Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Gabriel Saldivia - Os livros

O autor venezuelano revela, em seu discurso, todo o amor que tem pelos livros, eles que são capazes de abrir mundos ao mundo, tirando-nos da letargia em que somos lançados pela rotina do quotidiano, jogando-nos, então, no cadinho da beleza e do entusiasmo pela grande literatura.

Mas havemos de assinalar o contraponto que o escritor evoca ao final deste rápido panegírico: os livros também recolhem a história de nossa breve passagem sobre a terra, e, para sermos verazes, nem sempre a ação humana é digna de elogios. Ou o que seriam as guerras, a fome, a violência política ou que tais?!

J.A.R. – H.C.

Gabriel Saldivia
(n. 1956)

Los libros
(En: “Desenfreno”)

Qué triste sería pasar por los días y noches del mundo, sin dejar siquiera una palabra, que diga lo que somos, lo que una vez fuimos. Una palabra al menos, para ser leida por los hijos de nuestros sueños, dudas y aciertos que configuran nuestro paso fugaz por los laberínticos pasillos de la vida. Sería muy triste pasar, sin ni siquiera intentar abrir la puerta de esa casa mágica hecha de palabras, que nos invitan a dialogar com nuestros silencios y misterios. Esa casa que nos espera siempre desde las más apartadas estanterias. Porque eso son los libros, casas de voces para ser leídas y escuchadas. Lugar que propicia el encuentro con otras vidas, otros espacios, otras historias y con personajes rebelándose en el misterio de la palabra que los nombra y los eterniza. Cada libro contiene, sin lugar a dudas, es una lucha constante por vencer la brevedad del tiempo que nos signa. Cada libro hace del instante vivido, instante que no vuelve, pero que se hace imperecedero en la palabra impresa,que hace posible el milagro de la trascendencia. Somos personajes de un libro que tal vez no llegue a escribirse nunca. O personajes del libro que no leeremos, ese libro que se extravia entre ocultos anaqueles y entre las miles de páginas que conservan en sus tintas la voz de una buena parte de historia de la humanidad. Entonces, dónde buscamos, si somos personajes en constante configuración y transformación. Personajes inmersos en aquello que trascurre con asombrosa rapidez, que apenas alcanzamos a leer em las páginas de nuestras vidas, sólo fragmentos y palabras rotas, que se van quedando calladas en alguna calle de nuestra pequeña historia, pequeña, pero particular, unica e irrepetible en la sagrada vida de todo ser humano, que habita este extraordinario y muchas veces maltratado planeta. A veces, leer un libro nos hace cruzar puentes hacia paisajes sólo posibles en el reino de la fantasia y el sueño. Paisajes que habitamos y recorremos en las naves de la imaginación. Paisajes que nos hacen sentir emociones, que en nuestra realidad circundante nos resultarían imposibles de alcanzar. Y si nos adentramos em otras lecturas podemos ir a lugares, pueblos y ciudades en alas mágicas de cuentos y novelas que nos invitan a realizar viajes inesperados. Leer un libro nos convierte inevitablemente en el otro, nos hace caminar por los predios de otra vida, por lo general, distante de la rutina que nos agobia. Pero, si leemos otras páginas, nos encontramos también con historias crudas y lamentablemente reales sobre guerras, invasiones, hambrunas y otras desgracias padecidas por la humanidad.

