O poema de Mund concentra-se em resenhar – claro está, de forma poética – os axiomas substanciais da filosofia estoica, doutrina fundada por Zenão de Cítio (333 a.C. – 263 a.C.) e disseminada por pensadores como Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.), Epicteto (50 d.C. – 135 d.C.) e Marco Aurélio (121 d.C. – 180 d.C.) – somente para ficarmos com os seus representantes mais ilustres.
Interessante observar que, nos dias que correm, muitos são os livros editados que resgatam orientações do acervo da Escola em comento, não exatamente com as suas lições originais, senão com interpretações que aplainam os seus contornos mais imbricados, com o fito de promover a sua divulgação ao público leitor – a exemplo de “A Arte de Viver”, de Epicteto, com glosas de Sharon Lebell, publicado pela Sextante em 2018.
J.A.R. – H.C.
Hugo Mund Júnior
(n. 1933)
A Substância do Estoico
A fantasia complica a retórica do dia,
todo cuidado é pouco para quem vive
sem nome a coisa indecifrável.
Apregoa a tua origem de alma saturada,
não há nada que te prenda,
larva que és ou mariposa.
As vozes disseminam a liturgia do queixume,
a embriaguez da secura,
enquanto entre as margens correm as águas.
Anula-se a arrogância na claridade,
a vida é um vulto sem nada oculto,
basta que no estoico se sustente o mundo.
A morte de Sêneca
(Jacques-Louis David: pintor francês)
Referência:
Nenhum comentário:
Postar um comentário