Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Robert Frost - O Som das Árvores

Não estou suficientemente convicto de que o poema abaixo, de Frost, esteja apenas se reportando aos elementos naturais do farfalhar e do balanço das árvores que muito lhe incomodariam, senão à necessidade premente de o ser humano buscar aventuras em outros lugares, não se limitando ao que lhe parece seguro ou familiar.

Não bastam maturidade e sabedoria para melhor se apreciar a vida: há que se ter temperamento arrojado, capaz de desafiar as convenções e fazer evoluir o espírito, o qual, de outro modo, apenas se limitaria a “oscilar”, sem, contudo, sair do lugar.

J.A.R. – H.C.

Robert Frost
(1874-1963)

The Sound of Trees

I wonder about the trees.
Why do we wish to bear
Forever the noise of these
More than another noise
So close to our dwelling place?
We suffer them by the day
Till we lose all measure of pace,
And fixity in our joys,
And acquire a listening air.
They are that that talks of going
But never gets away;
And that talks no less for knowing,
As it grows wiser and older,
That now it means to stay.
My feet tug at the floor
And my head sways to my shoulder
Sometimes when I watch trees sway,
From the window or the door.
I shall set forth for somewhere,
I shall make the reckless choice
Some day when they are in voice
And tossing so as to scare
The white clouds over them on.
I shall have less to say,
But I shall be gone.

Casa Antiga Entre Árvores
(R. W. Goetting: pintor norte-americano)

O Som das Árvores

Interrogo-me sobre as árvores.
Por que tencionamos suportar
Incessantemente o seu farfalhar
Mais do que qualquer outro ruído
Tão perto de nossa morada?
Nós as suportamos dia após dia
Até perdermos todo o senso de ritmo
E de constância em nossas alegrias,
Assumindo então um ar de ouvintes.
Elas se parecem a quem fala em partir
Embora nunca se retire;
E a quem fala não menos por saber,
Conquanto se torne mais velho e sábio,
O que de pronto significa quedar-se.
Às vezes, meus pés arrastam-se pelo chão
E a cabeça move-se até o ombro
Ao vê-las oscilar,
A partir da janela ou da porta.
Algum dia, partirei para outro lugar,
Adotarei a alternativa mais ousada
Quando as árvores farfalharem
E se agitarem, a ponto de assustar as
Brancas nuvens que sobre elas passam.
Menos terei a dizer,
Mas partirei.

Referência:

FROST, Robert. The sound of the trees. In: BENÉT, William Rose; AIKEN, Conrad (Eds.). An anthology of famous english and american poetry. New York, NY: Random House Inc., 1945. p. 753. (‘The Modern Library’)

Nenhum comentário:

Postar um comentário