O poeta mexicano exterioriza ideias semelhantes às que o norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882) o faz por meio deste outro poema: fala-se de Brahma, o deus criador no hinduísmo, uma estampa visível de um conceito ou princípio universal, a emergir do “oceano das causas” e a tudo abarcar – o bem e o mal, o tangível e o intangível, o começo e o fim.
Pleno desse sentido de criação e de recriação, de imanência cósmica e de transcendência, de equilíbrio entre os princípios opostos centrípeto e centrífugo, Brahma mantém-se em permanente êxtase de bondade, de misericórdia e de imparcialidade, simbolizando, em síntese, a mente universal, o intelecto e o conhecimento que a tudo abarca.
J.A.R. – H.C.
Amado Nervo
(1870-1919)
Brahma no piensa...
Ego sum qui sum.
Brahma no piensa: pensar limita.
Brahma no es bueno ni malo, pues
las cualidades en su infinita
substancia huelgan. Brahma es lo que es.
Brahma, en un éxtasis perenne, frío,
su propia esencia mirando está.
Si duerme, el Cosmos torna al vacío;
¡mas, si despierta, renacerá!
Octubre 12 de 1915.
Brahma
(Susanna Fields-Kuehl: artista norte-americana)
Brahma não pensa...
Ego sum qui sum. (*)
Brahma não pensa: pensar limita.
Brahma não é bom nem mau, pois
as qualidades em sua infinita
substância jazem. Brahma é o que é.
Brahma, em um êxtase perene, frio,
sua própria essência mirando está.
Se dorme, o Cosmos torna ao vazio;
mas se desperta, renascerá!
12 de outubro de 1915.
Nota:
(*) Epígrafe a reproduzir as palavras que Deus dirigiu a Moisés, em Êxodo 3:14.
Referência:
NERVO, Amado. Brahma no piensa. In:
__________. Poesías completas. Buenos Aires, AR: Editorial Schapire,
ago.1951. p. 282.
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