Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de janeiro de 2021

Sylvia Plath - Ovelha na Cerração

Os versos deste curto poema espelham os sentimentos do falante, vale dizer, permeados pela impressão de ser como uma ovelha desencaminhada, num mundo sombrio e sem sentido: o cenário à volta, em resposta, “consterna-se” com essa sensação de estranhamento, desalento e inquietude.

Os recursos metafóricos empregados, bem assim os expedientes de personificação, somente acentuam as consequentes ilações que o leitor pode arrebatar às linhas do poema: o ente lírico experimenta certo aperto por encontrar-se egresso de seus pares, não cedendo em harmonizar-se com suas expectativas.

J.A.R. – H.C.

 

Sylvia Plath

(1932-1963)

 

Sheep in Fog

 

The hills step off into whiteness.

People or stars

Regard me sadly, I disappoint them.

 

The train leaves a line of breath.

O slow

Horse the colour of rust,

 

Hooves, dolorous bells –

All morning the

Morning has been blackening,

 

A flower left out.

My bones hold a stillness, the far

Fields melt my heart.

 

They threaten

To let me through to a heaven

Starless and fatherless, a dark water.

 

Ovelhas na Cerração

(Elena Yushina: pintora crimeia)

 

Ovelha na Cerração

 

Os morros desaparecem na brancura.

Pessoas ou estrelas

Tristes me olham, desapontadas comigo.

 

O trem deixa uma linha de sopros.

O lento

Cavalo cor de ferrugem.

 

Cascos, dolorosos guizos –

Toda manhã a

Manhã esteve escura,

 

Uma flor esquecida.

Meus ossos gozam de uma calma, os campos

Longe derretem meu coração.

 

Tudo ameaça

Deixar-me ir por um céu

Sem estrelas e órfão, uma água espessa.


Referência:

PLATH, Sylvia. Sheep in fog / Ovelha na cerração. Tradução de Afonso Félix de Souza. In: KEYS, Kerry Shawn (Org.). Quingumbo. New North American Poetry / Nova Poesia Norte-Americana. Antologia bilíngue. São Paulo, SP: Escrita, 1980. Em inglês: p. 206; em português: p. 207. (Coleção ‘Marginais, Profetas e Malditos’)

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