Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 31 de março de 2017

Gary Snyder - Molhe

Neste poema com título a significar “enrocamento” ou “quebra-mar”, Snyder leva-nos a um estado em que as palavras têm a substância e o peso das rochas, ou seja, a solidez ou a rigidez das coisas que dão concretude ao mundo.

Mas não se entenda que o poeta somente vê o mundo a partir daquilo que exibe constância. Afinal, ele reconhece que o universo tem a heraclitiana mudança como o seu princípio maior, e os seres humanos são obrigados a alterar os seus pontos de vista para manterem a saúde de seu estado mental.

J.A.R. – H.C.

Gary Snyder
(n. 1930)

Riprap

Lay down these words
Before your mind like rocks
placed solid, by hands.
In choice of place, set
Before the body of the mind
in space and time:
Solidity of bark, leaf, or wall
riprap of things:
Cobble of milky way,
straying planets,
These poems, people,
lost ponies with
Dragging saddles –
and rocky sure-foot trails.
The worlds like an endless
four-dimensional
Game of Go.
ants and pebbles
In the thin loam, each rock a word
a creek-washed stone
Granite: ingrained
with torment of fire and weight
Crystal and sediment linked hot
all change, in thoughts,
As well as things.

Pescadores em um quebra-mar diante
de um farol com barcos que se dirigem
às áreas de pesca
 (Thomas Sewell Robins: pintor britânico)

Molhe

Pousa estas palavras
Diante da tua mente como sólidas
rochas justapostas pelas mãos.
Na escolha do lugar, acomoda
Ante o corpo da mente
no espaço e no tempo:
Solidez de casca, folha ou muro
molhe de coisas:
Calçamento da via láctea,
planetas errantes,
Estes poemas, pessoas,
pôneis perdidos com
Selas a arrastar –
e seguras trilhas rochosas.
Os mundos como um interminável
e tetradimensional
Jogo de Go,
formigas e seixos
Na marga fina, cada rocha uma palavra,
uma pedra lavada no córrego.
Granito: lavrado
ao tormento do fogo, e o peso
Do cristal e do sedimento selados ao calor:
tudo isto muda, em pensamentos,
Assim como mudam as coisas.

Nota:

Jogo de Go – Trata-se de um milenar jogo de tabuleiro, originário da China.

Referência:

SNYDER, Gary. Riprap. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 360.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Wallace Stevens - O Céu Concebido Como um Túmulo

Stevens reflete sobre o outro lado da morte, de uma forma nada venturosa, antes cético, eis que supõe que os funerais que ocorrem a cada dia cruzam portais que não levam a nada, num cenário noturno, frio e abissal.

No fundo, o poeta confronta-nos com os mitos que criamos, ao afirmarmos que quando alguém falece sua alma migra ao firmamento: para ele, tal encenação configura mera passagem dessa “velha comédia”, na qual os esperançosos procuram ardentemente, com lanternas erguidas, a libertação da morte!

J.A.R. – H.C.

Wallace Stevens
(1879-1955)

Of Heaven Considered As a Tomb

What word have you, interpreters, of men
Who in the tomb of heaven walk by night,
The darkened ghosts of our old comedy?
Do they believe they range the gusty cold,
With lanterns borne aloft to light the way,
Freemen of death, about and still about
To find whatever it is they seek? Or does
That burial, pillared up each day as porte
And spiritous passage into nothingness,
Foretell each night the one abysmal night,
When the host shall no more wander, nor the light
Of the steadfast lanterns creep across the dark?
Make hue among the dark comedians,
Halloo them in the topmost distances
For answer from their icy Élysée.

Cidade de Luz
(Leonard Aitken: pintor australiano)

O Céu Concebido Como um Túmulo

Que me dizeis, intérpretes, dos que
No túmulo do céu andam à noite,
Fantasmas negros da comédia finda?
Creem, talvez, que vagarão pra sempre
No frio, no escuro, com lanternas altas,
Libertos da morte, a buscar sem trégua
O que quer que busquem? Ou a lembrança
Do enterro, portão da espiritual
Chegada ao nada, é antevisão diária
Daquela noite única e abissal
Em que as hostes não mais caminharão,
Nem mais lanternas riscarão a treva?
Gritai essa pergunta aos céus, que a ouçam
Os sombrios comediantes, e a respondam
Do seu longínquo e gélido Élysée.

Referências:

Em Inglês

STEVENS, Wallace. Of heaven considered as a tomb. In: __________. The collected poems.11th printing. New York, NY: Alfred A. Knopf Inc., feb.1971. p. 56.

