em plena maturidade, sem as redundâncias juvenis ?).

Deixo aqui um outro "link", para os leitores apreciarem a abertura da ópera "Don Giovanni" - a "Ópera das Óperas" -, sob a regência do incensado maestro Hebert von Karajan:


(JAR/HC)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Brasileirão 2009 - Considerações Finais

I. INFORMAÇÕES GERAIS
Findo mais um Campeonato Brasileiro de futebol profissional, com o Flamengo do Rio de Janeiro sagrando-se campeão - diga-se extraoficialmente "hexacampeão" para alguns, oficialmente "pentacampeão" para outros, neste último caso em atenção à decisão judicial transitada em julgado relativamente ao título de 1987, atribuído ao Sport-PE -, sumariamos, a seguir, alguns pontos que julgamos importantes:
(i) o campeão Flamengo não foi nem o time com o melhor ataque (Grêmio - 1º - 67 gols / Flamengo - 6º - 58 gols), nem o de melhor defesa (São Paulo - 1º - 42 gols / Flamengo - 2º - 44 gols);
(ii) Grêmio e Internacional apuraram o melhor saldo de gols, ou seja, 21, sendo que o Colorado terminou em 2º e o Tricolor em 8º;
(iii) Flamengo e Internacional obtiveram o maior número de vitórias, 19 ao todo;
(iv) Flamengo e São Paulo foram os times com menor número de derrotas, 9 ao todo;
(v) o Flamengo tornou-se o campeão com o menor aproveitamento na época dos pontos corridos, vale dizer, 58,77%.;
(vi) considerando as dez últimas rodadas, o Flamengo teve o melhor aproveitamento, com 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota (25 pontos), seguido pelo Fluminense, que nesse mesmo período permaneceu invicto, com 7 vitórias e 3 empates (24 pontos);
(vii) o Cruzeiro foi o melhor visitante, com 56,14% de aproveitamento (32 pontos), enquanto o Grêmio foi o de melhor desempenho em casa, com 82,46% (47 pontos); e
(viii) Palmeiras e Internacional apresentaram o melhor aproveitamento no turno, com 64,91% (37 pontos), enquanto Flamengo e Cruzeiro sobressaíram no returno, com 70,18% (40 pontos).

II. VALE A PENA TER UMA BOA ESTRUTURA
O quadro apresentado abaixo sintetiza o rol de todos os times que ficaram entre o 1º e o 4º lugares, ao longo de todos os campeonatos brasileiros, desde 1971 até 2009:



Por meio dele se observa um dado importante: São Paulo e Internacional, reconhecidamente os clubes com melhores estruturas do futebol brasileiro, posicionam-se, respectivamente, em primeiro e segundo lugares, seguidos por outros times que, de mesmo modo, também possuem estruturas consistentes, embora não comparáveis, num primeiro plano, às daqueles.
Consigne-se, por exemplo, que o São Paulo, em 2010, participará de sua 7ª Copa Libertadores consecutiva, fato inédito na história dos grandes clubes pátrios. Tal fato não poderia ser também atribuível à sua estrutura ?
Apresentando-se os mesmos dados anteriores, dispostos agora pelas Unidades da Federação, o que resulta é o seguinte:



Ou seja: uma supremacia dos times do Estado de São Paulo, com números totais que quase alçam ao dobro dos do Rio de Janeiro, os deste mais próximos dos do Rio Grande Sul e de Minas Gerais.

