Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Eugenio Montejo - Volta aos teus deuses profundos

Forças vitais que nos habitam e nos dão sentido, como arraigadas “chamas” ou “peixes” no mais profundo do ser, nossos “deuses” emitem “ecos” que precisam ser decifrados para que cheguemos à plenitude, à sabedoria e à harmonia com os princípios atemporais ou transcendentes, ocultos na essência mesma das coisas.

 

No “fundo” do nosso sangue, onde a luz é escassa e a visão se processa de modo diferençado, há uma presença ou um agente motor que nos incita naturalmente a nos conectarmos com as nossas raízes, exigindo-nos que as interpretemos de uma forma mais acurada, a partir do conjunto de nossos talentos e debilidades, para que sejamos capazes de otimizar o resultado a que poderemos ascender.

 

J.A.R. – H.C.

 

Eugenio Montejo

(1938-2008)

 

Vuelve a tus dioses profundos

 

Vuelve a tus dioses profundos;

están intactos,

están al fondo con sus llamas esperando;

ningún soplo del tiempo las apaga.

Los silenciosos dioses prácticos

ocultos en la porosidad de las cosas.

Has rodado en el mundo más que ningún guijarro;

perdiste tu nombre, tu ciudad,

asido a visiones fragmentarias;

de tantas horas ¿qué retienes?

La música de ser es disonante

pero la vida continúa

y ciertos acordes prevalecen.

La tierra es redonda por deseo

de tanto gravitar;

la tierra redondeará todas las cosas

cada una a su término.

De tantos viajes por el mar

de tantas noches al pie de tu lámpara,

sólo estas voces te circundan;

descifra en ellas el eco de tus dioses;

están intactos,

están cruzando mudos con sus ojos de peces

al fondo de tu sangre.

 

O Conselho dos Deuses

(Cornelis van Poelenburgh: pintor holandês)

 

Volta aos teus deuses profundos

 

Volta aos teus deuses profundos;

estão intactos,

estão ao fundo com suas chamas à espera;

nenhum sopro do tempo as apaga.

Os silenciosos e práticos deuses,

ocultos na porosidade das coisas.

Tens rodado pelo mundo mais do que nenhum seixo;

perdeste teu nome, tua cidade,

capturado por visões fragmentárias;

de tantas horas, o que reténs?

A música do ser é dissonante,

mas a vida continua

e certos acordes prevalecem.

A terra é redonda pelo desejo

de tanto gravitar;

a terra arredondará todas as coisas

cada uma a seu termo.

De tantas viagens pelo mar,

de tantas noites ao pé do teu lampadário,

só estas vozes te circundam;

decifra nelas o eco dos teus deuses;

estão intactos,

atravessam mudos com seus olhos de peixe

ao fundo do teu sangue.

 

Referência:

 

MONTEJO, Eugenio. Vuelve a tus dioses profundos. In: SERRANO, Francisco (Selección y Prólogo). 24 poetas latinoamericanos. Edición de Rocío Miranda. 1. ed. México, D.F.: CIDCLI, 1997. p. 249. (Coedición ‘Latinoamericana’)

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