Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de setembro de 2017

Ralph Waldo Emerson - A Ródora

Os mistérios do encontro pautam o sentido que se pode atribuir ao belo poema que Emerson dedica à ródora, uma planta nativa das áreas encharcadas do nordeste dos EUA, região onde o fotógrafo Eliot Porter colheu a imagem que ilustra esta postagem, em New Hampshire.

Sob a ótica do poeta, a ródora é tão bela quanto a rosa, mas sem a aclimatação desta aos ambientes de nossas residências, senão aos espaços indômitos da natureza, lá onde pode ser encontrada por todos, comungando da mesma força criadora que prodigaliza a beleza pelos quatro cantos da terra.

J.A.R. – H.C.

Ralph Waldo Emerson
(1803-1882)

The Rhodora

On being asked, whence is the flower?

In May, when sea-winds pierced our solitudes,
I found the fresh Rhodora in the woods,
Spreading its leafless blooms in a damp nook,
To please the desert and the sluggish brook.
The purple petals, fallen in the pool,
Made the black water with their beauty gay;
Here might the red-bird come his plumes to cool,
And court the flower that cheapens his array.
Rhodora! if the sages ask thee why
This charm is wasted on the earth and sky,
Tell them, dear, that if eyes were made for seeing,
Then Beauty is its own excuse for being:
Why thou wert there, O rival of the rose!
I never thought to ask, I never knew;
But, in my simple ignorance, suppose
The self-same Power that brought me there brought you.

Ródoras
(Eliot Porter: fotógrafo norte-americano)

A Ródora

Ao ser perguntado, de onde é a flor?

Em Maio, quando a brisa marinha rompeu nossa solidão,
Encontrei a fresca Ródora nos bosques,
Alastrando suas desfolhadas flores num recanto úmido,
Para regalar o deserto e o lento riacho.
As pétalas lilases, caídas na poça,
Preenchiam a água escura com a sua vívida beleza;
Aqui o cardeal pode vir refrescar as penas,
E cortejar a flor que eclipsa a sua plumagem.
Ródora! Se os sábios te perguntassem por que
Esse encanto se desperdiça entre a terra e o céu,
Dir-lhes-ias, querida, que se os olhos fossem feitos para ver,
Então a Beleza seria o motivo para que eles existissem:
Por que lá te encontravas, ó rival da rosa!
Jamais pensei em perguntar, nunca o soube;
Porém suponho, em minha simples ignorância,
Que para lá fomos arrastados pelo mesmo Poder.

Referência:

EMERSON, Ralph Emerson. The rhodora. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 91.

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