Com uma caixa de ferramentas onde cabem nomes ilustres do cinema –
Erice, Antonioni e Rosselini –, da pintura – Klee e Picasso – e da literatura –
Kafka, Kertész, Valéry, Svevo, Murilo, Drummond e Jorge Guillén –, o professor,
crítico e poeta paulista Augusto Massi tem todos os poderes para articular o
que quer que seja no âmbito da poesia.
Há nessa leva de artistas suficientes crueldade e ternura – quem não se
lembraria, aqui, do frequentado referente guevariano? –, tudo muito bem conjugado com
adjetivos os mais diversos, como os relacionados aos atributos do sagrado, do
irônico, do hipotético, do revelador, até mesmo do rancoroso, os quais,
torneados pelo “alicate da atenção”, são capazes de se converter no mais puro
objeto de arte.
J.A.R. – H.C.
Augusto Massi
(n. 1959)
Caixa de Ferramentas
Exploro a carga de
crueldade
e ternura que cada
uma delas
carrega e concentra.
Eis minhas
ferramentas:
os diários de Kafka,
os desenhos de Klee,
a sagrada leica de
Kertész,
os cahiers de Valéry
a visada irônica de
Svevo,
as elipses de Erice
as hipóteses de
Murilo,
revelações de
Rossellini,
a potência de
Picasso,
minérios rancorosos
de Drummond
o Más allá de Jorge Guillén
os territórios de
Antonioni
as lições da pedra
cabralina
o no estar del todo de Cortázar
as ideias de ordem de
Stevens
e o alicate da
atenção.
De: “Negativo”
Aventura de uma jovem
(Paul Klee: pintor
suíço naturalizado alemão)
Referência:
GONÇALVES, Aguinaldo José (Brasil);
ROCA, Juan Manuel (Colômbia) (Orgs.). Antologia
poética Brasil-Colômbia: para conocermos mejor. São Paulo: Editora Unesp;
Santa Fé de Bogotá: Associación de Editoriales Universitarias de Colombia,
1996. p. 40. (Prismas)
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