O falante do poema é um
dervixe, espécie de asceta ou mendicante do islamismo sufista, de que se
conhecem as célebres cerimônias devocionais, nas quais os membros rodopiam em
transes hipnóticos, inspirados num simbolismo cósmico – como o da ronda dos
planetas em torno do sol –, com o claro propósito de alcançar o êxtase
religioso.
Dele se obtém uma
resposta orientadora sobre no que haveria de consistir a sabedoria, um estado
de distanciamento a permitir uma mirada mais ampla e serena desta realidade
reflexa, certa condição desinteressada em relação às convicções e às certezas
humanas, e o retorno à unicidade fundamental com o divino e o transcendente.
J.A.R. – H.C.
Ida Vitale
(n. 1923)
Respuesta del
Derviche
Quizás
la sabiduría consista
en alejarse si algo
vibra
a nuestro movimiento
(porque la horrible
araña
cae sobre la víctima)
para ver,
refleja como una
estrella,
la realidad distante.
De ese modo
la situación florece
a nuestros ojos
– o pierde
uno a uno
sus pétalos –
como una especie
vista
por primera vez.
Y juzgaremos triste,
vano zurcido
que nada repara,
el dibujo trivial de
nuestro gesto,
improbable amuleto
contra la emigración
de las certezas.
Sufi a rodopiar
(Fabrizio Cassetta:
artista italiano)
Resposta do Dervixe
Talvez
a sabedoria consista
em afastar-se se algo
vibra
ao nosso movimento
(porque a horrível
aranha
cai sobre a vítima)
para ver,
refletida como uma
estrela,
a realidade distante.
Desse modo
a situação floresce a
nossos olhos
– ou perde
uma a uma
as suas pétalas –
como uma espécie
vista
pela primeira vez.
E julgaremos triste,
vã cerzidura
que nada repara,
o desenho trivial de
nosso gesto,
improvável amuleto
contra a emigração
das certezas.
Referência:
VITALE, Ida. Respuesta
del dervixe. In: BORDA, Juán Gustavo Cobo (Selección, prólogo y notas). Antología
de la poesía hispanoamericana. 1. ed. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1985. p. 347.
(Colección ‘Tierra Firme’)
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