Aos poetas dedicados a entoar loas a naturezas-mortas, o vate canadense
sugere paragens orientais, pela graça da palavra, no Japão ou na China, onde há
belas urnas, flores salpicadas de vermelho nos jardins e erros bastantes para
esgotar as possibilidades de se atingir um alvo com sucesso.
Ao final, ainda há chance de se ouvir um canto entoado em homenagem aos
frequentes mortos que são vitimados pelas enchentes do Rio Amarelo. E claro,
quando nos dedicamos a falar da China, as cifras sempre são expressivas: o
poeta refere-se a uma que levou cem mil almas, mas a de 1931, por exemplo,
provocou mais de um milhão de mortes!
J.A.R. – H.C.
E. J. Pratt
(1882-1964)
Still Life
To the poets who have fled
To pools where little breezes dusk and
shiver,
Who need still life to deliver
Their souls of their songs –
There are roses blanctied of red
In the Orient gardens, Japanese urns to
limn
With delicate words, and enough wrongs
To exhaust an Olympian quiver,
And time, be it said,
For a casual hymn
To be sung for the hundred thousand
dead
In the mud of the Yellow River.
Paisagem Japonesa
(Laura Climent:
pintora espanhola)
Natureza-Morta
Aos poetas que fugiram
Rumo a lagoas onde crepitam e ondulam
parcas brisas,
Que necessitam de natureza-morta para
liberar
Suas almas das canções que compõem –
Há rosas salpicadas de vermelho
Nos jardins orientais, urnas japonesas
a esmiuçar
Com palavras delicadas, erros
suficientes
Para exaurir as setas de uma aljava
olímpica,
E, digamos, tempo
Para que um eventual hino
Seja entoado aos cem mil mortos
Pelo
lodo das enchentes do Rio Amarelo.
Referência:
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário