Este breve metapoema de Nêumanne lança mão dos padrões manifestos nas
poesias dos poetas Hopkins e Paz, tomando-os um por vez, a começar pela do mexicano
na primeira estrofe, pela do poeta e padre jesuíta inglês na segunda, mesclando-os
na graciosa síntese da copla derradeira.
De fato, há um confronto entre os motes do profano e do sagrado, embora
o sagrado de Hopkins muitas vezes assuma a tônica do sofrimento, de impotência
e de melancolia que o assolou em seus frequentes momentos de dúvida religiosa.
J.A.R. – H.C.
José Nêumanne Pinto
(n. 1951)
Gerard Manley Hopkins & Octavio Paz
Poesia é tentação
(adjetivos, prazeres
da carne,
pronomes, tempero e
sabor,
verbos, alívio à
dor).
Poesia é temperança
(fugir para o
deserto,
baixar o colesterol,
cortar peles e
sofrer).
Depois da tempestade,
vem esperança;
após utopia,
vale tudo:
temperança na
tentação,
um hábito da
perfeição.
Amor Sagrado e Amor Profano
(Ticiano Veccelio:
pintor italiano)
Referência:
NÊUMANNE PINTO, José. Gerard Manley
Hopkins & Octavio Paz. In: __________. As
tábuas do sol: 2. Apolo. Campina Grande, PB: Grafset - Gráfica e Editora
Ltda., 1982. p. 43.
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