O domínio do valorativo dentro da expressão poética sempre foi e será
objeto de muita controvérsia, mesmo que o belo possa ser melhor apurado por um
juízo estético cultivado e criterioso.
É sobre tais dilemas que o poeta e diplomata mineiro Francisco Alvim se
atém em seu poema: não há unidade de medida capaz de mensurar a excelência da
poesia!
Ela pode surgir do inopinado, assim como de mananciais já em tese
exauridos. Mas o que importa é a lavra de onde se extrai o mais belo cristal,
seja ele revestido de criatividade, seja de humor, de malícia ou até mesmo de
ineditismo.
J.A.R. – H.C.
Francisco Alvim
(n. 1938)
A Poesia
Houve um tempo
em que Schmidt e
Vinicius
dividiam as
preferências
como maior poeta do
Brasil.
Quando, por
unanimidade ou quase,
nesse jogo tolo
de se querer medir
tudo,
Drummond foi o
escolhido,
ele comentou:
alguém já me mediu
com fita métrica
para saber se de fato
sou
o maior poeta?
Estava certo.
Pois a poesia
quando ocorre
tem mesmo a perfeição
do metro –
nem o mais
nem o menos
– só que de um metro
nenhum
um metro de nadas.
Polímnia: musa da poesia lírica
(Giovanni Baglione:
pintor italiano)
Referência:
ALVIM, Francisco. A Poesia. In: GULLAR, Ferreira et al. Boa companhia: poesia. São Paulo, SP:
Companhia das Letras, 2003. p. 29.
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