É sobre a construção
de um novo mundo, na virada de um ano para outro, que nos falam as três quintilhas
deste poema: tudo, é claro, são metáforas no transcurso dos versos, devotados a
uma espécie de transformação da alma e, por que não dizer, também do corpo, com
o objetivo de fazer vibrar os carrilhões de uma nova manhã.
Precisamos tanger os
fios da alma para recriar o paraíso agora, não depois, quando poderá ser tarde
demais: esta pavana se revela como um oportuno chamado para que transitemos da
noite para o dia, da escuridão das trevas para a mais bela luz da alvorada. Com
efeito, vê-se a humanidade dotada de avançados mísseis teleguiados, mas
totalmente desorientada no plano mental ou espiritual – âmbito no qual pouco avançamos
em milênios!
J.A.R. – H.C.
Elder James Olson
(1909-1992)
Pavane for the New
Year
Soul, plucking the
many strings
Of my limbs like
puppet’s, make them dance,
Dance, dance, in
sombre joy,
That after all the
sullen play
The old world falls,
the new world forms.
A thought like music
takes us now,
So like, that every
soul must move,
Move in a most
stately measure,
And souls and bodies
tread in time
Till all the trembling
towers fall down.
And now the stones
arise again
Till all the world is
built anew
And now in one accord
like rhyme,
And we who wound the
midnight clock
Hear the clock of
morning chime.
Os carrilhões sob a
névoa
(Peter Wood: pintor
inglês)
Pavana para o Ano
Novo
Alma, retesando as
muitas cordas
De meus membros como
fantoches, faça-os dançar,
Dançar, dançar, em
sombria alegria,
Que depois de todo o
jogo soturno
O velho mundo rui, um
novo mundo se forma.
Um pensamento como a
música nos leva agora,
De modo que cada alma
deva se mover,
Se mover em medida mais
imponente,
E almas e corpos marchem
no tempo
Até que desabem todas
as torres trêmulas.
E então se ergam as
pedras de novo
Até que todo o mundo novamente
esteja de pé,
Mas agora em um só ajuste,
feito rima;
E nós, que damos
corda ao relógio da meia-noite,
Ouçamos ressoar o
relógio da manhã.
Referência:
OLSON, Elder James. Pavane
for the new year. Poetry Magazine, Chicago, IL: Poetry Foundation, v.
73, n. 3, p. 150, dec. 1948. Disponível neste endereço. Acesso em: 23 dez.
2022.
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