Não estou suficientemente convicto de que o poema abaixo, de Frost,
esteja apenas se reportando aos elementos naturais do farfalhar e do balanço
das árvores que muito lhe incomodariam, senão à necessidade premente de o ser
humano buscar aventuras em outros lugares, não se limitando ao que lhe parece
seguro ou familiar.
Não bastam maturidade e sabedoria para melhor se apreciar a vida: há que
se ter temperamento arrojado, capaz de desafiar as convenções e fazer evoluir o
espírito, o qual, de outro modo, apenas se limitaria a “oscilar”, sem, contudo,
sair do lugar.
J.A.R. – H.C.
Robert Frost
(1874-1963)
The Sound of Trees
I wonder about the
trees.
Why do we wish to
bear
Forever the noise of
these
More than another noise
So close to our
dwelling place?
We suffer them by the
day
Till we lose all
measure of pace,
And fixity in our
joys,
And acquire a
listening air.
They are that that
talks of going
But never gets away;
And that talks no
less for knowing,
As it grows wiser and
older,
That now it means to
stay.
My feet tug at the
floor
And my head sways to
my shoulder
Sometimes when I
watch trees sway,
From the window or
the door.
I shall set forth for
somewhere,
I shall make the
reckless choice
Some day when they
are in voice
And tossing so as to
scare
The white clouds over
them on.
I shall have less to
say,
But I shall be gone.
Casa Antiga Entre Árvores
(R. W. Goetting:
pintor norte-americano)
O Som das Árvores
Interrogo-me sobre as
árvores.
Por que tencionamos
suportar
Incessantemente o seu
farfalhar
Mais do que qualquer
outro ruído
Tão perto de nossa
morada?
Nós as suportamos dia
após dia
Até perdermos todo o
senso de ritmo
E de constância em
nossas alegrias,
Assumindo então um ar
de ouvintes.
Elas se parecem a
quem fala em partir
Embora nunca se retire;
E a quem fala não
menos por saber,
Conquanto se torne
mais velho e sábio,
O que de pronto
significa quedar-se.
Às vezes, meus pés
arrastam-se pelo chão
E a cabeça move-se
até o ombro
Ao vê-las oscilar,
A partir da janela ou
da porta.
Algum dia, partirei
para outro lugar,
Adotarei a alternativa
mais ousada
Quando as árvores
farfalharem
E se agitarem, a
ponto de assustar as
Brancas nuvens que
sobre elas passam.
Menos terei a dizer,
Mas partirei.
Referência:
FROST, Robert. The sound of the trees. In:
BENÉT, William Rose; AIKEN, Conrad (Eds.). An
anthology of famous english and american poetry. New York, NY: Random House
Inc., 1945. p. 753. (‘The Modern Library’)
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