Se não estiver equivocado quanto ao
real sentido que o poeta gostaria de atribuir ao poema, o que se tem em seus
versos são, de fato, as conjecturas que norteiam uma sociedade coletivista, na
qual há pouca margem para as individualidades e particularidades, devendo os
pares se adaptar às normas uniformemente prescritas.
Por óbvio, nem tanto ao mar nem tanto à
terra: se o individualismo é condenável naquilo que projeta o homem à volta do
próprio umbigo, por outro lado, o coletivismo não vê o homem, senão apenas a
sociedade. Como afirmava Martin Buber, aqui a face do homem está escondida, ali
distorcida. E assim continuamos a patinar no dilema magistralmente exposto nas
elucubrações filosóficas de Norberto Bobbio: igualdade x liberdade!...
J.A.R. – H.C.
Reiner Kunze
(n. 1933)
Der hochwald erzieht seine bäume
Der hochwald erzieht seine bäume
Sie des lichtes entwöhnend, zwingt er sie,
all ihr grün in die kronen zu schicken
Die fähigkeit,
mit allen zweigen zu atmen,
das talent,
äste zu haben nur so aus freude,
verkümmern
Den regen siebt er, vorbeugend
der leidenschaft des durstes
Er lässt die bäume grösser werden
wipfel an wipfel:
Keiner sieht mehr als der andere,
dem wind sagen alle das gleiche
Oliveiras com céu amarelo e sol
(Vincent van Gogh: pintor holandês)
O bosque educa as suas árvores
O bosque educa as suas árvores
Desabituando-as da luz, obriga-as
a remeter todo o verdor para as copas
A capacidade
de respirar por todos os ramos,
o talento
de deitar galhos assim só por prazer
vão estiolando
Coa a chuva, prevenindo
a paixão da sede
Deixa crescer as árvores
coruto a coruto:
nenhuma vê mais que as outras,
ao vento todas dizem o mesmo
Referência:
KUNZE, Reiner. Der hochwald erzieht
seine bäume / O bosque educa as suas árvores. Tradução de Renato Correia. In:
__________. Poemas. Traduções de Luz Videira e Renato Correia;
introdução de Renato Correia. Edição coordenada por Karl Heinz Delille. Porto,
PT: Paisagem, 1984. Em alemão: p. 26; em português: p. 27. (“Estudos
Literários”; v. 1)
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