A natureza revela os seus “truques” para manter-se aparentemente “imortal”,
como as árvores que desfolham ao longo do outono e do inverno, para renascerem
com toda a força na primavera, durante o mês de maio – isto no hemisfério
norte, está claro –, com essa história completa a revelar-se pelos anéis que se
formam em seus troncos.
Mas o poeta faz um paralelo desse “modus vivendi” com o do existir humano: fala ele dos castelos que,
transcorridos os dias mais frios da temporada, tornam-se outra vez frenéticos,
com os seus bailes e festanças, revivendo os dias mais felizes da existência de
seus domiciliados.
J.A.R. – H.C.
Philip Larkin
(1922-1985)
The Trees
The trees are coming
into leaf
Like something almost
being said;
The recent buds relax
and spread,
Their greenness is a
kind of grief.
Is it that they are
born again
And we grow old? No,
they die too,
Their yearly trick of
looking new
Is written down in
rings of grain.
Yet still the
unresting castles thresh
In fullgrown thickness
every May.
Last year is dead,
they seem to say,
Begin afresh, afresh,
afresh.
A Amoreira
Vincente Van Gogh:
pintor holandês
As Árvores
As árvores começam a
dar folhas
Como algo a ponto de
ser dito;
Os novos brotos medram
e pululam,
Num verdor que é um tipo
de pesar.
Porventura elas
renascem e nós só
Definhamos? Não, também
morrem.
A aparência de novas dá-se
pelo truque
Desvelado pelos anéis
do madeiro.
Além disso, a cada
maio, os irrequietos
Castelos agitam-se
com toda a flama.
Findou-se o último
ano, parecem dizer,
Que tudo inicie outra
vez, outra vez.
Referência:
LARKIN, Philip. The trees. In: BENSON,
Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT,
Cicely (Eds.). Best poems on the underground.
1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 159.
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