Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Alphonsus de Guimaraens - Fora uma estrela de fulgor imenso

Este é o segundo soneto, relacionado à “Segunda Dor”, do “Setenário das Dores de Nossa Senhora”, de 1899, poemário de estreia poética de um dos grandes mestres do simbolismo brasileiro, em obra, como um todo, sobranceiramente místico-religiosa: nos versos, a alusão aos Reis Magos, segundo o que se descreve tão apenas no Evangelho de Mateus (2: 1-12).

 

Nada obstante, a derradeira linha do poema se reporta, claro está, ao exórdio do Evangelho de João ou, mais precisamente, ao que se enuncia em (Jo 1: 1-2): “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus”. E “o verbo se fez carne” (Jo 1: 14), homem portanto, para tornar manifesta a grandeza de Deus.

 

J.A.R. – H.C.

 

Alphonsus de Guimaraens

(1870-1921)

 

Fora uma estrela de fulgor imenso

 

Fora uma estrela de fulgor imenso

Que os guiara, em noite incerta, ao Lugar-Santo...

Mirra trouxera Belthesar incenso,

Gaspar: Melchior, o ouro que fulge tanto.

 

Eram vales e montes, e era o denso

Bosque, e o campo espraiado em verde manto:

E ao luar, todo de jaspe, e ao sol intenso,

Seguiam na asa de celeste encanto.

 

Quando se viram sob o mesmo teto

Que abrigara a Família imaculada,

Brotou-lhes na Alma a flor do etéreo Afeto.

 

E os Reis Magos, olhar humilde e terno,

Os Diademas tiraram, poeira e nada,

Diante dAquele que era o Verbo eterno...

 

Em busca de um poder superior

(Jen Norton: pintora norte-americana)

 

Referência:

 

GUIMARANES, Alphonsus. Fora uma estrela de fulgor imenso. In: __________. Poesia completa. Organização de Alphonsus de Guimaraens Filho, com a colaboração de Alexei Bueno e Afonso Henriques Neto. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 2001. p. 220-221. (Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira)


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