Este é o segundo
soneto, relacionado à “Segunda Dor”, do “Setenário das Dores de Nossa Senhora”,
de 1899, poemário de estreia poética de um dos grandes mestres do simbolismo
brasileiro, em obra, como um todo, sobranceiramente místico-religiosa: nos
versos, a alusão aos Reis Magos, segundo o que se descreve tão apenas no Evangelho
de Mateus (2: 1-12).
Nada obstante, a
derradeira linha do poema se reporta, claro está, ao exórdio do Evangelho de
João ou, mais precisamente, ao que se enuncia em (Jo 1: 1-2): “No princípio era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus”. E “o verbo se fez carne” (Jo 1: 14), homem portanto, para tornar
manifesta a grandeza de Deus.
J.A.R. – H.C.
Alphonsus de
Guimaraens
(1870-1921)
Fora uma estrela de
fulgor imenso
Fora uma estrela de
fulgor imenso
Que os guiara, em
noite incerta, ao Lugar-Santo...
Mirra trouxera
Belthesar incenso,
Gaspar: Melchior, o
ouro que fulge tanto.
Eram vales e montes,
e era o denso
Bosque, e o campo
espraiado em verde manto:
E ao luar, todo de
jaspe, e ao sol intenso,
Seguiam na asa de
celeste encanto.
Quando se viram sob o
mesmo teto
Que abrigara a
Família imaculada,
Brotou-lhes na Alma a
flor do etéreo Afeto.
E os Reis Magos,
olhar humilde e terno,
Os Diademas tiraram,
poeira e nada,
Diante dAquele que
era o Verbo eterno...
Em busca de um poder
superior
(Jen Norton: pintora
norte-americana)
Referência:
GUIMARANES,
Alphonsus. Fora uma estrela de fulgor imenso. In: __________. Poesia
completa. Organização de Alphonsus de Guimaraens Filho, com a colaboração
de Alexei Bueno e Afonso Henriques Neto. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova
Aguilar, 2001. p. 220-221. (Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira)
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