Num tom confessional,
a discorrerem sobre sentimentos que podem ter provocado desgaste emocional ao
ente lírico, as linhas deste poema retratam certa renúncia ao controle absoluto
de humores e de emoções tóxicas, como o ódio e as ofensas, tendo eles, de qualquer
maneira, algum potencial para serem canalizados a algo positivo.
Isto porque não se
descuida de que o amor e o ódio operam em linhas conexas, sendo coabitáveis numa
mesma criatura, sem prejuízo de que outros sentimentos, como a mágoa, sigam a
suscitar desconforto naqueles que se julgam mais atingidos: com efeito, quando
o conflito é legítimo, o melhor a fazer é mesmo “discutir a relação”.
J.A.R. – H.C.
Frank O’Hara
(1926-1966)
Poem
Hate is only one of
many responses
true, hurt and hate
go hand in hand
but why be afraid of
hate, it is only there
think of filth, is it
really awesome
neither is hate
don’t be shy of
unkindness, either
it’s cleansing and
allows you to be direct
like an arrow that
feels something
out and out meanness,
too, lets love breathe
you don’t have to
fight off getting in too deep
you can always get
out if you’re not too scared
an ounce of
prevention’s
enough to poison the
heart
don’t think of others
until you have
thought of yourself, are true
all of these things,
if you feel them
will be graced by a
certain reluctance
and turn into gold
if felt by me, will
be smilingly deflected
by your mysterious
concern
Amor e Ódio
(Elena DeRosa:
artista italiana)
Poema
Ódio é apenas uma de
muitas reações
verdadeiras, ofensa e
ódio andam de mãos dadas,
mas por que temer o
ódio, ele existe – e pronto
pense no lixo, ele é
de fato terrível
e assim é o ódio
não se envergonhe da
crueldade, também
em processo de
limpeza, e que lhe permite ser direta
qual flecha que sente
alguma coisa
francamente torpe,
deixe o amor respirar
você não terá de
repelir se for muito ao fundo
sempre poderá sair se
não estiver assustado
uma pitada de cautela
basta para envenenar
o coração
não pense nos outros
antes de pensar em si
mesmo, são legítimas
todas essas coisas,
se você as sentir
será agraciado por
certa relutância
e transformando em
ouro
se sentindo por mim,
sorridentemente desviado
por sua misteriosa
preocupação
Referências:
Em Inglês
O’HARA, Frank. Poem.
In: __________. Collected poems of Frank O’Hara. Edited by Donald Allen
with an introduction by John Ashbery. First paperback printing. Berkeley (CA):
University of California Press, 1995. p. 333-334.
Em Português
O’HARA, Frank. Poema.
Tradução de Hélio Pólvora. In: KOSTELANETZ, Richard. (Org.). Viagem à
literatura americana contemporânea. Tradução de Jaime Bernardes et alii.
Rio de Janeiro, RJ: Nórdica, 1985. p. 283.
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