Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de abril de 2016

Boris Pasternak - Definição de Poesia

Neste poema, datado de 1917, vemos uma tradução ao português bastante distinta, de autoria do falecido poeta brasileiro Haroldo de Campos. E no plano dos sentidos evocados pelo poema, a ineludível tentativa de definir o que seja o fenômeno poético.

Tal missão, já aqui evocada vezes sem conta, recebe de seus autores os mais dessemelhantes efeitos, mostrando com isso que a poesia não se deixa apreender com facilidade. No caso de Pasternak, provém ela, dominantemente, de fatos da natureza, aos quais se atribuem impacto sensitivo e eficácia estética.

J.A.R. – H.C.

Boris Pasternak
(1890-1960)

Определение поэзии

Это - круто налившийся свист,
Это - щелканье сдавленных льдинок.
Это - ночь, леденящая лист,
Это - двух соловьев поединок.

Этосладкий заглохший горох,
Этослезы вселенной в лопатках,
Этос пультов и с флейт – Figaro
Низвергается градом на грядку.

Всё. что ночи так важно сыскать
На глубоких купаленных доньях,
И звезду донести до садка
На трепещущих мокрых ладонях.

Площе досок в водедухота.
Небосвод завалился ольхою,
Этим звездам к лицу б хохотать,
Ан вселеннаяместо глухое. 

A Geada
(Claude Monet: pintor francês)

Definição de Poesia

Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto-desafio.

Um doce ervilhal abandonado.
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas –
Geada no canteiro, tombado.

Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.

Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.

Referência:

PASTERNAK, Boris. Definição de poesia. Tradução de Haroldo de Campos. In: GUINSBURG, J.; TAVARES, Zulmira Ribeiro (Orgs.). Quatro mil anos de poesia. Desenhos de Paulina Rabinovich. São Paulo, SP: Perspectiva, 1960. p. 393. (Coleção “Judaica”; v. 12)

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Li Bai - Separados e distantes

Selecionei para a postagem de hoje um poema de Li Bai, extraído de obra em referência, publicada pelo Instituto Cultural de Macau, no qual o poeta chinês lamenta a separação de sua amada, que já perdura meia dezena de anos.

Li Bai, também conhecido por Li Po ou Li Bo, espera ansioso pelo regresso de sua companheira, e enquanto isso, emprega graciosas metáforas para representar o seu estado de tristeza, que o leva à prostração, como uma flor imóvel sobre o musgo verde.

J.A.R. – H.C.

Li Bai
(701 d.C -762 d.C)

Separados e distantes

Há quantas Primaveras estamos separados?
Da janela de jade vi, cinco vezes,
desabrochar as cerejeiras,
Eu sei, há as cartas de escrita rendilhada
que, ao abrir, te fazem suspirar,
teu coração quase para de bater, quanta saudade!
Já não uso o toucado de nuvens,
não penteio meus cabelos,
não mais os deixo cair sobre a testa.
Minha tristeza é uma pena levada pelo vento,
um floco de neve rodopiando no ar.
O ano passado escrevi-te para a montanha dos Sete Socalcos,
falei de tudo isto
e agora, por favor, escuta outra vez minhas palavras.
Oh, vento leste, sopra para mim,
empurra para oeste a nuvem suspensa no ar!
Há quanto tempo aguardo o teu regresso!...
A flor caída continua imóvel,
quieta sobre o musgo verde.

Natureza-morta com rosas
e musgo numa cesta
(Paul Gauguin: pintor francês)

Elucidário:

Socalco: porção plana de terreno em uma encosta, plataforma, degrau.

Referência:

BAI, Li. Separados e distantes. In: __________. Poemas de Li Bai. Tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Macau (MO): Instituto Cultural de Macau, 1990. p. 228. (Coleção ‘Clássicos Chineses’; n. 1)

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Petrarca - Soneto CCCLIII do “Cancioneiro”

Petrarca compara os seus sentimentos aos de um pequeno pássaro a cantar tristemente num galho de árvore, perto já da noite invernosa, num tom que se reconhece virgiliano, tal como em certas passagens das “Geórgicas” (v.g., Livro IV: 507-520).

O soneto suscita a ideia de que a musa do poeta, Laura, teria partido há pouco desta vida. A lírica de Petrarca torna-se, então, uma referência para muitos poetas no futuro, mesmo que ancorada num amor puramente platônico.

