Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Philip Larkin - As Árvores

A natureza revela os seus “truques” para manter-se aparentemente “imortal”, como as árvores que desfolham ao longo do outono e do inverno, para renascerem com toda a força na primavera, durante o mês de maio – isto no hemisfério norte, está claro –, com essa história completa a revelar-se pelos anéis que se formam em seus troncos.

Mas o poeta faz um paralelo desse modus vivendi com o do existir humano: fala ele dos castelos que, transcorridos os dias mais frios da temporada, tornam-se outra vez frenéticos, com os seus bailes e festanças, revivendo os dias mais felizes da existência de seus domiciliados.

J.A.R. – H.C.

Philip Larkin
(1922-1985)

The Trees

The trees are coming into leaf
Like something almost being said;
The recent buds relax and spread,
Their greenness is a kind of grief.

Is it that they are born again
And we grow old? No, they die too,
Their yearly trick of looking new
Is written down in rings of grain.

Yet still the unresting castles thresh
In fullgrown thickness every May.
Last year is dead, they seem to say,
Begin afresh, afresh, afresh.

A Amoreira
Vincente Van Gogh: pintor holandês

As Árvores

As árvores começam a dar folhas
Como algo a ponto de ser dito;
Os novos brotos medram e pululam,
Num verdor que é um tipo de pesar.

Porventura elas renascem e nós só
Definhamos? Não, também morrem.
A aparência de novas dá-se pelo truque
Desvelado pelos anéis do madeiro.

Além disso, a cada maio, os irrequietos
Castelos agitam-se com toda a flama.
Findou-se o último ano, parecem dizer,
Que tudo inicie outra vez, outra vez.

Referência:

LARKIN, Philip. The trees. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best ‎‎poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, ‎‎2009. p. 159.

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