Quatro curtas tríades
e lá temos em palavras a representação de algumas das mais relevantes obras do
pintor holandês, em combinação com fatos de sua vida mental, digo melhor, da
insanidade que lhe acometeu em plena idade produtiva, a torná-lo ranzinza, quando
lá se foi uma de suas orelhas, qual seja, a do lado direito, como pode o leitor
ratificar pelo célebre autorretrato pintado à época.
Morto aos 37 anos, correu
uma lágrima pela vida tão curta desse atormentado artista, por sinal, abreviada
com as próprias mãos. Diz o poeta que tal lágrima foi recolhida e guardada numa
“caixinha de joias”, como gema equiparável às suas “joias” pictóricas – que tiveram
ainda de aguardar alguns anos, até que alcançassem o devido reconhecimento.
J.A.R. – H.C.
Ademir Assunção
(n. 1961)
A Lágrima de Van Gogh
o ar da tarde reflete
as flores do
arco-íris
mudas, as cores giram
lisérgica dança de
Shiva
sobre o campo de
girassóis
centeio embolorado
: autorretrato da
Loucura
nas pupilas em chamas
& uma única
lágrima
guardada
na caixinha de joias
Lote com girassol
(Vincent van Gogh: pintor
holandês)
Referência:
ASSUNÇÃO, Ademir. A
lágrima de Van Gogh. In: DANIEL, Claudio; BARBOSA, Frederico (Organização, seleção
e notas). Na virada do século: poesia de invenção no Brasil. São Paulo,
SP: Landy, 2007. p. 39.
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