J.A.R. – H.C.

Petrarca
(1304-1374)

Sonetto CCCLIII

Vago augelletto che cantando vai,
over piangendo il tuo tempo passato,
vedendoti Ia notte e ’l verno a lato
e ’l dí dopo le spalle e i mesi gai,

se, come i tuoi gravosi affanni sai,
cosí sapessi il mio simile stato,
verresti in grembo a questo sconsolato
a partir seco i dolorosi guai.

I’ non so se le parti sarian pari,
ché quella cui tu piangi è forse in vita,
di ch’a me Morte e ’l ciel son tanto avari;

ma la stagione et l’ora men gradita,
col membrar de’ dolci anni et de li amari,
a parlar teco con pietà m’invita.

Pássaro na Neve do Inverno

(Carole Foret: pintora norte-americana)

Soneto CCCLIII

Doce avezinha que te vais cantando
Ou chorando talvez o teu passado,
Vendo a noite chegar e o duro Inverno
E ficar para trás o Verão e o dia,

Se como sabes teus cuidados graves
Souberas minha triste condição,
Virias ao regaço do coitado
Partir com ele as dolorosas queixas.

Eu não sei se a partilha fora igual,
Que essa por quem tu choras vive ainda
E a mim, a morte e o Céu me despojaram.

Mas a estação e a hora menos grata,
Com o relembrar do tempo amaro e doce,
A abrir-te o coração me convidaram.

Referência:

PETRARCA, Francesco. Canzoniere: Sonetto CCCLIII / Cancioneiro: Soneto CCCLIII. In: __________. Gigantes da literatura universal. Diretor da edição internacional: Enzo Orlandi. Versão portuguesa (direção e tradução): Esther de Lemos. Lisboa (PT): Editorial Verbo, 1972. p. 76.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Cecília Meireles - Retrato

Neste poema, a poetisa faz uma reflexão tão... como diria?... angustiante, como se, aos 38 anos de vida, já não houvesse mais nada a contemplar! Diria eu que, com essa idade, começa-se a vivenciar o que de melhor pode haver na experiência humana sobre a terra!

Que importa se o corpo já não tem o mesmo viço dos 18 anos?! Além do mais, não é verdade que o rosto de Cecília houvesse deixado de ser belo mesmo na maturidade! Tenho para mim que o poema abaixo é tão somente a expressão de um taciturno momento, que toldou temporariamente o estado luminoso de seu sorriso!

J.A.R. – H.C.

Cecília Meireles
(1901-1964)

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Em: “Viagem” (1939)

Olhada no Espelho
(Fernand Toussaint: artista belga)

Referência:

MEIRELES, Cecília. Retrato. In: MEIRELES, Cecília. Cecília de bolso: uma antologia poética. Organização e apresentação de Fabrício Carpinejar. Porto Alegre, RS: L&PM, 2014. p. 29-30. (Coleção L&PM Pocket; v. 700)

terça-feira, 26 de abril de 2016

Rilke - Quarta Elegia de Duíno

Rilke começou a escrever as elegias em questão no castelo de Duíno, na província de Trieste, às margens do Adriático, noroeste da Itália, daí o motivo para o título da obra, a saber, “Elegias de Duíno”.

Feito o devido esclarecimento, cumpre observar que a linguagem empregada por Rilke revela uma apurada sensibilidade para perceber estados que não se fixam apenas no literal sentido do texto. Isso gera múltiplos níveis de significado e ambivalência, dificultando o pleno entendimento das ideias fixadas em suas elegias.

Por tal motivo, além de transcrever, mais abaixo, a elegia de número quatro, apresento também o comentário que a tradutora Dora Ferreira da Silva teceu a respeito, de modo a facilitar a apreensão das imagens e abstrações evocadas pelo poeta.

J.A.R. – H.C.

Rainer Maria Rilke
(1875-1926)

Elegias de Duíno

Quarta Elegia
(RILKE, 1985, p. 20-24)

Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno?
Ignoramos a unidade. Não somos lúcidos como as aves
migradoras. Precipitados ou vagarosos
nos impomos repentinamente aos ventos
e tornamos a cair num lago indiferente.
Conhecemos igualmente o florescer e o murchar.
No entanto, em alguma parte, vagueiam leões ainda,
alheios ao desamparo enquanto vivem seu esplendor.

