Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 3 de maio de 2016

Alphonsus de Guimaraens - Ismália

Mais do que um poema clássico do período simbolista de nossa literatura, este poema do mineiro Alphonsus é um dos mais recitados em aulas de língua e literatura em todo o Brasil, isso já há décadas, pois, ainda na segunda metade dos anos 70 – quando este blogueiro era um secundarista –, já ele se encontrava no livro que então usávamos.

Talvez em função de o poema ser mesmo uma referência, o Metrô de São Paulo resolveu fixá-lo num mural de uma de suas estações, nomeadamente a estação Paraíso, ali onde milhares de pessoas transitam todos os dias em direção aos seus afazeres cotidianos.

J.A.R. – H.C.

Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)
Ilustração de Laudelino Freire

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Sonho Provocado pelo Voo de uma Abelha
em torno de uma Romã um Segundo Antes de Acordar
(Salvador Dalí: pintor espanhol)

Referência:

GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: PINTO, José Nêumanne (Seleção). Os cem melhores poetas brasileiros do século. São Paulo, SP: Geração Editorial, 2001. p. 26-27.

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