III. PELA MANUNTENÇÃO DA FORMA DE PONTOS CORRIDOS
Por fim, propugnamos pela manutenção da atual forma de pontos corridos para o Campeonato Brasileiro, pois ela reforça a necessidade de que os clubes se estruturem melhor, uma vez que se trata de certame longo e difícil, a exigir mais do que simples preparação circunstancial como as requeridas para torneios, como a Copa do Brasil, esta sim uma disputa que pode bem permanecer como está.
Muito já se disse que a forma de pontos corridos leva a um trânsito interminável de "malas" voando sobre o território do país, mas ponderemos que há uma falácia incontornável nos argumentos de que quem defende o contrário, senão vejamos: (1) para se fazer que um terceiro vença adversários diretos contra quem se luta, há de se abrir a denominada "mala branca" capaz de favorecer uma equipe inteira, coisa que, convenhamos, não é tão fácil assim, ainda mais com a estrutura deficitária de muitos dos clubes que participam do torneio; (2) de modo similar, caso se queira que o time contendor "amoleça" o jogo, a "mala negra" há de corromper alguns jogadores, como o o goleiro ou alguns zagueiros; (3) entretanto, se a regra é o mata-mata, basta se corromper apenas um partícipe do jogo, nada menos que o árbitro ! E então, pergunta-se, o que seria menos difícil ou oneroso e, portanto, mais fácil de ser levado avante: corromper um, corromper alguns ou estimular muitos ?
Alguns poderiam argumentar que os clubes com mais recursos disponíveis poderiam lançar mão das malas, com certa frequência, para favorecer-lhes no sistema de pontos corridos, em detrimento dos demais, os quais ficariam limitados em suas pretensões, em razão da escassez de seus recursos. Ora, ora: o negócio então seria "democratizar" a desfaçatez, com o sistema de mata-mata, estando praticamente todos ao alcance de manipular o resultado pela "compra" de um certo senhor juiz ! E então às favas o comportamento ético no esporte !
Claro está que não defendo, em absoluto, que tais fatos devam acontecer naturalmente, como se fosse um "produto" a ser obtido num mercado concorrencial de "demanda x oferta". Mas, de fato, a história de nosso futebol é farta de exemplos a demonstrar que "forças ocultas" - não digo "esotéricas" (rs) ! - sempre estiveram à ronda pela defesa dos interesses de quem ousou nelas apostar !
Para se pensar ...
Um grande abraço.
(JAR/HC)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sonho de um Sonho - A Máquina do Mundo

Reproduzo, aqui, parte do poema "Sonho de um Sonho", do poeta Carlos Drummond de Andrade, no qual o itabirano, negando o sonho, por distinto da realidade, busca contornar o quadro de pesadelo que se observa nesta última:
 SONHO DE UM SONHO
(...)
"Sonhava, ai de mim, sonhando
que não sonhara ...
Mas via
na treva em frente a meu sonho,
nas paredes degradadas,
na fumaça, na impostura,
no riso mau, na inclemência,
na fúria contra os tranqüilos,
na estreita clausura física,
no desamor à verdade,
na ausência de todo o amor,
eu via, ai de mim, sentia
que o sonho era sonho, e falso".

 

Indubitavelmente o autor incita seus pares a zelar pelos valores positivos da clemência e da verdade, verdade essa que, ao sobejar em problemático conteúdo, leva-o a parafraseá-la: 

 A MÁQUINA DO MUNDO
(...) 
"O que procuraste em ti ou fora de
 teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
 olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
 essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
 se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste ... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo".

Que belas passagens, não ?! 100% poesia ! O que pensa você sobre elas ?
(JAR/HC)

Mensagem de Final de Ano: 2009-2010

Prezado(a)s Internautas,
Passado mais um ano em nossas vidas, o de 2009, não se há de dizer que foi totalmente descartável: algumas vitórias foram conseguidas pelo Brasil no cenário internacional.
No plano esportivo, nosso país sediará dois dos maiores eventos do mundo, vale dizer, a Copa da Fifa, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, num intervalo de apenas dois anos entre eles, circunstância que, salvo engano, apenas os EUA enfrentaram (Copa em 1994 e Olimpíadas em 1996).
Serão investimentos portentosos que podem catapultar definitivamente o país ao primeiro mundo, se bem implementados. Contudo, se carreados por interesses politiqueiros, a um aumento desmesurado da tributação certamente sobrevirá grave reicidiva nos gastos públicos, com o comprometimento da saúde da economia.
Nem só de vitórias, entretanto, o ano será lembrado ! O imbróglio diplomático em que o país se meteu, com a deposição do presidente Zelaya em Honduras e a sua "estadia" indesejada na embaixada brasileira em Tegucigalpa, configura um quadro de desajuste em nossas relações com países vizinhos que, antes que seja tarde, haverá de ser revisto.
Iternamente, mais uma vez a classe política brasileira deixou transparecer uma crise ética que perdura quase à eternidade. Novos casos de corrupção - dentre os quais sobressaem os escândalos envolvendo o atual governador do Distrito Federal, Arruda - evidenciam que necessitamos urgentemente revisitar as casas da justiça, da honestidade, da hombridade e do respeito mútuo ! E isso tanto mais em razão de permanecermos com uma distribuição de renda iníqua, com milhões de pessoas ainda abaixo do nível de pobreza ou de subsistência mínimo, fato que confere contornos ainda mais condenáveis ao desvio ilícito de verbas públicas.
Aguardemos os próximos anos: eles serão marcados pelas decisões que tomaremos já em 2010, ano de eleições em todo o país, oportunidade para escolhermos melhor nossos representantes à presidência e ao parlamento.


