Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 18 de agosto de 2018

H. W. Longfellow - A Catedral

O soneto abaixo era um dos três que prefaciavam a tradução de Longfellow para o inglês, do “Inferno”, de “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, razão pela qual o poeta os agrupou aos outros dois – que introduziam as partes do “Purgatório” e do “Paraíso” –, nomeando-os, apropriadamente, com o título original do autor italiano.

Quanto ao título conferido ao soneto pelo tradutor brasileiro, não existe no original de Longfellow, muito embora se adapte bem ao aspecto de uma catedral certamente gótica descrita em seus versos, haja vista as alusões a gárgulas, lucíferes e dragões, torres e multidões de estátuas – assim como no caso da portentosa Catedral de Reims, na França.

J.A.R. – H.C.

 

H. W. Longfellow

(1807-1882)

 

Divina Commedia

 

II

 

How strange the sculptures that adorn these towers!

This crowd of statues, in whose folded sleeves

Birds build their nests; while canopied with leaves

Parvis and portal bloom like trellised bowers,

And the vast minster seems a cross of flowers!

But fiends and dragons on the gargoyled eaves

Watch the dead Christ between the living thieves,

And, underneath, the traitor Judas lowers!

Ah! from what agonies of heart and brain,

What exultations trampling on despair,

What tenderness, what tears, what hate of wrong,

What passionate outcry of a soul in pain,

Uprose this poem of the earth and air,

This mediæval miracle of song!

 

Catedral de Reims

(Domenico Quaglio: pintor alemão)

 

A Catedral

 

Como são estranhas as esculturas que adornam estas torres!

Essa multidão de estátuas, em cujas dobras das mangas

Os pássaros fazem em seus ninhos; sob um dossel de folhas

O adro e o pórtico floridos como caramanchões em

forma de latadas.

E a vasta basílica sugere uma cruz de flores!

Os demos e dragões nas carrancas das goteiras do telhado

Contemplam o Cristo morto entre os dois ladrões,

ainda vivos

E, aos seus pés, o traidor Judas, cabisbaixo!

Oh! que agonias do coração e do espírito,

Que exultações calcando o desespero,

Que ternura, que lágrimas, que remorso pelo crime,

Que grito apaixonado de uma alma agoniada,

Sobrepujam esse poema da terra e do céu,

Esse milagre de cântico medieval!


Referências:

Em Inglês

LONGFELLOW, H. W. Divina Commedia – II. In: __________. Complete poetical works. Edited by Horace E. Scudder. Boston (MA), New Work (NY): Houghton, Mifflin & Co., 1893. p. 292.

Em Português

LONGFELLOW, H. W. A Catedral. Tradução de Bezerra de Freitas. In: LISBOA, Henriqueta (Org.). Antologia escolar de poemas para a juventude. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, Tecnoprint, 1981. p. 132.

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