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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 9 de agosto de 2015

Augusto Frederico Schmidt - Poema sobre o pai que o poeta não foi

Hoje se comemora o “Dia dos Pais” e, claro, o bloguinho não poderia passar em branco em tão significativa data. Mas resolvemos deixar uma mensagem-poema sobre os sentimentos de um homem que não se fez pai – pelo menos no âmbito biológico, assim se supõe.

É o próprio poeta, que não logrou ou abriu mão da paternidade. Nesse contexto, como se costuma dizer com frequência, espera-se que ele tenha deixado um legado de várias árvores plantadas, já que coletâneas de poesia deixou bastantes, sendo, por isso mesmo, condecorado em vida pela excelência de sua poética.

J.A.R. – H.C.

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Poema

Meu coração paterno está vazio.
Ninguém o virá habitar!
A ninguém transmitirei esse amor
Puro e perfeito, que nada exige ou reclama.

A ninguém poderei dar o meu carinho paterno.
E a minha experiência de criança voltará comigo
Para a grande noite próxima.

Os meus pobres traços, não os herdará ninguém.
E desaparecerei contigo – ó tu que não vieste jamais
E que sinto misterioso e vivo, ao afagar cabelos que não cresceram
E mãos que não chegaram a se modelar.

Dia dos Pais
(David Larson Evans: pintor norte-americano)

Referência:

SCHMIDT, Augusto Frederico. Poema. In: __________. Nova antologia poética. Organização e seleção de Rubem Braga. Rio de janeiro: Editora do Autor, 1964. p. 129.

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