Um grande Natal e um Ano Novo venturoso para todos nós.
E que o Eterno nos conceda o dom de continuarmos vivos, para vermos o que virá !
Um grande abraço para todo(a)s.
(JAR/HC)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tangos Repatriados de Paris a Buenos Aires

Desde que assisti, ainda nos anos 80, ao premiado filme "Tangos, o exílio de Gardel", de Fernando Solanas - o qual foi rodado, em grande parte, em Paris, a narrar a inglória história dos argentinos que partiram durante os duros anos da ditadura militar -, que passei a admirar o tango.
Não há quem deixe de ficar encantado com a sua misteriosa força, seja pela teatralidade gestual dos pares, seja pelo explícito vínculo de sensualidade e incontrastável dramaticidade a emanar de um aparente duelo entre vida e morte. Tudo muito genuinamente portenho, em meio ao cenário parisiense de Buenos Aires, uma soberba cidade.
Aliás, Buenos Aires é, a meu ver, a mais bela cidade sulamericana construída pelo homem. Digo isso mesmo correndo o risco de me chamarem "eurocêntrico" ou, por ser brasileiro, não pensar, alternativamente, no Rio de Janeiro, que, para mim, tem apenas o porte natural a contornar a bela silhueta ao sul, onde as praias demarcam o melhor que a "city" pode oferecer.
Mas Buenos Aires, não ! Seus prédios mais antigos exibem uma história que imagino de muita glória e poder na primeira metade do Séc. XX, glória que, aos poucos, a cidade vem retomando, por intermédio das inúmeras intervenções urbanas que a prefeitura está a promover desde o começo dos anos 90.
Estarei equivocado ?
(JAR-HC)



SI SUPIERAS
Lyrics: Enrique Maroni & Pascual Contursi

Si supieras,
que aun dentro de mi alma,
conservo aquel cariño
que tuve para ti...
Quien sabe si supieras
que nunca te he olvidado,
volviendo a tu pasado
te acordaras de mi...

Los amigos ya no vienen
ni siquiera a visitarme,
nadie quiere consolarme
en mi afliccion...
Desde el dia que te fuiste
siento angustias en mi pecho,
deci, percanta, que has hecho
de mi pobre corazon?

Sin embargo,
yo siempre te recuerdo
con el cariño santo
que tuve para ti.
Y estas en todas partes
pedazo de mi vida,
y aquellos ojos que fueron mi alegria
los busco por todas partes
y no los puedo hallar.

Al cotorro abandonado
ya ni el sol de la mañana
asoma por la ventana
como cuando estabas vos,
y aquel perrito compañero
que por tu ausencia no comia,
al verme solo el otro dia
tambien me dejo.

sábado, 28 de novembro de 2009

Paralelos e Associações

Contemplando ainda há pouco - próximo ao micro em que me encontro agora digitando, em casa - a reprodução das "Três Graças", da obra "A Primavera", de Sandro Botticelli, tive um "insight" desconcertante, ainda que possam chamá-lo leviano: lembrei-me de uma música, dos anos 80, interpretada pela cantora Simone - então no auge -, de autoria do Chico Buarque de Holanda, intitulada "Mar e Lua", da qual, pela letra, abaixo transcrita, infere-se que diz respeito a amantes do mesmo sexo.
Então poderiam me perguntar: e isso, o que tem a ver com a pintura de Botticelli ? Começa que são três graças e não apenas duas (seria um "ménage à trois" ?...) ! De mais a mais, a explícita alegoria de Botticelli se reporta ao estado encantatório do auge da primavera, com suas flores contrastantes com as sobras de neve ainda pendentes, a atmosfera do amor a tornar fecunda a natureza dual dos viventes.
Meu contra-argumento seria apenas o de que o leviano também pode ter um certo parentesco com a verdade  (ou não !, como lembraria o Caetano Veloso (rs)) !
(JAR/HC) 





MAR E LUA
(Chico Buarque de Holanda)
 

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar


Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar


Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar


E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepio
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar


E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Rolando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar


E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Buraco !

Esse é curioso !
Para onde elas foram ... ora "bolas" ?


A Unidade das Diferenças

ALÉM DOS MUROS


Sou todas as pessoas de sucesso que não pude ser,
O assombroso em mim, de tão simples e sereno.
Mas só, percorrendo as estepes destas cercanias,
Num vaticínio de homem-lobo que me abraça desde o berço.

Contudo, não sou um homem-lobo, senão tão-somente um homem,
A prodigalizar o silêncio nas comportas das emoções sem fim:
Cúmplice de mim mesmo, dúplice para me entender tão franco;
Hóspede para abrigar a torrente dos lídimos sentimentos humanos.