Em Português

STEVENS, Wallace. O céu concebido como um túmulo. Tradução de Paulo Henriques Britto. Disponível neste endereço. Acesso em: 23 mar. 2017.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Murilo Mendes - Poema Dialético

A mesclar certos elementos do imaginário católico com abstrações concernentes ao binômio espaço x tempo, Mendes eleva a sua poesia a um plano espiritual, metafísico, diligenciando no sentido de assim torná-la suficientemente sugestiva ao seu público leitor.

Busca ele tornar o fenômeno cotidiano, constante, permanente, eterno e universal, neste caso, porque entende que o germe da poesia existe em todo homem. Nele mesmo esse germe se converteu em livros sem conta, como se quisesse fazer as palavras transporem os limites do tempo e da eternidade...

J.A.R. – H.C.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Poema Dialético

1

Todas as coisas ainda se encontram em esboço,
Tudo vive em transformação:
Mas o universo marcha
Para a arquitetura perfeita.

Retiremos das árvores profanas
A vasta lira antiga:
Sua secreta música
Pertence ao ouvido e ao coração de todos.
Cada novo poeta que nasce
Acrescenta-lhe uma corda.

2

Uma vida iniciada há mil anos atrás
Pode ter seu complemento e plenitude
Numa outra vida que floresce agora.

Nada poderá se interromper
Sem quebrar a unidade do mundo.

Um germe foi criado no princípio
Para que se desdobre em planos múltiplos.
Nossos suspiros, nossos anseios, nossas dores
São gravados no campo do infinito
Pelo espírito sereníssimo que preside às gerações.

3

A muitos só lhes resta o inferno.
Que lhes coube na monstruosa partilha da vida
Senão um desespero sem nobreza, e a peste da alma.
Nunca ouviram a música nascer do farfalhar das árvores,
Nem assistiram à contínua anunciação
E ao contínuo parto das belas formas.
Nunca puderam ver a noite chegar sem elementos de terror.
Caminham conduzindo o castigo e a sombra de seus atos,
Comeram o pó e beberam o próprio suor.
Não se banharam no regato livre.

Entretanto, a transfiguração precede a morte.
Cada um deve assumi-la em carne e espírito
Para que a alegria seja completa e definitiva.

4

É necessário conhecer seu próprio abismo
E polir sempre o candelabro que o esclarece.

Tudo no universo marcha, e marcha para esperar:
Nossa existência é uma vasta expectação
Onde se tocam o princípio e o fim.
A terra terá que ser retalhada entre todos
E restituída em tempo à sua antiga harmonia.
Tudo marcha para a arquitetura perfeita:
A aurora é coletiva.

De: “Poesia Liberdade” (1947)

Aurora Boreal
(Michael Creese: pintor norte-americano)

Referência:

MENDES, Murilo. Poema dialético. In: TORRES, Alexandre Pinheiro (Seleção, Introdução e Notas). Antologia da poesia brasileira: os modernistas. v. III. Porto, PT: Livraria Chardron de Lello & Irmão Editores, 1984. p. 730-731.

terça-feira, 28 de março de 2017

Claudio Daniel - Zauberbuch

O poeta, tradutor e ensaísta paulistano, cujo nome verdadeiro é Claudio Alexandre de Barros Teixeira, prestigia as alusões de Borges aos labirintos das bibliotecas e, muito especificamente, à sua obra “O Livro dos Seres Imaginários”, publicada originalmente em 1957.

O texto de Daniel, como que a ratificar as teses de Bloom sobre a influência dos antecedentes sobre os escritores contemporâneos, é pura intertextualidade, presente até mesmo no título do poema: livro de feitiços ou de magias.

J.A.R. – H.C.

Claudio Daniel
(n. 1962)

Zauberbuch

A Jorge Luis Borges

Todos
os livros
– os Sutras, o Corão,
os Vedas, o Zohar –
são enigmas:
jardins verticais,
rios insubmissos,
listras de mármore possesso;
todas as páginas
– em lâminas de argila,
pele de carneiro,
folhas de papiro
ou rubro ouro esculpido –
são impossíveis,
viscerais,
areia alucinada.
Os livros, Borges,
inventam os leitores
e os nomes
de vales, savanas, estepes
e de amplas avenidas
que ignoramos;
vivemos
essa efêmera realidade
para lermos
suas secretas linhas,
e assim
nossos filhos e netos.
Um dia, porém, os livros
– últimos demiurgos –
desaparecerão,
como o grifo (2) e o licorne (3)
e ler será apenas lenda.

