Jurista e poeta que marcou o período arcádico da literatura brasileira –
e que envolvido também esteve nos episódios da “Inconfidência Mineira” –,
Gonzaga é o autor do famoso “Marília de Dirceu”, ele próprio a adotar o
pseudônimo de Dirceu.
Imagina o poeta, em sonhos, que a Fortuna haveria de lhe dar todas as
graças que por bem almejasse. Vão anseio: quando acordou nada do que imaginara
em matéria de poder e riqueza estava à sua frente. Conclui então que a ventura
não o seria jamais para os seus haveres.
J.A.R. – H.C.
Tomás Antônio Gonzaga
(1744-1810)
Soneto II
Num fértil campo de
soberbo Douro,
Dormindo sobre a
relva descansava,
Quando vi que a
Fortuna me mostrava
Com alegre semblante
o seu Tesouro.
De uma parte um
montão de prata, e ouro
Com pedras de valor o
chão curvava;
Aqui um cetro, ali um
trono estava,
Pendiam coroas mil de
grama, e louro.
Acabou-se (diz-me então) a desventura:
De quantos bens te exponho qual te
agrada,
Pois benigna os concedo, vai, procura.
Escolhi, acordei, e
não vi nada:
Comigo assentei logo
que a ventura
Nunca chega a passar
de ser sonhada.
Folhas Douradas
(Brad Kunkle: artista
norte-americano)
Referência:
GONZAGA, Tomás Antônio. Soneto II. In:
__________. Marília de Dirceu:
terceira parte. Lisboa, PT: Impressão Régia, 1812. p. 49.
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