O poeta provoca a todos em sua elocução crítica, a partir de um ponto
de vista em que o trabalhador detém alguma parcela de poder – em clara oposição
ao famoso poema de Brecht (“Perguntas de um Operário que Lê”, apresentado aqui em três versões), no qual o obreiro
ainda aparece como um leitor a questionar as razões pelas quais não estão
associadas as riquezas do mundo àqueles que, efetivamente, as produzem.
É o compromisso com a história que nos faz perceber que há mais conexões
entre as formas de expressão poética de Brecht, Braun e Maiakóvski do que poderia imaginar a nossa vã filosofia política: procuram eles esgotar as possibilidades
do compromisso social, levando em conta as metáforas do marxismo.
J.A.R. – H.C.
Volker Braun
(n. 1939)
Fragen eines regierenden Arbeiters
So viele Berichte.
So wenig Fragen.
Die Zeitungen melden
unsere Macht.
Wie viele von uns
Nur weil sie nichts
zu melden hatten
Halten noch immer den
Mund versteckt
Wie ein Schamteil?
Die Sender funken der
Welt unsern Kurs.
Wie, an den laufenden
Maschinen, bleibt
Uns eine Wahl
zwischen zwei Hebeln?
A uf den Plátzen
stehn unsere Namen.
Steht jeder auf dem
Platz
Die neuen Beschlüsse
Zu verfiigen? Manche
verfiigen sich nur
In die Fabriken. A uf
den Thronen sitzen
Unsre Leute: fragt
ihr uns
Oft genug? Warum
Reden wir nicht
immer?
Trabalhadores
Perguntas de um trabalhador regente
Tantos relatos.
Tão poucas perguntas.
Os jornais anunciam
nosso poder.
Quantos de nós
só por nada terem a
dizer
ainda mantém a boca
oculta
como as vergonhas?
As emissoras irradiam
ao mundo nosso curso.
Como, com as máquinas
rodando, nos resta
uma escolha entre
duas forcas?
Nossos nomes estão
nos lugares.
Estão todos em
posição
de decretar
as novas decisões?
Alguns resignam-se apenas
nas fábricas. Nos
tronos senta-se
gente nossa: vocês
nos perguntam
o suficiente? Por que
não falamos sempre?
Referência:
BRAUN, Volker. Fragen eines regierenden
arbeiters / Perguntas de um trabalhador regente. Tradução de Rui Rothe-Neves
& Georg Wink. In: ROTHE-NEVES, Rui; WINK, Georg (Seleção, Tradução e
Notas). Entre a guerra e o muro:
coletânea bilíngue comentada. Belo Horizonte, MG: Tessitura Editora, 2007. Em
alemão: p. 55; em português: p. 54.
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