Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 29 de janeiro de 2023

Ademir Assunção - A Lágrima de Van Gogh

Quatro curtas tríades e lá temos em palavras a representação de algumas das mais relevantes obras do pintor holandês, em combinação com fatos de sua vida mental, digo melhor, da insanidade que lhe acometeu em plena idade produtiva, a torná-lo ranzinza, quando lá se foi uma de suas orelhas, qual seja, a do lado direito, como pode o leitor ratificar pelo célebre autorretrato pintado à época.

 

Morto aos 37 anos, correu uma lágrima pela vida tão curta desse atormentado artista, por sinal, abreviada com as próprias mãos. Diz o poeta que tal lágrima foi recolhida e guardada numa “caixinha de joias”, como gema equiparável às suas “joias” pictóricas – que tiveram ainda de aguardar alguns anos, até que alcançassem o devido reconhecimento.

 

J.A.R. – H.C.

 

Ademir Assunção

(n. 1961)

 

A Lágrima de Van Gogh

 

o ar da tarde reflete

as flores do arco-íris

 

mudas, as cores giram

lisérgica dança de Shiva

sobre o campo de girassóis

 

centeio embolorado

: autorretrato da Loucura

nas pupilas em chamas

 

& uma única lágrima

guardada

na caixinha de joias

 

Lote com girassol

(Vincent van Gogh: pintor holandês)

 

Referência:

 

ASSUNÇÃO, Ademir. A lágrima de Van Gogh. In: DANIEL, Claudio; BARBOSA, Frederico (Organização, seleção e notas). Na virada do século: poesia de invenção no Brasil. São Paulo, SP: Landy, 2007. p. 39.

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