Natureza-morta com obras-primas
(Claude R. Hirst: pintora norte-americana)

Os livros
(Em: “Desenfreio”)

Quão triste seria passar pelos dias e pelas noites do mundo, sem deixar sequer uma palavra, que diga o que somos, o que uma vez fomos. Uma palavra ao menos, para ser lida pelos filhos de nossos sonhos, dúvidas e acertos que configuram nosso caminhar pelos labirínticos corredores da vida. Seria muito triste passar, sem nem sequer tentar abrir a porta dessa casa mágica feita de palavras, que nos convidam a dialogar com nossos silêncios e mistérios. Essa casa que nos espera sempre desde as mais distanciadas estantes. Porque os livros são isso, casas de vozes para serem lidas e escutadas. Lugar que propicia o encontro com outras vidas, outros espaços, outras histórias e com personagens rebelando-se no mistério da palavra que os nomeia e os eterniza. Cada livro contém, sem lugar a dúvidas, uma luta constante para vencer a brevidade do tempo que nos delimita. Cada livro faz do instante vivido, instante que não retorna, mas que se faz imperecível na palavra impressa, a tornar possível o milagre da transcendência. Somos personagens de um livro que, talvez, jamais venha a ser escrito. Ou personagens do livro que não leremos, esse livro que se extravia entre ocultas prateleiras e entre as milhares de páginas que conservam em suas tintas a voz de uma boa parte da história da humanidade. Então, onde haveremos de procurar, se somos personagens em constante configuração e transformação. Personagens imersos naquilo que transcorre com assombrosa rapidez, que mal conseguimos ler nas páginas de nossas vidas, como simples fragmentos e palavras desgastadas, que pouco a pouco silenciam em alguma rua de nossa breve história, breve, mas particular, única e irrepetível na sagrada vida de todo ser humano, que habita este extraordinário e muitas vezes maltratado planeta. Às vezes, ler um livro nos faz cruzar pontes até paisagens somente possíveis no reino da fantasia e do sonho. Paisagens que habitamos e percorremos nas naves da imaginação. Paisagens que nos fazem sentir emoções, que em nossa realidade circundante nos resultariam impossíveis de alcançar. E se adentramos em outras leituras podemos ir a lugares, povos e cidades nas asas mágicas dos contos e romances que nos convidam a realizar inesperadas viagens. Ler um livro nos converte inevitavelmente no outro, nos faz caminhar pelos terrenos de outra vida, modo geral, a certa distância da rotina que nos oprime. Nada obstante, se lemos outras páginas, nos encontramos também com histórias cruas e lamentavelmente reais sobre guerras, invasões, fomes e outros infortúnios de que a humanidade padece.

Referência:

SALDIVIA, Gabriel. Los libros. In: __________. Antología poética. Caracas, VE: Fundarte, 2010. p. 149-150. (“Cuadernos de Difusión – Mención Poesía”; nº 290)

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Robert Frost - Travar conhecimento com a noite

Este soneto de Frost, com disposição topográfica nada convencional, começando e terminando com o mesmo verso a afirmar que o autor – ou o ente lírico – travou conhecimento com a noite, tem por tema básico a perspectiva do isolamento urbano, do desânimo ou do pouco consolo que se tem, depois de tanto vaguear pelas ruas escuras da cidade, apesar de se estar cercado por muitos.

Outra leitura viável do poema seria tomá-lo por sua dimensão metafórica, de forma a associá-lo a um padrão de vida de alguém que, em seu histórico, passou por duras experiências, pervagando por uma espécie de noite mental, sem perspectiva de encontrar luz ao fim do túnel, capaz de lhe restaurar a autoconfiança.

J.A.R. – H.C.

Robert Frost
(1874-1963)

Acquainted with the Night

I have been one acquainted with the night.
I have walked out in rain – and back in rain.
I have outwalked the furthest city light.

I have looked down the saddest city lane.
I have passed by the watchman on his beat
And dropped my eyes, unwilling to explain.

I have stood still and stopped the sound of feet
When far away an interrupted cry
Came over houses from another street,

But not to call me back or say good-bye;
And further still at an unearthly height,
One luminary clock against the sky

Proclaimed the time was neither wrong nor right.
I have been one acquainted with the night.

Um encontro com a chuva
(Leonid Afremov: pintor israelense)

Travar Conhecimento com a Noite

Sou um que travou conhecimento com a noite.
Eu fui passear na chuva – e na chuva voltei.
Deixei longe a luz mais distante da cidade.

