Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 29 de agosto de 2015

Francisco Alvim - A Poesia

O domínio do valorativo dentro da expressão poética sempre foi e será objeto de muita controvérsia, mesmo que o belo possa ser melhor apurado por um juízo estético cultivado e criterioso.

É sobre tais dilemas que o poeta e diplomata mineiro Francisco Alvim se atém em seu poema: não há unidade de medida capaz de mensurar a excelência da poesia!

Ela pode surgir do inopinado, assim como de mananciais já em tese exauridos. Mas o que importa é a lavra de onde se extrai o mais belo cristal, seja ele revestido de criatividade, seja de humor, de malícia ou até mesmo de ineditismo.

J.A.R. – H.C.

Francisco Alvim
(n. 1938)

A Poesia

Houve um tempo
em que Schmidt e Vinicius
dividiam as preferências
como maior poeta do Brasil.
Quando, por unanimidade ou quase,
nesse jogo tolo
de se querer medir tudo,
Drummond foi o escolhido,
ele comentou:
alguém já me mediu
com fita métrica
para saber se de fato sou
o maior poeta?

Estava certo.
Pois a poesia
quando ocorre
tem mesmo a perfeição
do metro –
nem o mais
nem o menos
– só que de um metro nenhum
um metro de nadas.

Polímnia: musa da poesia lírica
(Giovanni Baglione: pintor italiano)

Referência:

ALVIM, Francisco. A Poesia. In: GULLAR, Ferreira et al. Boa companhia: poesia. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2003. p. 29.

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