1993

Em: “Yumê” (1999)

A Ponte do Tempo
(Alireza Darvish: artista iraniano)

Notas:

(1) Zauberbuch – Palavra alemã cujo significado é “Livro dos Feitiços”;
(2) Grifo – Criatura lendária com cabeça e asas de águia e corpo de leão;
(3) Licorne – Outra figura lendária; o mesmo que unicórnio ou licórnio.

Referência:

DANIEL, Claudio. Zauberbuch. In: ASCHER, Nelson et al. Poetas na biblioteca: antologia. São Paulo, SP: Fundação Memorial da América Latina, 2001. p. 72-73.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Charles Simic - Meus Sapatos

Simic, nascido em Belgrado (atual Sérvia) e naturalizado norte-americano, faz a apologia da simplicidade, metaforizada na figura trivial de um par de sapatos, cujos adjetivos falam muito de sua história: secretos, desdentados, decompostos, humildes, maternais, pacientes e por aí vai...

O autor afirma que tudo aquilo que lhe aconteceu em vida, até aqui, está sumarizado no estado em que se encontram os sapatos que vão em seus pés, os quais resistem às provas a que ele os submete: seus velhos sapatos conformam a única verdade que se assemelha ao próprio poeta.

J.A.R. – H.C.

Charles Simic
(n. 1938)

My Shoes

Shoes, secret face of my inner life:
Two gaping toothless mouths,
Two partly decomposed animal skins
Smelling of mice nests.

My brother and sister who died at birth
Continuing their existence in you,
Guiding my life
Toward their incomprehensible innocence.

What use are books to me
When in you it is possible to read
The Gospel of my life on earth
And still beyond, of things to come?

I want to proclaim the religion
I have devised for your perfect humility
And the strange church I am building
With you as the altar.

Ascetic and maternal, you endure:
Kin to oxen, to Saints, to condemned men,
With your mute patience, forming
The only true likeness of myself.

Sapatos
(Vincent van Gogh: pintor holandês)

Meus Sapatos

Sapatos, rosto secreto de minha vida interior:
Duas bocas desdentadas e escancaradas,
Duas peles de animal parcialmente decompostas
Cheirando a ninhos de ratos.

Meus irmão e irmã que morreram ao nascer
Continuam a existir em vós,
Guiando minha vida
Até a sua incompreensível existência.

De que me servem os livros
Quando em vós é possível ler
O Evangelho de minha vida na terra
E mais além, das coisas ainda por vir?

Quero proclamar a religião
Que idealizei para a vossa perfeita humildade,
E a estranha igreja que estou construindo
Da qual sois o altar.

Ascéticos e maternais, vós resistis:
Tal como os bois, os santos, os homens condenados,
Com vossa muda paciência, dais forma
À única verdade que se assemelha a mim mesmo.

Referência:

SIMIC, Charles. My shoes. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 432.

domingo, 26 de março de 2017

Allen Ginsberg - Meu Triste Eu

Neste poema em que Ginsberg se sente “massacrado” pela visão imponente de Manhattan, lá pelos fins da década de 50 do século passado, tem-se um vislumbre mais humano dessa presença sempre rebelde da denominada “Geração Beat” norte-americana.

Mesmo quando descreve o cenário de Nova York a partir do topo do prédio da RCA, o poeta, de fato, atém-se bem mais ao que se passa em seu interno – melancolia, saudades e memórias –, e desse modo tangencia a sempre recorrente ideia de que as grandes cidades, apesar de apinhadas de pessoas, fomentam um onipresente estado de solidão e alheamento.

J.A.R. – H.C.

Allen Ginsberg
(1926-1997)

My Sad Self

To Frank O’Hara (*)

Sometimes when my eyes are red
I go up on top of the RCA Building
and gaze at my world, Manhattan –
my buildings, streets I’ve done feats in,
lofts, beds, coldwater flats
– on Fifth Ave below which I also bear in mind,
its ant cars, little yellow taxis, men
walking the size of specks of wool –
Panorama of the bridges, sunrise over Brooklyn machine,
sun go down over New Jersey where I was born
& Paterson where I played with ants –
my later loves on 15th Street,
my greater loves of Lower East Side,
my once fabulous amours in the Bronx
faraway –
paths crossing in these hidden streets,
my history summed up, my absences
and ecstasies in Harlem –
– sun shining down on all I own
in one eyeblink to the horizon
in my last eternity –
matter is water.

Sad,
I take the elevator and go
down, pondering,
and walk on the pavements staring into all man’s
plateglass, faces,
questioning after who loves,
and stop, bemused
in front of an automobile shopwindow
standing lost in calm thought,
traffic moving up & down 5th Avenue blocks behind me
waiting for a moment when...

