Este soneto de Frost, com disposição
topográfica nada convencional, começando e terminando com o mesmo verso a
afirmar que o autor – ou o ente lírico – travou conhecimento com a noite, tem
por tema básico a perspectiva do isolamento urbano, do desânimo ou do pouco
consolo que se tem, depois de tanto vaguear pelas ruas escuras da cidade,
apesar de se estar cercado por muitos.
Outra leitura viável do poema seria
tomá-lo por sua dimensão metafórica, de forma a associá-lo a um padrão de vida
de alguém que, em seu histórico, passou por duras experiências, pervagando por
uma espécie de noite mental, sem perspectiva de encontrar luz ao fim do túnel,
capaz de lhe restaurar a autoconfiança.
Robert Frost
(1874-1963)
Acquainted with the Night
I have been one acquainted with the
night.
I have walked out in rain – and back in
rain.
I have outwalked the furthest city light.
I have looked down the saddest city
lane.
I have passed by the watchman on his
beat
And dropped my eyes, unwilling to
explain.
I have stood still and stopped the
sound of feet
When far away an interrupted cry
Came over houses from another street,
But not to call me back or say
good-bye;
And further still at an unearthly
height,
One luminary clock against the sky
Proclaimed the time was neither wrong
nor right.
I
have been one acquainted with the night.
Um encontro com a
chuva
(Leonid
Afremov: pintor israelense)
Travar Conhecimento com a Noite
Sou um que travou conhecimento com a
noite.
Eu fui passear na chuva – e na chuva
voltei.
Deixei longe a luz mais distante da
cidade.
Olhei a mais triste ruela da urbe.
Passei pelo vigia em sua ronda
E para não explicar baixei os olhos.
Fiquei imóvel sem o barulho dos meus
passos
Quando de longe um grito interrompido
Veio, por sobre as casas, de outra rua,
Mas não era chamado ou despedida;
E mais longe ainda, numa altura
incrível,
Contra o céu, havia um relógio
iluminado
Proclamando que a hora não era certa
nem errada.
Fui
um que travou conhecimento com a noite.
Referências:
Em Inglês
FROST, Robert. Acquainted with the
night. In: __________. Complete poems of Robert Frost. Seventeenth
Printing. New York, NY: Holt, Rinehart and Winston, 1964. p. 324.
Em Português
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