Nós, porém, quando pensamos totalmente o Uno,
logo sentimos o lastro do Outro. A hostilidade;
aguarda, muito perto. Os amantes não hesitam, sem cessar,
entre limites – eles que aspiravam refúgio, espaço, busca?
Compõe-se, então, para a fugitiva imagem de um momento
um fundo de oposição, penosamente, para que
a possamos ver; que clareza se nos proporciona,
a nós que ignoramos o contorno da sensação,
aderidos ao exterior de sua forma. – Quem
desconhece a angustiosa espera diante
do palco sombrio do próprio coração?
Olhai: ergue-se o pano sobre o cenário
de um adeus. Fácil de compreender. O jardim habitual
a oscilar ligeiramente. Só então aparece o bailarino.
Ele não. Basta. E enquanto se move com desenvoltura,
muda de aspecto; torna-se um burguês
e entra na casa pela porta da cozinha.
Não quero essas máscaras ocas, prefiro
o boneco de corpo cheio. Susterei
o títere, os cordéis e o rosto
feito de aparência. Estou aqui, à espera.
Ainda que as lâmpadas se apaguem, ainda
que me digam: “acabou-se”, – ainda que do palco
se evole o vácuo na corrente de ar cinzento,
ainda que os antepassados silenciosos
não estejam ao meu lado, nem mulher, nem mesmo
a criança de olhos castanhos e estrábicos, –
ficarei à espera. Sempre há o que ver.

Não tenho razão? Tu, que por mim provaste
a amargura da vida, pai, penetrando
a minha, tu, que provaste a infusão
turva de meu destino, quando ao teu lado
crescia, e, inquieto pelo ressaibo de futuro
tão estranho, puseste à prova
meu olhar velado ainda; – tu, meu pai,
que desde que morreste, tantas vezes |
na esperança que levo em mim, tens medo,
e que por meu destino incerto abandonas
a serenidade dos mortos, reinos
de serenidade, – não tenho razão?
E vós – não tenho razão? – vós que me
amastes pelo tímido início de amor
que vos tinha e do qual me evadia,
pois o espaço que amava em vosso rosto
em espaço cósmico se transformava. – Enquanto
aguardo diante do palco dos títeres, – não,
quando me transformar inteiramente num intenso
olhar, um Anjo surgirá para refazer
o equilíbrio, como o ator que anima os títeres.
Anjo e boneco: haverá por fim espetáculo.
Congrega-se então o que, sem cessar,
nossa existência mesma desagrega. E nasce
das nossas estações o ciclo da transformação
total. Muito acima de nós, o Anjo brincará.
Olhai, os moribundos não mais suspeitariam
que é pretexto e irrealidade tudo o que aqui
fazemos. Oh, dias da infância, em que atrás
das figuras havia mais do que passado e em que
diante de nós não se abria o futuro!
Crescíamos, é certo, aspirando, às vezes,
tornar-nos grandes, talvez por amor
daqueles que nada mais tinham, senão
o “ser grandes”. E lá permanecíamos,
em nossos caminhos solitários,
na alegria do perdurável, nos limites
do mundo e do brinquedo, no espaço que desde
a origem foi criado para um puro evento.

Quem mostra uma criança tal como é? Quem a
situa na constelação com a medida da distância
em suas mãos? Quem faz sua morte
com pão cinzento que endurece, – ou a abandona
dentro da boca redonda, como o coração
de uma bela maçã?... Compreendemos facilmente
os criminosos. Mas isto: conter a morte,
toda a morte, ainda antes da vida,
tão docemente contê-la e não ser perverso,
isto é inefável.

Castelo de Duíno

Comentário à Quarta Elegia
por Dora Ferreira da Silva
(RILKE, 1985, p. 73-75)

A quarta elegia é a mais obscura de todo o ciclo, dura e amarga, áspera como um monólogo interior. “É difícil amá-la – diz E. M. Butler – mesmo quando se consegue superar em parte as dificuldades intelectuais que apresenta, por causa da impiedade com que repudia todos os valores humanos, procurando convulsivamente sobrepujá-los.” Rilke dissera certa vez que amava as coisas, os animais e os anjos, confessando ter saltado o capítulo da humanidade. De qualquer forma, na quarta elegia, ele expulsa o homem da cena do mundo, invocando o boneco e o Anjo, “ator que anima os títeres”.