Olhei a mais triste ruela da urbe.
Passei pelo vigia em sua ronda
E para não explicar baixei os olhos.

Fiquei imóvel sem o barulho dos meus passos
Quando de longe um grito interrompido
Veio, por sobre as casas, de outra rua,

Mas não era chamado ou despedida;
E mais longe ainda, numa altura incrível,
Contra o céu, havia um relógio iluminado

Proclamando que a hora não era certa nem errada.
Fui um que travou conhecimento com a noite.

Referências:

Em Inglês

FROST, Robert. Acquainted with the night. In: __________. Complete poems of Robert Frost. Seventeenth Printing. New York, NY: Holt, Rinehart and Winston, 1964. p. 324.

Em Português

FROST, Robert. Travar conhecimento com a noite. Tradução de Marisa Murray. In: __________. Poemas escolhidos de Robert Frost. Tradução de Marisa Murray. 1. ed. Rio de Janeiro: Lidador, 1969. p. 80.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Carlos Nejar - Os Fuzilados de Goya

Nejar atribui um sentido mais abstrato – menos específico, portanto, naquilo que se refere a um evento ocorrido na colina do Príncipe Pío, em Madrid, quando da invasão napoleônica à Espanha, em 1808, que vitimou por volta de 400 pessoas –, às impressões que se podem extrair do famoso quadro de Goya.

Afirma o poeta que, quem quer que possua o poder ou a força para nos matar, mata-nos o corpo, mas não a alma, ela que perdura pela robustez dos sonhos a que se agarra, vivendo, por conseguinte, num plano de vida incapaz de ser violentado, eis que desdobrado em uma ponte para a eternidade.

J.A.R. – H.C.


Carlos Nejar
(n. 1939)

Os Fuzilados de Goya

 

Morremos

mas não abrimos mão

do que sonhando,

é mais do que estar vivo,

é ter vivido

o último percalço

do equilíbrio.

 

Os homens não toleram

a consciência, nem

se toleram como feras.

E se à luz não se apegam,

são mais tristes, duros,

solitários. Gorjeando

contra o frio, os ledos

ossos.

 

Morremos. Onde é alma,

sobrevive. E toda a eternidade

é ver o instante

que as armas nos apontam

com seu fogo.

 

E mais que a pontaria,

o grito enorme,

como flores caladas

junto aos olhos.

São pálpebras que falam

o seu ódio.

 

O pelotão explode

e nós olhamos na cara

o vosso susto, a morte

que nos dais, o sonho

florescendo igual a um campo,

onde fuzis plantados,

se levantam.

 

E esta porta

aberta

sobre a morte.


Os Fuzilamentos de Três de Maio
(Francisco de Goya: pintor espanhol)

Referência:

NEJAR, Carlos. Os Fuzilados de Goya. In: __________. Antologia poética de Carlos Nejar. Prefácio, organização e selecção de António Osório. 1. ed. Cascais, PT: Pergaminho, 2003. p. 162-163. (‘Poesia Fértil: lembrando Paul Eluard’; nº 4)

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Victor Hugo - A Canção dos Piratas

Os piratas – vistos aqui como heróis românticos e sinistros antagonistas – narram as suas aventuras sobre o mar, à margem de quaisquer considerações de ordem legal, à procura do que quer que seja que possam pilhar e transformar em valores mais facilmente transacionáveis, a exemplo do dinheiro vivo.

 

Como objeto de espoliação, serve até mesmo uma jovem freira, raptada de um monastério às proximidades do litoral e vendida à sua alteza, pouco importando as suas súplicas, rogos, apelos. Tornar-se-á ela uma maometana, pertencendo ao harém do sultão, morra ela ou não de desgosto por estar afastada dos seus antigos votos cristãos.

 

J.A.R. – H.C.

 

Victor Hugo

(1802-1885)

 

Chanson de Pirates

 

“Alerte! alerte! Voici les pirates

d’Ochali qui traversent le détroit.”

