Para homenagear todas as mães do mundo, no dia a elas dedicado, nada
melhor do que um belo poema de Machado de Assis, consagrado à sua própria mãe, emulado
por outro poema, do mesmo modo belo embora bem mais longo, do inglês William
Cowper, apreciável, no original em inglês, neste endereço.
Para todas as mães, que representam o imarcescível poder do amor, vai a
reverência deste bloguinho. Afinal, ainda vivas ou já falecidas – como no meu
caso –, têm elas o poder de permanecer em nossas mentes como um fio de Ariadne para
os próximos passos que haveremos de tomar!
J.A.R. – H.C.
Machado de Assis
(1839-1908)
Pintura de Henrique
Bernardelli
Minha Mãe
(Imitação de Cowper)
Quanto eu, pobre de mim! quanto eu
quisera
Viver feliz com minha mãe também!
C. A. de Sá
Quem foi que o berço
me embalou da infância
Entre as doçuras que
do empíreo vêm?
E nos beijos de
célica fragrância
Velou meu puro sono?
Minha mãe!
Se devo ter no peito
uma lembrança
É dela que os meus
sonhos de criança
Dourou: – é minha
mãe!
Quem foi que no
entoar canções mimosas
Cheia de um terno
amor – anjo do bem
Minha fronte infantil
– encheu de rosas
De mimosos sorrisos? –
Minha mãe!
Se dentro do meu
peito macilento
O fogo da saudade me
arde lento
E dela: minha mãe.
Qual anjo que as mãos
me uniu outrora
E as rezas me ensinou
que da alma vêm?
E a imagem me mostrou
que o mundo adora.
E ensinou a adorá-la?
– Minha mãe!
Não devemos nós crer
num puro riso
Desse anjo gentil do
paraíso
Que chama-se uma mãe?
Por ela rezarei
eternamente
Que ela reza por mim
no céu também;
Nas santas rezas do
meu peito ardente
Repetirei um nome: –
minha mãe!
Se devem louros ter
meus cantos d’alma
Oh! do porvir eu
trocaria a palma
Para ter minha mãe!
2 set. l856
Luz do Sol, Mãe e Filho
(Shijun Munns:
pintora chinesa)
Referência:
ASSIS, Machado de. Minha mãe. In:
__________. O Almada & outros poemas.
São Paulo, SP: Globo, 1997. p. 85 (Obras Completas de Machado de Assis)
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