Hoje se comemora o “Dia dos Pais” e, claro, o bloguinho não poderia
passar em branco em tão significativa data. Mas resolvemos deixar uma
mensagem-poema sobre os sentimentos de um homem que não se fez pai – pelo menos
no âmbito biológico, assim se supõe.
É o próprio poeta, que não logrou ou abriu mão da paternidade. Nesse
contexto, como se costuma dizer com frequência, espera-se que ele tenha deixado
um legado de várias árvores plantadas, já que coletâneas de poesia deixou
bastantes, sendo, por isso mesmo, condecorado em vida pela excelência de sua
poética.
J.A.R. – H.C.
Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)
Poema
Meu coração paterno está vazio.
Ninguém o virá habitar!
A ninguém transmitirei esse amor
Puro e perfeito, que nada exige ou reclama.
A ninguém poderei dar o meu carinho paterno.
E a minha experiência de criança voltará comigo
Para a grande noite próxima.
Os meus pobres traços, não os herdará ninguém.
E desaparecerei contigo – ó tu que não vieste jamais
E que sinto misterioso e vivo, ao afagar cabelos que não cresceram
E mãos que não chegaram a se modelar.
Dia dos Pais
(David Larson Evans:
pintor norte-americano)
Referência:
SCHMIDT, Augusto Frederico. Poema. In:
__________. Nova antologia poética.
Organização e seleção de Rubem Braga. Rio de janeiro: Editora do Autor, 1964.
p. 129.
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