Um poema breve, mas de muito significado, ao questionar o valor da
conveniência: em termos imediatos, faz sentido botar abaixo o esqueleto da
árvore, para atenuar o frio; mas a médio prazo, o resultado é a perda das
cerejas nas vindouras primaveras.
Meio assim como a fábula da formiga e da cigarra: uma ponderando pelo
agora – a cigarra –; outra agindo no momento presente pelo que amanhã ocorrerá –
a formiga. E aquele que assume a moderação aristotélica dirá: nem tanto ao mar, nem tanto à terra!
J.A.R. – H.C.
William Carlos Williams
(1883-1963)
The bare tree
The bare cherry tree
higher than the roof
last year produced
abundant fruit. But
how
speak of fruit
confronted
by that skeleton?
Though live it may be
there is no fruit on
it.
Therefore chop it
down
and use the wood
against this biting
cold.
Árvores sem Folhas
(Andrew Wyeth: pintor
norte-americano)
A árvore sem folhas
A cerejeira sem folhas
mais alta que o teto
deu ano passado
muita fruta. Como
falar porém de fruta diante
desse esqueleto?
Embora possa estar
vivo
não há fruta nele.
Por isso derrubem-no
e usem a lenha contra
este frio cortante.
Referência:
WILLIAMS, William Carlos. The bare tree
/ A árvore sem folhas. Tradução de José Paulo Paes. In: __________. Poemas. Seleção, tradução e estudo
crítico de José Paulo Paes. Edição bilíngue. São Paulo, SP: Companhia das
Letras, 1987. Em inglês: p. 168; em português: p. 169.
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