Sou a obstinada pupila a preservar, como num giroscópio,
O contorno indelével das palavras e das criações concretas ...
Que num esforço posso compelir o meu coração a retê-las,
Para cimentar um nobre universo, de paixão e de viés imortal.

Mas não sou nada disso, já que sendo complexo sou apenas um.
Tenho forma humana e, por isso, ouvidos e olhos atentos,
Para percorrer a terra até as muralhas que dividem as cidades,
E fazer ver que, em todas as diferenças, há o universo unido pelo amor.

(JAR-HC)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobre a Calçada

BRILHO ETERNO



Sob o manto azul que recrudesce nas nuvens vigilantes,
a dissipar os fachos da luz natural,
o que pretende a flor-da-terra
quando emerge de solo inóspito ?

Brilha, refulge, vive por si,
a esperar pela visita ocular das almas atentas
e só por isso espera ...

Retém a beleza para expô-la
em um tempo finito ...

Eternamente.

(JAR-HC)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Brasileirão 2009 - Fim da 36ª Rodada

Com o término da 36ª rodada do Brasileirão 2009, apenas uma coisa é certa: como afirmamos anteriormente, o campeão se conhecerá na próxima 37ª, pois quem chegar em primeiro, ao seu final, dificilmente deixará o título escapar na última rodada.
Aliás, esta rodada que ora comento teve o condão de renascer as esperanças de título de dois outros times, que já estavam meio esmaecidas - Internacional e Palmeiras -, com mais chances para o primeiro, haja vista as limitações de seus dois próximos adversários, quais sejam, Sport - já rebaixado à Segundona - e Santo André - quase lá.
Certamente, ninguém poderia prever a derrota do São Paulo para um Botafogo irregular, além do empate do Flamengo com um já desinteressado Goiás.
Como o São Paulo jogará bastante desfalcado contra o mesmo Goiás e o Flamengo enfrentará o Corinthians, outra incógnita, é bem possível que o Internacional assuma a ponta na próxima rodada.
Nada certo, entretanto ! Talvez haja mais malas voadoras transitando pelo território pátrio neste momento.
Vejam as previsões, sejam as probabilísticas sejam as decorrentes das médias alcançadas por cada time até aqui, dentro e fora de casa, e das partidas restantes:





sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Clã das Malas Voadoras

Parodiando o título cinematográfico "O Clã das Adagas Voadoras", o circo do Brasileirão 2009 pegou fogo, com a pretensão insana de um órgão que se institula "justiça desportiva", o denominado STJD, fazendo de tudo ao seu alcance para, explicitamente, favorecer o Flamengo na busca do campeonato.
Trocar o local do jogo do São Paulo contra o Sport - quando caso semelhante ocorreu com o Atlético-MG, sem que houvesse punição ao time das Alterosas, sob o argumento de que o invasor do campo era "doente mental" -; o do Corinthians contra o próprio Flamengo, para Campinas - quando os jogos de Palmeiras e Corinthians dar-se-iam em locais diferentes e mais ou menos distantes na capital paulista -, sob o argumento de que os torcedores paulistas poderiam brigar entre si, quando brigas podem ocorrer em qualquer lugar da cidade; e punir com três jogos de suspensão Jean, Dagoberto e Borges, quando todos vimos que os dois primeiros não cometeram ilícitos tão graves para merecer tanto; tais foram os contributos do mencionado órgão desportivo que, a despeito de dizer-se nacional, somente favorece, com suas decisões, os times da praça do Rio.
Quem não se lembra do escândalo das atribuições de pontos ao Botafogo, em 99, quando terceiros se sentiram prejudicados com os julgamentos nada imparciais da turma do STJD e foram às últimas consequências para se manterem na Primeirona ? Resultado: a coirmã CBF teve que "inventar" a "Copa João Havelange" para contemporizar os insatisfeitos, o Gama do DF entre eles.
Mas se V.Exas. pensam que os desfavores em relação ao São Paulo param por aí, esperem pelo que ocorrerá, nos próximos dias, em relação aos jogadores André Dias e Hugo: pegarão pelo menos mais uma partida de suspensão também, por haverem discutido em campo no jogo contra o Vitória.
Falemos seriamente agora: não bastassem os escândalos envolvendo o Flamengo, em torneios locais cariocas nos últimos três anos, será que o futebol brasileiro merece a extrapolação dessas vergonhas para o cenário nacional ?
Afirmo, em meus quase quarenta anos tendo contato com a arte do ludopédio, que esta é a quarta maior "armação" perpetrada extracampo nestas paragens: (1) a mudança da final Cruzeiro e Vasco da Gama, para o Rio de Janeiro, mesmo sendo o Cruzeiro o time de melhor campanha no campeonato de 1974, com o beneplácito do vascaíno Heleno Nunes para, por baixo dos panos, engendrar a primeira grande vergonha nacional; (2) a ação do árbitro José Roberto Wright, que numa tacada espetacular, "resolveu" a seu modo a semifinal da Libertadores Atlético-MG x Flamengo, na primeira metade dos anos 80, num escândalo nunca jamais equiparado em tempo algum, o qual não defere ao atual comentarista de arbitragens da Rede Globo qualquer credibilidade moral às suas próprias observações; (3) a vitória escandalosa do Corinthians, em 2005, quando apenas os seus jogos foram anulados no curso do escândalo das arbitragens envolvendo Edílson Pereira de Carvalho, favorecimento esse reconhecido por um dos principais representantes do time alvinegro, ou seja, Dualib; e (4) este escândalo ora mencionado, mais uma vez envolvendo o time rubronegro !
O pior é que, por meras ilações que decorrem de depoimentos de dirigentes esportivos do São Paulo, parece que a coisa não parará por aí: aproveitando-se das recentes humilhações pelas quais passou o Botafogo, nos últimos três certames cariocas - quando, indiscutivelmente, foi prejudicado por arbitragens tendenciosas contra o mesmo Flamengo, para se dizer o mínimo -, representantes do clube paulista dizem estar confiantes quanto à conquista do título, o que parece declarar, de modo subreptício, que outras tantas "malas voadoras" flutuam neste momento em sentido contrário às da dupla "STJD/Flamengo", tornando imprevisível o que ocorrerá neste próximo final de semana. Aguardemos !
Quem viver, verá !
(JAR/HC)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

