Este poema é uma sequência
a um outro com semelhante título – “Cuttings” (“Cortes”):
nele, o falante associa imagens da natureza, digo melhor, de plantas, ao ciclo
de nascimento e de morte do ser humano, para, desse modo, denotar o seu obstinado
anelo por transformação espiritual e transcendência, atingindo assim um
restaurado estado de santimônia.
Aquilo que se decepa logra
ressurgir em outros termos, mais conformes a uma condição de plena consciência,
como se o poeta experimentasse completa emancipação em relação aos seus
momentos de prostração, enriquecendo-se destarte por repentes cada vez mais
espiritualizados, cada vez mais reintegrados ao divino.
J.A.R. – H.C.
Theodore Roethke
(1908-1963)
Cuttings (later)
This urge, wrestle,
resurrection of dry sticks,
Cut stems struggling
to put down feet,
What saint strained
so much,
Rose on such lopped
limbs to a new life?
I can hear,
underground, that sucking and sobbing,
In my veins, in my
bones I feel it –
The small waters
seeping upward,
The tight grains
parting at last.
When sprouts break
out,
Slippery as fish,
I quail, lean to beginnings,
sheath-wet.
1948
Combatentes
(Arnaud Montenon:
artista francês)
Cortes (mais tarde)
Esta urgente,
estorcida ressurreição de gravetos secos,
Troncos decepados
lutando para se porem de pé,
Que santo, assim
retesado,
Ergueu-se sobre tais membros
cortados para uma vida nova?
Posso ouvir, sob o
solo, a aspiração, o soluço,
Sinto-os em meus
ossos e veias –
As águas diminutas
escoando-se para cima,
Os grãos compactos partindo-se por fim.
Quando os brotos
irrompem,
Escorregadios como peixes,
Recuo e me inclino
para os começos, relva encharcada?
1948
Referências:
Em Inglês
ROETHKE, Theodore.
Cuttings (later). In: AXELROD, Steven Gould; ROMAN, Camille; TRAVISANO, Thomas
(Eds.). The new anthology of american poetry. Vol. 3: Postmodernisms
1950-Present. New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 2012. p. 20-21.
Em Português
ROETHKE, Theodore. Cortes
(mais tarde). Tradução de Flávio de Mello e Silva. In: KOSTELANETZ, Richard.
(Org.). Viagem à literatura americana contemporânea. Tradução de Jaime
Bernardes et alii. Rio de Janeiro, RJ: Nórdica, 1985. p. 193.
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