Para esta terça-feira, perdida no meio de setembro, trago dois poemas
selecionados à antologia em referência, pertencentes à seção ‘Funcionários’,
tudo levando a crer que os seus autores são professores da Universidade do Vale
do Paraíba.
Quero dizer, pelo menos Paulo Roxo Barja, conforme consta à p. 102 da
obra, apresenta-se como docente da Univap desde fevereiro de 2002. E mais: é
Doutor em Física, pela Unicamp, torce pelo Santos e participa do Grupo Lunatus
de Música Medieval. Uma nota: vindo, assim, das denominadas “Ciências Exatas”,
algo a estranhar em seu poema, enquadrado na mais matemática de todas as formas
poéticas?!...
Já Paulo Roberto Grangeiro Rodrigues é psicólogo de formação, Mestre em
Psicologia Social e Doutorado na mesma área. Ademais, é letrista da Música
Popular Brasileira. Vai aqui uma rápida glosa ao seu poema: deveras espirituoso, ao
fazer conexões reversas entre as experiências vivenciadas pelos astronautas e
pelos lunáticos ou alucinados aqui na Terra.
J.A.R. – H.C.
Paulo Roberto G. Rodrigues
Esfera Lunar
Aqueles que
alunissaram
não viram Deus, mas
viram o infinito.
E pulando no solo
lunar
naturalmente
alucinaram.
Aqueles que
alucinaram
não viram um deus,
mas
a infinidade deles.
E pesando na sólida
Terra
magicamente
alunissaram.
z
Paulo Roxo Barja
Soneto Numérico
Poetas falam muito de
infinito.
Do amor que sentem,
dizem: “perco a conta”.
Não fazem cálculos,
só rimas tontas
e vários versos, mas
nenhum bonito.
Poetas mentem. Nenhum
é sincero.
“Beijo 1000 vezes...”
É, quem conta um conto...
só foram três ou quatro
beijos, ponto!
Muito exagero, noves
fora, zero.
São quatro-olhos
vendo as três-marias.
Pintam o sete. Dizem
ler poesia,
mas mal disfarçam sua
miopia.
Agora escutem,
escrevam depois:
não exagerem! Num
verso de amor,
se “1000” é muito,
ainda é menos que “2”.
Cabeça Onírica
(Di Cavalcanti:
pintor carioca)
Referências:
RODRIGUES, Paulo Roberto Grangeiro.
Esfera lunar. In: BAGDONAVICIUS, Olga et al. (Coordenação e organização dos
textos). Antologia poética 2002. São
José dos Campos, SP: Univap, 2002. p. 101.
BARJA, Paulo Roxo. Soneto numérico. In:
BAGDONAVICIUS, Olga et al. (Coordenação e organização dos textos). Antologia poética 2002.
São José dos Campos, SP: Univap, 2002. p. 102.
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