35ª Rodada do Brasileirão - Projeções para o Final

Com o término da 35ª rodada do Brasileirão 2009, a nova projeção para o fim, considerando as médias obtidas por cada time até aqui, jogando em casa e fora, além dos jogos restantes, passou a ser a seguinte:

 
Apesar disso, não se pode projetar com convicção quem será o campeão, pois as chances probabilísticas para São Paulo e Flamengo encontram-se muito próximas e, claro, são mutuamente excludentes, do que resulta se um deles vacilar o outro necessariamente vencerá o torneio. Vejam a tabela abaixo:



Quem ousaria apostar em que vencerá o campeonato de 2009 ? No momento, qualquer palpite é temerário !
(JAR-HC)

sábado, 14 de novembro de 2009

Quebra-Cabeça Nº 1

Se Pelé e Zico valem R$10,00 cada um, Romário e Ronaldo R$15,00, quanto valeria Fred, o atual centroavante do Fluminense ?
(Veja a resposta em baixo da fotografia do jogador)

Resp.: Fred valeria R$5,00, em um jogo no qual cada sílaba a compor o nome dos jogadores valeria os mesmos R$5,00.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

As Aventuras de um Gato

Por que será que ele respondeu de modo tão pronto e característico ? 
O que andou aprontando esse bichano ?
Algo tão grave que mereça levar chumbo ?
 

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Emma Bovary x Anna Karenina - Algo em Comum ?