Time to go home & cook supper & listen to
the romantic war news on the radio
...all movement stops
& I walk in the timeless sadness of existence,
tenderness flowing thru the buildings,
my fingertips touching reality’s face,
my own face streaked with tears in the mirror
of some window – at dusk –
where I have no desire –
for bonbons – or to own the dresses or Japanese
lampshades of intellection –
Confused by the spectacle around me,
Man struggling up the street
with packages, newspapers,
ties, beautiful suits
toward his desire
Man, woman, streaming over the pavements
red lights clocking hurried watches
movements at the curb –

And all these streets leading
so crosswise, honking, lengthily,
by avenues
stalked by high buildings or crusted into slums
thru such halting traffic
screaming cars and engines
so painfully to this
countryside, this graveyard
this stillness
on deathbed or mountain
once seen
never regained or desired
in the mind to come
where all Manhattan that I’ve seen must disappear.

New York, October 1958

Montanhas de Manhattan
(Colin Campbell Cooper: pintor norte-americano)

Meu Triste Eu

Para Frank O’Hara

Às vezes quando meus tristes olhos estão vermelhos
subo ao topo do prédio da RCA
e contemplo meu mundo, Manhattan –
meu prédio, ruas onde pratiquei façanhas,
coberturas de prédios, camas, apartamentos
sem água quente
– na Quinta Avenida embaixo que também está presente em
minha mente,
seus carros-formiga, pequenos táxis amarelos, homens
que caminham do tamanho de fiapos de lã
Panorama das pontes, nascer do sol sobre a máquina
do Brooklyn,
pôr do sol sobre Nova Jersey onde nasci
& Paterson onde brinquei com formigas –
meus amores mais tarde na 15ª Rua,
meus amores no Baixo East Side,
meus fabulosos amores de outrora no Bronx
distante –
caminhos cruzados nessas ruas escondidas,
minha história recapitulada, minhas ausências
e êxtases no Harlem
– o sol brilhando sobre tudo o que tenho
num pestanejar para o horizonte
na minha última eternidade –
a matéria é água.

Triste,
tomo o elevador e vou
para baixo, pensativo
e caminho pelas calçadas olhando as vidraças
dos homens, os rostos,
querendo saber quem ama
e me detenho atordoado
diante da vitrina da loja de automóveis
parado perdido em pensamentos calmos
o tráfego subindo e descendo pela 5ª Avenida
atrás de mim
esperando por um momento quando...

Hora de ir para casa & preparar o jantar & escutar
as românticas notícias da guerra pelo rádio
...todo movimento para
& eu caminho na tristeza intemporal da existência,
ternura escorrendo entre os prédios,
as pontas dos meus dedos roçando o rosto da
realidade,
meu próprio rosto sulcado de lágrimas no espelho
de alguma vidraça – no crepúsculo –
quando não sinto mais qualquer
desejo –
de bombons – ou de possuir roupas ou as lamparinas
japonesas do intelecto –
Confuso por causa do espetáculo ao meu redor,
o Homem trabalhando nas ruas
com pacotes, jornais
gravatas, ternos maravilhosos
rumo a seu desejo
Homens, mulheres, uma torrente nas ruas
luzes vermelhas disparando apressados relógios &
movimentos nas esquinas –

E todas essas ruas levando,
tão intrincadas, buzinadas, alongadas,
para avenidas
espreitadas pelos altos prédios ou incrustadas nos cortiços
no meio desse trânsito engarrafado
carros e motores que berram
tão dolorosamente até chegar a esse
campo, esse cemitério
essa quietude
de leito de morte ou montanha
já vista
nunca mais reconquistada ou desejada
pela mente que chegará
no dia em que toda Manhattan que eu vi houver desaparecido.

Nova York, outubro de 1958

Nota do Tradutor Claudio Willer:

(*) Frank O’Hara – importante poeta americano, autor do Manifesto Personalista, a quem Ginsberg conhecia desde 1956; morreu prematuramente em um acidente de automóvel em 1966. Foi curador do Museu de Arte de Nova York. Ginsberg chegou a declarar que Frank me ensinou a realmente ver Nova York pela primeira vez, acrescentando que era como ter Catulo a modificar sua vista do Fórum de Roma; daí esse poema sobre Manhattan ser-lhe dedicado (Willer sobre Ginsberg, 2010, p. 223)

Referências:

Em Inglês

GINSBERG, Allen. My sad self. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 231-233.

Em Português

GINSBERG, Allen. Meu triste eu. Tradução de Claudio Willer. In: __________. Uivo, kaddish e outros poemas. Tradução, seleção e notas de Claudio Willer. 2. ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2010. p. 223-225.