É sobre a força encantadora da natureza, seu poder e beleza, que se detém
o poema de hoje, de autoria do poeta norte-americano Robinson Jeffers. Diz-nos
ele que se fôssemos capazes de conciliar o poder e o desejo, certamente teríamos a faculdade de expressar o melhor do que há em cada um de nós, a bondade
em primeiro lugar, ou seja, seu predicado mais conforme a essa mesma natureza.
Há beleza por toda parte! E ela não é uma necessidade inarredável de qualquer
estado do mundo natural, senão a expressão benevolente da criação, com quem a
humanidade há de entrar em comunhão e equilíbrio perenes.
J.A.R. – H.C.
Robinson Jeffers
(1887-1962)
The Excesses of
God
Is it not by his high superfluousness we know
Our God? For to be equal a need
Is natural, animal, mineral: but to fling
Rainbows over the rain
And beauty above the moon, and secret rainbows
On the domes of deep sea-shells,
And make the necessary embrace of breeding
Beautiful also as fire,
Not even the weeds to multiply without blossom
Nor the birds without music:
There is the great humaneness at the heart of
things,
The extravagant kindness, the fountain
Humanity can understand, and would flow likewise
If power and desire were perch-mates.
De: “Tamar” (1920-1923)
Pôr de sol no Ártico com arco-íris
(William Bradford:
pintor norte-americano)
Os Excessos de Deus
Não é por sua superabundância
que conhecemos
O nosso Deus? Pois
equivaler a uma necessidade
É natural, animal,
mineral: porém dotar
De arco-íris a chuva
E de beleza a lua, e de
secretos arco-íris
Os domos das conchas na
profundidade marinha,
E fazer belo como o
fogo
O vital abraço da
procriação,
Que nem mesmo as
ervas daninhas se multiplicam sem floração
Tampouco os pássaros
sem música:
Eis aí o grande predicado
humano no coração das coisas,
A extravagante
benevolência, a fonte
Que a humanidade é
capaz de compreender, e como tanto fluiria
Se o poder e o desejo
pousassem numa mesma fronde.
Referência:
JEFFERS, Robinson. The excesses of god. In: NOSTRAND, Albert D. Van;
WATTS II, Charles H. (Eds.). The conscious
voice: an anthology of american
poetry from seventeenth century to the present. New York, NY: The Liberal Arts
Press, 1959. p. 395.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário