É sobre a beleza do mundo, mutável em todas as coisas sob o sol, que o
poeta, jesuíta como já antes o dissemos, vem a expressar, com confiança e
estilo, a sua fé religiosa: percebe ele o heraclitiano fluxo de tudo quanto
está exposto às contingências do tempo.
De estável, mesmo, só a beleza que o poeta atribui ao Criador, razão suficiente
para louvá-lo, ainda que haja coisas que aos nossos olhos pareçam estranhas, a vogarem
“fora do quadrado”, destoantes da comum paisagem a que estamos rotineiramente
acostumados.
J.A.R. – H.C.
Gerard Manley Hopkins
(1844-1889)
Pied Beauty
Glory be to God for
dappled things –
For skies of couple-colour
as a brinded cow;
For rose-moles all in
stipple upon trout that swim;
Fresh-firecoal
chestnut-falls; finches’ wings;
Landscape plotted and
pieced – fold, fallow, and plough;
And áll trádes, their
gear and tackle and trim.
All things counter,
original, spare, strange;
Whatever is fickle,
freckled (who knows how?)
With swift, slow;
sweet, sour; adazzle, dim;
He fathers-forth
whose beauty is past change:
Praise him.
Paisagem Pastoril
(Claude Lorrain:
pintor francês)
Beleza Multicor
Glória a Deus pelas
coisas pintalgadas –
Pelos céus bicolores
como vaca malhada;
Pelas rajas rosadas no
ponteado da truta a nadar;
As frescas brasas
ardentes das castanhas caídas; as asas dos tentilhões;
A paisagem parcelada
e delimitada – redil, pastagem e lavoura;
E todos os ofícios, suas
ferramentas, equipagens e guarnições.
Todas as coisas
infensas, originais, ímpares e insólitas,
O que seja mutável, sarapintado (quem sabe como?)
Com rápido, lento;
doce, amargo; brilho e escuridão;
Expressa-as Aquele
cuja beleza jamais se altera:
Exaltai-O.
Referência:
HOPKINS, Gerard Manley. Pied beauty. In:
SMITH, Philip (Ed.). 100 best-loved
poems. New York, NY: Dover Publication Inc., 1995. p. 74.
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