Le Captif d’Ochali.

 

Nous emmenions en esclavage

Cent chrétiens, pêcheurs de corail;

Nous recrutions pour le sérail

Dans tous les moûtiers du rivage.

En mer, les hardis écumeurs!

Nous allions de Fez à Catane...

Dans la galère capitane

Nous étions quatre-vingts rameurs.

 

On signale un couvent à terre.

Nous jetons l’ancre près du bord.

A nos yeux s’offre tout d’abord

Une fille du monastère.

Prés des flots, sourde à leurs rumeurs,

Elle dormait sous un platane...

Dans la galère capitane

Nous étions quatre-vingts rameurs.

 

– La belle fille, il faut vous taire,

Il faut nous suivre. Il fait bon vent.

Ce n’est que changer de couvent.

Le harem vaut le monastère.

Sa hautesse aime les primeurs,

Nous vous ferons mahométane...

Dans la galère capitane

Nous étions quatre-vingts rameurs.

 

Elle veut fuir vers sa chapelle.

– Osez-vous bien, fils de Satan?

– Nous osons, dit le capitan.

Elle pleure, supplie, appelle.

Malgré sa plainte et ses clameurs,

On l’emporta dans la tartane...

Dans la galère capitane

Nous étions quatre-vingts rameurs.

 

Plus belle encor dans sa tristesse,

Ses yeux étaient deux talismans.

Elle valait mille tomans;

On la vendit à sa hautesse.

Elle eut beau dire: Je me meurs!

De nonne elle devint sultane...

Dans la galère capitane

Nous étions quatre-vingts rameurs.

 

(12 mars 1828)

Dans: “Les Orientales” (1829)

 

Batalha no mar entre militares e piratas orientais

(Philippe-Jacques de Loutherbourg: pintor francês)

 

A Canção dos Piratas

 

“Alerta! alerta! Vejam os piratas

de Ochali a cruzar o estreito.”

O Cativo de Ochali.

 

Nós transportamos em cativeiro

Cem cristãos, pescadores de corais;

Nós os recrutamos para o serralho

De todos os monastérios do litoral.

No mar, como audazes corsários!

Nós rumamos de Fez a Catânia...

Embarcados na galera capitânia,

Éramos oitenta a impelir os remos.

 

Divisamos um convento em terra.

Ancoramos bem perto da margem.

Aos nossos olhos logo se ofereceu

Uma jovem eremita do mosteiro.

Indiferente ao marulho da borda,

Descansava ela sob um plátano...

Embarcados na galera capitânia,

Éramos oitenta a impelir os remos.

 

Fica tranquila, formosa mocinha,

Partiremos já. Há vento favorável.

Só estarás mudando de convento.

O harém equivale ao monastério.

Sua alteza aprecia as novidades

E te faremos uma maometana...

Embarcados na galera capitânia,

Éramos oitenta a impelir os remos.

 

Ela buscou fugir de volta à capela.

– Ousais de fato, filhos de Satã?

O capitão assegurou-lhe a ousadia.

Então chorou, implorou, suplicou.

Malgrado a sua queixa e clamor,

Deixou-se levar sobre a tartana...

Embarcados na galera capitânia,

Éramos oitenta a impelir os remos.

 

Ainda mais bonita em sua tristeza,

Seus olhos pareciam dois talismãs;

Mil tomans foi o importe cobrado

À sua alteza, que dela se apossou.

Longe dos votos, era como morrer!

De eremita tornou-se uma sultana...

Embarcados na galera capitânia,

Éramos oitenta a impelir os remos.

