Khayyám, neste poema de “Rubáiyát” numerado como 124, sintetiza toda a sua
dúvida sobre a origem deste incomensurável universo, ao enfatizar a imensidão
do espaço e do tempo e a insignificância do homem.
Pergunta o persa se, ao criar lendas e bosquejar fantasmas, teríamos nos
aproximado do estado necessário de verdade sobre o mundo em que estamos
submersos. Khayyám supõe, por óbvio, que se a lógica da ciência ocupasse o
lugar da religião, a divisão daí decorrente seria substituída por um presumível
humanismo. Será? Afinal, há tantas coisas, além da religião, que dividem as
pessoas...
J.A.R. – H.C.
Omar Khayyám
(1048-1131)
Com pesos e medidas
Com pesos e medidas
ou com axiomas,
filhos da lógica,
é impossível fixar
o princípio da
rotação
desta cuia dourada
que nos cobre
– a máquina cósmica.
Ou prever a
deterioração, a ruína
e o fim dos sólidos
alicerces
sobre os quais
nos vemos assentados.
Como poderão
interpretar –
pesos e medidas,
axiomas e
raciocínios,
o tema imenso da
criação.
este nosso Universo
incomensurável?
Criando lendas?
Bosquejando
fantasmas?
Criação do Mundo
(Ivan Aivazovsky:
pintor russo)
Referência:
KHAYYÁM, Omar. Com pesos e medidas. In:
__________. Rubáiyát. Versão ao
português de Christovam de Camargo baseada na interpretação literal do texto
persa feita por Ragy Basile. São Paulo, SP: Martin Claret, 2003. p. 146.
(Coleção “A Obra-Prima de Cada Autor”; v. 156)
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