Mais do que um poema clássico do período simbolista de nossa literatura,
este poema do mineiro Alphonsus é um dos mais recitados em aulas de língua e
literatura em todo o Brasil, isso já há décadas, pois, ainda na segunda metade
dos anos 70 – quando este blogueiro era um secundarista –, já ele se encontrava
no livro que então usávamos.
Talvez em função de o poema ser mesmo uma referência, o Metrô de São
Paulo resolveu fixá-lo num mural de uma de suas estações, nomeadamente a
estação Paraíso, ali onde milhares de pessoas transitam todos os dias em
direção aos seus afazeres cotidianos.
J.A.R. – H.C.
Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)
Ilustração de
Laudelino Freire
Ismália
Quando Ismália
enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se
perdeu,
Banhou-se toda em
luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao
mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a
cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do
mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do
mar...
As asas que Deus lhe
deu
Ruflaram de par em
par...
Sua alma subiu ao
céu,
Seu corpo desceu ao
mar...
Sonho Provocado pelo Voo de uma Abelha
em torno de uma Romã um Segundo Antes de Acordar
(Salvador Dalí: pintor espanhol)
Referência:
GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In:
PINTO, José Nêumanne (Seleção). Os cem
melhores poetas brasileiros do século. São Paulo, SP: Geração Editorial,
2001. p. 26-27.
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