 

(12 março 1828)

Em: “As Orientais” (1829)

 

Referência:

 

HUGO, Victor. Chanson de pirates. In: __________. Oeuvres poétiques completes. Réunies et présentées par Francis Bouvet. Paris, FR: Jean-Jacques Pauvert Éditeur, 1961. p. 110-111.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Roger Vitrac - Humoragem a Picasso

Vai aqui um conselho ao leitor, quando se dispuser a ler o poema de Vitrac: não o faça com a mente percutindo aquela máxima, cheia de trocadilhos. a envolver o nome de Picasso com a figura do mestre de obras! Sim: porque bastam as conexões carregadas de humor que o poeta francês formula, num crescendo, até chegar ao nome do autor de “Guernica”.

 

Bem ao estilo surrealista, o texto de Vitrac não se propõe exame sério sobre tópico de maior peso, haja vista que se expressa num domínio no qual ninguém há de exigir-lhe coerência ou sentido lógico, sendo patente a intenção de retorcer ou recriar os vocábulos ao final de cada quadra, para imputar-lhes outros valores ou acepções.

 

J.A.R. – H.C.

 

Roger Vitrac

(1899-1952)

 

Humorage à Picasso

 

Et vive le pinceau

De l’ami Picasso!

(Apollinaire)

 

Cet arbre fait comme un tombeau,

Cet astre comme un numéro,

Ce soleil comme un escargot,

C’est Picagot.

 

Ce journal ni joli, ni beau,

Cette sciure de gâteau,

Ce double sein comme un étau,

C’est Picétau.

 

Ces cheveux poussant dans un pot,

Cet œil pareil aux culs d’oiseaux,

Ce marétal porte-marcheau,

C’est Picacheau.

 

Ce mou, ce dur, ce matériau,

Moulé, pompé comme la chaux,

Colorié à coups de plumeau,

C’est Picaplo.

 

Ce dos, ce pal, ce paletot,

Ce récit mis comme un fardeau

Sur la tartine de Toto,

C’est Picato.

 

Ce sol tout nu, ce ciel sans os,

Cette baigneuse comme un gigot,

Et ce cheval comme un sabot,

C’est Pisabot.

 

Socrate au torse de fourneau,

Divisant le diamant des eaux

Pour l’épingler dans un tableau,

C’est Pitableau.

 

L’allumette épinglant le faux,

La faulx imitant le râteau,

Pour peindre un rire à l’Otéro,

C’est Picaro.

 

Enfin,

Napoléon changeant de peau,

La peau changeant de poils labiaux,

Et les poils changeant de pinceau,

C’est Picasso!

 

Autorretrato aos 15 anos

(Pablo Picasso: pintor espanhol)

 

Humoragem a Picasso

 

E viva o pincel

Do amigo Picasso!

(Apollinaire)

 

O arbusto parece um finado

O astro parece duplicado,

Este sol, encaracolado,

É o Picado.

 

O jornal, nem lindo, nem manso,

O bolo tem jeito de ranço,

O seio parece de ganso,

É o Picanço.

 

Os pelos nascendo num caco,

Os olhos iguais a um buraco,

O marechal porta-casaco,

É o Picaco.

 

O mole, o duro, este badalo,

Moldado dentro do gargalo,

Pintado com plumas de galo,

É o Picalo.

 

Este dorso, o pau, o petardo,

O conto posto como um fardo

Na torradinha do Bernardo,

É o Picardo.

 

Este chão nu, o céu sem galho,

A banhista como um chocalho,

O cavalo como um cascalho,

É o Picalho.

 

Sócrates com busto de gato

Cortando diamante barato

Para espetá-lo num retrato,

É o Picato.

 

O fósforo perto da aragem,

A foice que imita a ferragem

Pra pintar um riso selvagem,

É o Picagem.

 

Enfim,

Napoleão mudando de espaço,

O espaço mudando de passo

E o passo mudando de traço,

E o Picasso.

 

Referência:

 

VITRAC, Roger. Humorage à Picasso / Humoragem a Picasso. Tradução de Cláudio Veiga. In: VEIGA, Cláudio (Organização e Tradução). Antologia da poesia francesa: do século IX ao século XX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1991. Em francês: p. 366 e 268; em português: p. 367 e 369.