Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 16 de janeiro de 2021

Jorge Luis Borges - Limites

Extraído à obra “El hacedor” (“O Fazedor”), de 1960, o poema de hoje assoma aos olhos do leitor como se fosse um merencório adeus de Borges a coisas diletas que um dia experimentou em vida, assim como muitos o fazem em epígrafes e lápides, para deixar gravada à eternidade uma suma do que representou seus interesses neste plano de existência.

O autor argentino diz-nos que está nas imediações dos cinquenta anos, levando-nos a inferir que, a essa altura, encontrando-se já quase sem visão, intenta sublinhar o reforço da memória, ao assinalar a nitidez com que “vê” os livros de sua biblioteca – tão palpáveis quanto o enorme e erudito acervo que trazia maleavelmente em sua mente privilegiada!

J.A.R. – H.C.

 

Jorge Luis Borges

(1899-1986)

 

Limites

 

Hay una línea de Verlaine que no volveré a recordar,

Hay una calle próxima que está vedada a mis pasos,

Hay un espejo que me ha visto por última vez,

Hay una puerta que he cerrado hasta el fin del mundo.

Entre los libros de mi biblioteca (estoy viéndolos)

Hay alguno que ya nunca abriré.

Este verano cumpliré cincuenta años:

La muerte me desgasta, incesante.

 

De “Inscripciones” (Montevideo - 1923),

de Julio Platero Haedo.

 

O peregrino do mundo no fim de sua jornada

(Thomas Cole: pintor anglo-americano)

 

Limites

 

Há uma linha de Verlaine que não voltarei a recordar,

Há uma rua próxima que está vedada aos meus passos,

Há um espelho que me viu pela última vez,

Há uma porta que fechei até o fim do mundo.

Entre os livros de minha biblioteca (estou a vê-los)

Há algum que já nunca abrirei.

Este verão completarei cinquenta anos:

A morte me desgasta, incessante.

 

De “Inscrições” (Montevidéu - 1923),

de Julio Platero Haedo.


Referência:

BORGES, Jorge Luiz. Limites. In: __________. Obras completas. Volume I: 1923-1972. Edición dirigida y realizada por Carlos V. Frías.  Buenos Aires, AR: Emecé Editores, 1974. p. 849.

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