Os mistérios do encontro pautam o sentido que se
pode atribuir ao belo poema que Emerson dedica à ródora, uma planta nativa das
áreas encharcadas do nordeste dos EUA, região onde o fotógrafo Eliot Porter
colheu a imagem que ilustra esta postagem, em New Hampshire.
Sob a ótica do poeta, a ródora é tão bela quanto a
rosa, mas sem a aclimatação desta aos ambientes de nossas residências, senão
aos espaços indômitos da natureza, lá onde pode ser encontrada por todos,
comungando da mesma força criadora que prodigaliza a beleza pelos quatro cantos
da terra.
J.A.R. – H.C.
Ralph Waldo Emerson
(1803-1882)
The Rhodora
On being asked, whence is the flower?
In May, when
sea-winds pierced our solitudes,
I found the fresh
Rhodora in the woods,
Spreading its
leafless blooms in a damp nook,
To please the desert
and the sluggish brook.
The purple petals,
fallen in the pool,
Made the black water
with their beauty gay;
Here might the
red-bird come his plumes to cool,
And court the flower
that cheapens his array.
Rhodora! if the sages
ask thee why
This charm is wasted
on the earth and sky,
Tell them, dear, that
if eyes were made for seeing,
Then Beauty is its
own excuse for being:
Why thou wert there,
O rival of the rose!
I never thought to
ask, I never knew;
But, in my simple
ignorance, suppose
The self-same Power
that brought me there brought you.
Ródoras
(Eliot Porter:
fotógrafo norte-americano)
A Ródora
Ao ser perguntado, de onde vem a flor?
Em maio, quando a
brisa marinha rompia nossas solidões,
Encontrei a fresca Ródora
nos bosques,
Juncando sua
esfolhada floração num recanto úmido,
Para regalar o
deserto e o lânguido riacho.
As pétalas lilases,
caídas na lagoa,
Tingiam a água escura
com a sua vívida beleza;
Aqui poderia o
cardeal vir refrescar as plumas,
E cortejar a flor que
eclipsa suas galas.
Ródora! Se os sábios
te perguntassem por que
Esse encanto se
desperdiça entre a terra e o céu,
Dir-lhes-ias,
querida, que se a função dos olhos é a visão,
Então a Beleza tem a sua
razão em simplesmente existir:
Por que lá te
encontravas – ó rival da rosa! –,
Jamais pensei em
perguntar, jamais o soube;
Porém suponho, em
minha singela ignorância,
Que para lá fomos
arrastados pelo mesmo Poder.
Referência:
EMERSON, Ralph
Emerson. The rhodora. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000.
p. 91.
❁


Nenhum comentário:
Postar um comentário