Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Omar Khayyám - Com pesos e medidas

Khayyám, neste poema de “Rubáiyát” numerado como 124, sintetiza toda a sua dúvida sobre a origem deste incomensurável universo, ao enfatizar a imensidão do espaço e do tempo e a insignificância do homem.

Pergunta o persa se, ao criar lendas e bosquejar fantasmas, teríamos nos aproximado do estado necessário de verdade sobre o mundo em que estamos submersos. Khayyám supõe, por óbvio, que se a lógica da ciência ocupasse o lugar da religião, a divisão daí decorrente seria substituída por um presumível humanismo. Será? Afinal, há tantas coisas, além da religião, que dividem as pessoas...

J.A.R. – H.C.

Omar Khayyám
(1048-1131)

Com pesos e medidas

Com pesos e medidas
ou com axiomas,
filhos da lógica,
é impossível fixar
o princípio da rotação
desta cuia dourada
que nos cobre
– a máquina cósmica.

Ou prever a deterioração, a ruína
e o fim dos sólidos alicerces
sobre os quais
nos vemos assentados.

Como poderão interpretar –
pesos e medidas,
axiomas e raciocínios,
o tema imenso da criação.
este nosso Universo incomensurável?

Criando lendas?
Bosquejando fantasmas?

Criação do Mundo
(Ivan Aivazovsky: pintor russo)

Referência:

KHAYYÁM, Omar. Com pesos e medidas. In: __________. Rubáiyát. Versão ao português de Christovam de Camargo baseada na interpretação literal do texto persa feita por Ragy Basile. São Paulo, SP: Martin Claret, 2003. p. 146. (Coleção “A Obra-Prima de Cada Autor”; v. 156)

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