Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 22 de maio de 2016

Tomás Antônio Gonzaga - Soneto II

Jurista e poeta que marcou o período arcádico da literatura brasileira – e que envolvido também esteve nos episódios da “Inconfidência Mineira” –, Gonzaga é o autor do famoso “Marília de Dirceu”, ele próprio a adotar o pseudônimo de Dirceu.

Imagina o poeta, em sonhos, que a Fortuna haveria de lhe dar todas as graças que por bem almejasse. Vão anseio: quando acordou nada do que imaginara em matéria de poder e riqueza estava à sua frente. Conclui então que a ventura não o seria jamais para os seus haveres.

J.A.R. – H.C.

Tomás Antônio Gonzaga
(1744-1810)

Soneto II

Num fértil campo de soberbo Douro,
Dormindo sobre a relva descansava,
Quando vi que a Fortuna me mostrava
Com alegre semblante o seu Tesouro.

De uma parte um montão de prata, e ouro
Com pedras de valor o chão curvava;
Aqui um cetro, ali um trono estava,
Pendiam coroas mil de grama, e louro.

Acabou-se (diz-me então) a desventura:
De quantos bens te exponho qual te agrada,
Pois benigna os concedo, vai, procura.

Escolhi, acordei, e não vi nada:
Comigo assentei logo que a ventura
Nunca chega a passar de ser sonhada.

Folhas Douradas
(Brad Kunkle: artista norte-americano)

Referência:

GONZAGA, Tomás Antônio. Soneto II. In: __________. Marília de Dirceu: terceira parte. Lisboa, PT: Impressão Régia, 1812. p. 49.

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