O verso inicial “Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno?” não pode ser compreendido senão em função da ideia rilkeana de que o homem, desligando-se da natureza, perdeu a unidade cósmica das aves migradoras que vivem ao ritmo das estações, a perda dessa pureza e lucidez originais condenando-o ao conhecimento “indiferente” da primavera e do inverno, da vida e da morte. “Conhecemos igualmente o florescer e o murchar.” Enquanto o animal vive a plenitude do instante, alheio ao desamparo que adviria do conhecimento da morte, o homem vive o drama de sua existência dividida. Nem mesmo o amor é bastante poderoso para unificá-lo e os amantes não fazem mais do que hesitar “entre limites”, eles que procuravam com tanto ardor o refúgio de uma pátria comum.

A oitava elegia terminará pela constatação dolorosa de que o homem, espectador em tudo e sempre, vive “numa incessante despedida”. Não é outro o sentido da imagem do “palco sombrio do próprio coração”, evocado na quarta elegia, diante do qual aguardamos o desenrolar de nossa própria história, espectadores e espetáculo, simultaneamente. “Ergue-se o pano sobre o cenário de um adeus”, o que se entende, pois há “um ar de despedida em tudo que fazemos”, seres provisórios que somos, comprometidos na fuga do tempo. Surge então o anunciado bailarino que consubstancia tudo quanto a vida tem de promessa e fervor; mas logo após os primeiros passos seus pés já se fazem tardos, e, transformado num pesado burguês, “entra na casa pela porta da cozinha”. O poeta pretende aqui humilhar a vida, denunciando a lei de degradação e empobrecimento de todo desenrolar vital; porém, não é a vida a verdadeira responsável, pois “tudo quer planar” (alles wilt schweben): é o homem, dançarino malogrado, que com o seu “espírito da gravidade” impede a levitação das coisas e dos sentimentos, arrastando tudo em sua queda desastrosa.

“Não quero essas máscaras ocas, prefiro o boneco...” exclama o poeta, decidindo-se pela missão poética que o levará a realidades mais profundas. Repudiará sem vacilações todo contato humano, tornar-se-á solitário como um claustro, suportará a imobilidade exasperante do títere inanimado. Sua expectativa é, porém, tão intensa e dolorosa, tão prefiguradora do que deve ser, que “um Anjo surgirá para refazer o equilíbrio, como o ator que anima os títeres”.

“Anjo e boneco: haverá por fim espetáculo.” Segundo o penetrante comentário de Angelloz, a equação Anjo-boneco de Rilke corresponderia ao Deus-fantoche articulado de Kleist: “O poeta quis certamente descobrir o estado de equilíbrio em que o Anjo e o boneco, isto é, o espírito e a matéria, se unissem para formar, numa verdadeira síntese, o ser humano”. E é na existência misteriosa da criança que vive, “nos limites do mundo e do brinquedo”, a alegria dó perdurável, na criança em cuja obscuridade repousa a semente da morte, que Rilke reconhece a plenitude desejada de uma realidade que amadurece com a verdade dos frutos.

Referência:

RILKE, Rainer Maria. Elegias de Duíno. Tradução de Dora Ferreira da Silva. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora Globo, 1985.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Fagundes Varela - A Flor do Maracujá

Eis aqui um poema extraído da mais remota memória, da época em que cursava o antigo “Colegial”, lá pelos anos 70! Como poderia dele olvidar, quando, na parte de trás da casa onde residia com meus pais, havia um maracujazeiro bem onipresente, repleto de insetos a cada vez que as suas flores se abriam ao calor do sol?!

A poesia de Varela, como sói ocorre com as criações do período romântico, reflete as tendências do cânone, com muitas associações entre fatos da natureza e os mais íntimos sentimentos do poeta. Compare, leitor, este belo poema com o que lhe antecede, do também romântico Percy Shelley, e perceberá a semelhança dos traços.

J.A.R. – H.C.

Fagundes Varela
(1841-1875)

A Flor do Maracujá

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!

Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!

Pelas tranças da mãe d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensanguentada
Da flor do maracujá!

Por tudo o que o céu revela,
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – a
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

Em: “Cantos Meridionais”

A Flor do Maracujá

Referência:

VARELA, L. N. Fagundes. A flor do maracujá. In: __________. Obras completas. v. II. Edição organizada por Visconti Coaracy. Estudo crítico de Franklin Távora. Rio de Janeiro, RJ: B. L. Garnier - Livreiro Editor, 1892. p. 120-121.