A história de Emma Bovary pode não ser venturosa – e, claro, sequer consegue ocultar o nexo moral subjacente –, mas ainda assim, em seu vaticínio tresloucado, está permeada de sentimentos humanos em estado puro, o que a submete ao escrutínio silente do leitor, o melhor julgador entre todos os que conhecem as peripécias de Emma.
Ordenado em torno das sempre mais insinuantes ações da esposa de Bovary – um médico por demais complacente e truão, que a verossimilhança de sua existência poderia ser colocada à prova –, a obra converge, de modo implacável, para o seu fim trágico e determinístico, de sorte que, não fosse a estilística explícita e reconhecidamente realista de seu texto, poder-se-ia qualificá-la como espreitando, por exemplo, as tendências naturalistas de um Zola.
Emma, insatisfeita com a vida tacanha que leva junto ao marido no universo provinciano do interior da França, passa a sonhar platonicamente com outros amores e, pouco depois, não mais se satisfaz com tais prazeres meramente metafísicos, senão que suas aventuras se materializam, primeiramente com Rodolphe, um contumaz sedutor, posteriormente com León, ainda um estudante universitário em Rouen.
Nessa toada, vem a comprometer o patrimônio da família por meio da assunção de obrigações cambiárias, que, mais tarde, levariam o casal à suprema humilhação de ver seus bens executados em hasta pública, para saldar as dívidas contraídas pela dissoluta senhora.
Pouco antes, Emma buscando salvar as aparências, procura por Rodolphe e León para que lhe ajudassem financeiramente, tendo ainda recebido de um outro pretendente a petulante proposta de "troca de favores", mas tudo em vão, o que a levou a suicidar-se com arsênico.
Mostra-se tão semelhante o fim trágico de Emma Bovary com a morte sob os trilhos de Anna Karenina, personagem do clássico homônimo de Tolstoi, que ilações outras não se poderiam adotar que não fossem as atinentes ao tom moralista de ambas as obras, a conduzir suas heroínas à morte, pela pretensão insana de romperem as relações conjugais, tornando os esposos alvo de considerações depreciativas.
É tão onipresente a comparação entre as mencionadas personagens, que nem mesmo o crítico norteamericano Harold Bloom dela escapou:
"A auto-imolação de Emma estabelece estranho contraste com a de Anna Karenina, de Tolstoi. O moralismo apocalíptico de Tolstoi causa a destruição de Anna, mas a sua morte nos causa uma sensação de alívio trágico; o seu sofrimento é grande demais para continuar existindo. Comparado ao de Anna, o sofrimento de Emma é banal, mas Emma é hedonista demais para suportá-lo. A morte de Emma carece de grandiosidade, mas o fato muito nos comove, porque tamanha perda de vitalidade sexual representa a derrota do sentido bíblico da noção de Benção, isto é, mais vida. A morte de Emma significa menos vida, menos possibilidade de prazer natural, menos de nós mesmos, nos dias que ainda nos restam" (Gênio; Ed. Objetiva; 2003; p. 674-675).
À parte a conotação de grandiosidade ou pequenez do sofrimento das heroínas, Bloom não é convincente sobre a pretensão de que tudo não se acabe logo e os leitores se aliviem do sentimento trágico de Emma, tal como no caso de Anna: neste ponto, ambas as obras se equivalem e o vaticínio a que nos reportamos mais acima acaba por sustentar a tese de valoração moral que as lastreia.

(Harold Bloom, à esquerda, e George Steiner, à direita)
Mais convincente, George Steiner afirma que Tolstoi, em sua obra-prima, condenou a sociedade que persegue Anna até a morte, invocando, ao mesmo tempo, as punições inexoráveis da lei moral. Neste último caso, tonrou-se famosa a epígrage paulina que emprega: "A vingança é minha, e eu a executarei". Nada tão distante de Flaubert, que, no entanto, "distancia-se da tela e pinta à distância de um braço, com maldade fria". Steiner sintetiza:
"Os dois romances são obras-primas do seu gênero. Zola considerava 'Madame Bovary' a consumação do realismo, a obra máxima de gênio numa tradição que remetia aos realistas do século XVIII e a Balzac. Romain Rolland o considerava o único romance francês passível de se comparar a Tolstoi 'devido ao seu poder de transmitir vida, e a totalidade da vida'. Entretanto, as duas realizações não se igualam de maneira alguma; 'Anna Karenina' é indubitavelmente maior, maior em escopo, em humanidade, em realização técnica. A similaridade de certos temas apenas reforça nossa percepção de magnitudes distintas" (Tolstoi ou Dostoiévski; Ed. Perspectiva; 2006; p. 35, 43 e 48).
Nada obstante, tal como Bloom, Steiner não responde à pergunta que remanesce ao término da leitura de "Madame Bovary": por que Emma tem que morrer ao final ? Se há suficiente maldade em Flaubert, maior não seria se deixasse Emma a sofrer as humilhações em vida ? Ou a morte não quereria significar que os casos da espécie têm que ser purgados pelo limite incontornável da existência ?
(JAR/HC)

