Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Alberto de Oliveira - A Alma e o Corpo

Corpo e alma se desavêm em algum lugar do binômio “espaço x tempo”: e cada qual se dirige ao outro para evocar o anagrama que se lhe associa, conformando a natureza imutável de cada metade daquilo que, por suposto, integraria o ser humano.

 

A alma dirige-se ao corpo lembrando-lhe que, por simples inversão de letras, seu nome passa a denominar o “porco”, que adora chafurdar na lama. Mas ora, o que haveria de lhe retrucar o corpo? Claro: um anagrama possível da palavra alma é “lama”, logo o “habitat” preferencial do próprio porco! E assim, vivem os dois nessa imanente realidade do humano!

 

J.A.R. – H.C.

 

Alberto de Oliveira

(1857-1937)

 

A Alma e o Corpo

 

“Em muitas línguas as mesmas letras e

sílabas tem o corpo, do que o porco”

Bernardes, Os últimos fins do homem.

...Alma, a qual se decompõe em lama, se

lhe trocais as letras.

C. C. Branco.

 

A Alma

 

O meu desprezo profundo

Dou-te. És, ó corpo, anagrama

Do animal pesado e imundo

Que se rebolca na lama.

 

O Corpo

 

Fátua, que divina chama

Supões possuir neste mundo,

Vê que perfeito anagrama

Formam também alma e lama.

 

Em: “Alma e Céu”

 

Corpo - Espírito - Alma

(An Yuu: artista italiana)

 

Referência:

 

OLIVEIRA, Alberto de. A alma e o corpo. In: __________. Poesias. Quarta série: 1912-1925. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1928. p. 80.

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