Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Wisława Szymborska - Alguns gostam de poesia

A poesia, como muitos já o fizeram em postagens anteriores deste bloguinho, admite definições e definições, e, mesmo assim, persiste indefinida. Mas, talvez, bastem para ela a expressão do autor e a sensibilidade do leitor...

Szymborska pouco se importa em racionalizá-la ou teorizá-la, a isso se agarrando como uma tábua de salvação. Para ela, há suficiência na escrita, onde bem pode estar encerrada a sua essência e significado.

J.A.R. – H.C.

Wisława Szymborska
(1923-2012)

Niektórzy lubią poezję

Niektórzy –
czyli nie wszyscy.
Nawet nie większość wszystkich ale mniejszość.
Nie licząc szkół, gdzie się musi,
i samych poetów,
będzie tych osób chyba dwie na tysiąc.

Lubią
ale lubi się także rosół z makaronem,
lubi się komplementy i kolor niebieski,
lubi się stary szalik,
lubi się stawiać na swoim,
lubi sie głaskać psa.

Poezje –
tylko co to takiego poezja.
Niejedna chwiejna odpowiedź
na to pytanie już padła.
A ja nie wiem i nie wiem i trzymam się tego
jak zbawiennej poręczy.

In: “Koniec i początek” (1993)

Jovem negro com cesta de frutas
e moça a acariciar um cão
(Antoine Coypel: pintor francês)

Alguns gostam de poesia

Alguns –
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Gostam –
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.

De poesia –
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.

Em: “Fim e começo” (1993)

Referência:

SZYMBORSKA, Wisława. Niektórzy lubią poezję / Alguns gostam de poesia. In: __________. Poemas. Seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien. Edição Bilíngue. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2011. Em português: p. 91; em polonês: p. 154.

Nenhum comentário:

Postar um comentário