domingo, 8 de novembro de 2009

Fim da 34ª Rodada - Brasileirão 2009

Indiscutivelmente – embora nem tanto pelo nível técnico do futebol praticado –, o Campeonato Brasileiro da Série A deste ano está sendo o mais disputado entre todos os de pontos corridos até aqui, mormente pelos times que ora buscam a liderança, a qual, em última instância, leva à própria conquista do título.
Com as vitórias da dupla carioca Flamengo e Fluminense contra, respectivamente, Atlético-MG e Palmeiras, outros dois postulantes ao título, a distância entre o agora líder São Paulo e o próprio Atlético-MG, quarto colocado, é de apenas três pontos, diferença que, plausivelmente, pode ser retirada em apenas uma rodada.
Analisando, entretanto, as partidas que cada um dos quatro primeiros ainda têm pela frente, julgo que a disputa ficará mesmo restrita a São Paulo e Flamengo. E mais: o "campeão" matemático somente deverá ser conhecido na 38ª e última rodada. Todavia, ele mostrará a sua cara já na rodada anterior, a 37ª, uma vez que a derradeira será apenas para ratificar o que ocorrer na anterior, dado que São Paulo e Flamengo terão jogos fáceis, em casa, contra equipes que já a nada mais aspiram neste certame, ou seja, Sport e Grêmio, respectivamente.
Olhando friamente os números de São Paulo e Flamengo, a se considerar um horizonte histórico de jogos mais alargado, por exemplo, de 15 rodadas ou mais, o mais habilitado a vencer o torneio é o time paulista. Considerados horizontes menores que tais 15 rodadas, aí sim o time carioca é o mais habilitado.
Hoje, alguns 'sites' que calculam as chances probabilísticas de cada time, fornecem números para o São Paulo quase duas vezes superiores aos do Flamengo. Veja aquiaquiaqui.
Nada obstante, observa-se pela classificação, que qualquer vitória do Flamengo, com empate do São Paulo, nas próximas rodadas, colocará o time carioca na liderança, por maior número de vitórias.


Na parte de baixo da tabela, parece-nos que apenas o Sport já jogou a toalha: ainda que ganhe as suas quatro últimas partidas, chegará no máximo a 42 pontos, total que, pelas simulações, não o livrará do rebaixamento à Série B no ano que vem.


Os números que apresento, abaixo, relacionam-se à nova projeção final a considerar as médias de cada time, dentro e fora de casa, além das partidas a serem jogadas até a 38ª rodada:


Mas tudo isso são hipóteses meramente matemáticas. E onde fica o futebol bem jogado, propriamente dito ? Bem ... isso anda meio esquecido por estas plagas já há algum tempo ! (JAR/HC)

sábado, 7 de novembro de 2009

Destruição no Sul do Pará

A se confirmarem as investigações acerca da autoria dos fatos, tem-se muito que deplorar as ações promovidas por líderes e/ou participantes do movimento sem terra (MST) nas Fazendas Maria Bonita e Rio Vermelho, na região sul do Estado do Pará, mais propriamente nos municípios de Xinguara e Sapucaia. Segundo consta, a fazenda Maria Bonita é administrada pela Agropecuária Santa Bárbara, ligada ao banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity.
A destruição de moradias, currais e outras serventias teria sido o resultado da truculência de cerca de cinquenta a cem homens que, utilizando tratores e maquinários pertecentes às próprias fazendas, expulsaram os colonos e depredaram as suas instalações.
Que aquelas áreas incluem-se entre as menos pacificadas no que concerne ao conflito distributivo agrário, há muito já se sabe. Mas a ação de verdadeiros vândalos, destruindo propriedades de terceiros, na forma em que se deu, não pode ser presenciada passivamente pela sociedade e pelas forças do próprio Estado.
A inação deste último poderá ser entendida como conivência ou compactuação com os atos repulsivos ora perpretados, os quais mais se parecem com as descrições hobbesianas da luta de todos contra todos, vale dizer, do homem enquanto lobo do homem.
Imaginemos se os donos das fazendas resolvessem lançar mão do instituto jurídico do "desforço imediato" e viessem a promover derramamento de sangue similar ao ocorrido em Eldorado dos Carajás (obviamente resguardadas as óbvias distinções fáticas entre os dois eventos ! ) ? O que diriam a Anistia Internacional e as entidades defensoras dos direitos dos menos aquinhoados ?
O que adianta o Judiciário determinar a reintegração de posse das terras invadidas pelo MST, se ela se mostra, como no presente caso, intempestiva ? E a pergunta final que não quer calar: quem será responsabilizado civilmente pelos atos ilícitos praticados ?
(JAR/HC)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

33ª Rodada do Brasileirão - O Que Ocorrerá nos Dias 7 e 8 de Novembro ?

