Forças vitais que nos
habitam e nos dão sentido, como arraigadas “chamas” ou “peixes” no mais
profundo do ser, nossos “deuses” emitem “ecos” que precisam ser decifrados para
que cheguemos à plenitude, à sabedoria e à harmonia com os princípios atemporais
ou transcendentes, ocultos na essência mesma das coisas.
No “fundo” do nosso
sangue, onde a luz é escassa e a visão se processa de modo diferençado, há uma
presença ou um agente motor que nos incita naturalmente a nos conectarmos com
as nossas raízes, exigindo-nos que as interpretemos de uma forma mais acurada, a
partir do conjunto de nossos talentos e debilidades, para que sejamos capazes
de otimizar o resultado a que poderemos ascender.
J.A.R. – H.C.
Eugenio Montejo
(1938-2008)
Vuelve a tus dioses
profundos
Vuelve a tus dioses
profundos;
están intactos,
están al fondo con
sus llamas esperando;
ningún soplo del
tiempo las apaga.
Los silenciosos
dioses prácticos
ocultos en la
porosidad de las cosas.
Has rodado en el
mundo más que ningún guijarro;
perdiste tu nombre,
tu ciudad,
asido a visiones
fragmentarias;
de tantas horas ¿qué
retienes?
La música de ser es
disonante
pero la vida continúa
y ciertos acordes
prevalecen.
La tierra es redonda
por deseo
de tanto gravitar;
la tierra redondeará
todas las cosas
cada una a su
término.
De tantos viajes por
el mar
de tantas noches al
pie de tu lámpara,
sólo estas voces te
circundan;
descifra en ellas el
eco de tus dioses;
están intactos,
están cruzando mudos
con sus ojos de peces
al fondo de tu
sangre.
O Conselho dos Deuses
(Cornelis van
Poelenburgh: pintor holandês)
Volta aos teus deuses
profundos
Volta aos teus deuses
profundos;
estão intactos,
estão ao fundo com
suas chamas à espera;
nenhum sopro do tempo
as apaga.
Os silenciosos e
práticos deuses,
ocultos na porosidade
das coisas.
Tens rodado pelo
mundo mais do que nenhum seixo;
perdeste teu nome,
tua cidade,
capturado por visões
fragmentárias;
de tantas horas, o
que reténs?
A música do ser é
dissonante,
mas a vida continua
e certos acordes
prevalecem.
A terra é redonda
pelo desejo
de tanto gravitar;
a terra arredondará
todas as coisas
cada uma a seu termo.
De tantas viagens
pelo mar,
de tantas noites ao
pé do teu lampadário,
só estas vozes te
circundam;
decifra nelas o eco
dos teus deuses;
estão intactos,
atravessam mudos com
seus olhos de peixe
ao fundo do teu
sangue.
Referência:
MONTEJO, Eugenio. Vuelve
a tus dioses profundos. In: SERRANO, Francisco (Selección y Prólogo). 24
poetas latinoamericanos. Edición de Rocío Miranda. 1. ed. México, D.F.:
CIDCLI, 1997. p. 249. (Coedición ‘Latinoamericana’)
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário