Para mostrar que a obra de Melville não se limita a “Moby Dick”,
transcrevemos a seguir um poema seu, a constar numa interessante antologia, na
qual as poesias foram criteriosamente selecionadas a partir de justificativas
fornecidas pelos diversos leitores, enfim também transladadas à coletânea.
Melville, que tinha origem judaica, faz alusão à luta descrita no Velho
Testamento entre o anjo do Senhor e o patriarca Jacó. Mas refere-se ao anjo
como o anjo da arte, para daí extrair a ideia de uma luta entre a audácia e a
reverência, a cada gênese de uma obra-prima.
J.A.R. – H.C.
Herman Melville
(1819-1891)
Art
In placid hours well-pleased we dream
Of many a brave unbodied scheme.
But form to lend, pulsed life create,
What unlike things must meet and mate:
A flame to melt − a wind to freeze;
Sad patience − joyous energies;
Humility − yet pride and scorn;
Instinct and study; love and hate;
Audacity − reverence. These must mate,
And fuse with Jacob’s mystic heart,
To wrestle with the angel − Art.
Jacó lutando com o anjo
(Alexander Louis
Leloir: pintor francês)
Arte
Nas felizes horas
plácidas sonhamos
Com tantos bravos
esquemas informes.
Então uma forma a
tomar, que vida vibrante cria,
Aquilo a que coisas
distintas devem juntar-se e procriar:
Uma chama a queimar –
uma brisa a refrescar;
Triste procrastinação
– jubilantes energias;
Humildade – ainda que
orgulhosa e tola;
Instinto e instrução
– amor e ódio;
Eis que devem
multiplicar-se: audácia e reverência,
E fundir-se ao
coração místico de Jacó
Para duelar com um
anjo – a Arte.
(Tradução de Jonatan Rafael da Silva)
Referência:
MELVILLE, Herman. Art. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the favorite
poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 185.
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