Muitas são as especulações sobre os possíveis resultados em jogos determinantes da 33ª rodada, neste final de semana (7 e 8 de novembro), a completar o que, na quarta-feira, iniciou-se com a partida Grêmio 1 x 1 São Paulo.
Com efeito, o primeiro deles, na parte de cima da tabela, põe em confronto Fluminense e Palmeiras, no Rio de Janeiro, num jogo que, a meu ver, apresenta grande risco para o time alviverde, pois o elenco das Laranjeiras vem conseguindo resultados surpreendentes em seus mais recentes cotejos, um dos quais ontem à noite, contra o Universidad de Chile, oportunidade em que levou de vencida a equipe chilena, por 1 x 0, gol de Fred, classificando-se para as semifinais da Sulamericana.
Enquanto o Fluminense apresenta, hoje, o segundo pior aproveitamento em casa − apenas melhor que o do Botafogo −, com 45,83% dos pontos, o Palmeiras sustenta o terceiro melhor fora de casa, com os mesmos 45,83%. Assim, por simples evidenciação numérica, a mais judiciosa previsão para a peleja seria um empate.
No outro jogo com equipes do denominado G4, o Atlético-MG recebe, nas Alterosas, o Flamengo do Rio de Janeiro. De modo similar, o Galo tem aproveitamento de 66,67% dos pontos em casa, enquanto o Rubronegro 35,42% fora. Isso explica, em grande medida, as razões pelas quais a maioria dos comentaristas esportivos vem palpitando pela vitória do time de Belo Horizonte.
Outra forma de abordar a questão seria a seguinte: (i) Atlético-MG x Flamengo - jogo das equivalências entre ataques e defesas com números semelhantes; (ii) Fluminense x Palmeiras - jogo dos contrastes entre ataques e defesas em posições distintas, pois o time paulista tem os dois setores mencionados entre os melhores, enquanto o time carioca tem ambos entre os piores.
Quanto às impressões extranuméricas deste comentador, posso afirmar que quaisquer resultados nos dois jogos sob análise serão absolutamente normais. Não em razão do futebol que vêm apresentando os visitantes − Flamengo e Palmeiras, em suas partidas recentes, oscilaram bastante, inclusive dentro do mesmo jogo, configurando um quadro de confiabilidade limitada −, mas, e sobretudo, pelo fato de que não há equipes muito superiores a outras, como a própria alternância de posições, ao longo de todo o certame, o vem demonstrando.
Vejamos. Um abração. (JAR/HC)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Beleza Natural de Anna Netrebko

Para quem gosta de música clássica, escutar e ver a soprano russa Anna Netrebko é um prazer sem limites. Ela que pertence ao círculo da não menos bela São Petersburgo, cidade que, um dia, pretendo conhecer ...
Anna me faz lembrar dos prazeres da infância, como se a vida transcorresse lentamente por caminhos floridos e, a cada passo, abri-se-nos amplas vias de acesso à liberdade de escolha: "Ricerco un bene fuori di me, non so chi'l tiene, non so cos'è".
Será que existe uma conjunção mais feliz de beleza, liberdade de espírito e plenitude do que a música de Mozart ? Será que o belo rosto de Anna não retém a essência dessa natureza eternal, ainda que se expresse pelos limites dessa mesma natureza ? Por que será que procura, como Cherubino, um bem fora de si ? Ela se basta pelos próprios atributos !

P.s.: Aceitando a sugestão do comentário anexo, posto aqui uma apresentação da cantora. Vejam:


(H.C./J.A.R.)

domingo, 1 de novembro de 2009

Brasileirão 2009 - Projeção Para o Final Depois da 33ª Rodada

Finda a 33ª rodada - com a surpreendente vitória do Fluminense sobre o Cruzeiro por 3 x 2, na capital das Alterosas -, os novos números projetados para o final do campeonato, empregando-se o aproveitamento médio de cada time, dentro e fora de casa, assim como a tabela de jogos, são os seguintes:




Obviamente que, ao se analisar detidamente as próximas partidas para os times que ora se encontram no G4, observa-se que o Atlético-MG tem os jogos mais difíceis, pois enfrentará ainda o Flamengo (casa), o Internacional (casa) e o Palmeiras (fora). Por outro lado, dos cinco jogos restantes, joga três em casa e dois fora. Quanto aos demais - São Paulo, Palmeiras e Flamengo -, enfrentam seus adversários duas vezes em casa e três fora.
A tabela abaixo apresenta as probabilidades calculadas por três "sites" especializados no assunto, no que pertine às chances de cada time chegar ao título:



O que você acha que vai ocorrer até o final do certame ? Deixe a sua opinião.

sábado, 31 de outubro de 2009

O onírico, o metafísico e o poético em Fernando Pessoa

Em face da minha ascendência lusitana, sinto-me suficientemente suspeito para falar de Fernando Pessoa. Contudo, isso não me impede de admirar o caráter multifacetado de sua poesia - criação de uma mente multiforme, heteronímica, até mesmo ambivalente. Alguns de seus poemas parecem apoiar sentimentos reflexos já assentes, por exemplo, numa canção que foi sucesso de Milton Nascimento e Tunai, nos anos 80: "Certas canções que ouço / cabem tão dentro de mim / que perguntar carece / como não fui eu que (as) fiz ?" ...! Parodio a dupla mineira então: como não criei a poesia abaixo, se nela encontro autoidentificação ? (JAR/HC).


Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma.