Este poema sinistramente belo, escrito por Plath pouco antes de sua
morte, alude ao mito grego em que Medeia, traída por Jasão, mata os filhos
havidos dessa relação, como forma de se vingar do marido infiel.
Não há como se deixar de perceber o estado fatigado das imagens e
palavras empregadas pela poetisa, que, no limite, somente é capaz de enxergar o
epílogo de sua própria existência, haja vista que finda já estava a sua relação
com o também poeta Ted Hughes.
O resto é a sua própria biografia: Plath não chegou ao limite extremo de
Medeia, pois não matou os dois filhos que teve com o poeta, Frieda e Nicholas,
senão a si própria, na manhã fatídica do dia 11 de fevereiro de 1963.
J.A.R. – H.C.
(1932-1963)
Edge
The woman is
perfected.
Her dead
Body wears the smile
of accomplishment,
The illusion of a
Greek necessity
Flows in the scrolls
of her toga,
Her bare
Feet seem to be
saying:
We have come so far,
it is over.
Each dead child
coiled, a white serpent,
One at each little
Pitcher of milk, now
empty.
She has folded
Them back into her
body as petals
Of a rose close when
the garden
Stiffens and odors
bleed
From the sweet, deep
throats of the night flower.
The moon has nothing
to be sad about,
Staring from her hood
of bone.
She is used to this
sort of thing.
Her blacks crackle
and drag.
(Renee Lammers:
artisa norte-americana)
Limite
A mulher alcançou a
perfeição.
Seu corpo
Morto exibe o sorriso
da realização,
A ilusão de uma
necessidade grega
Flui pelas dobras de
sua toga,
Seus pés
Nus parecem dizer:
Chegamos tão longe,
eis o fim.
Cada criança morta e
enfaixada, qual serpente branca,
Uma para cada pequena
Jarra de leite, agora
vazia.
Ela as abrigou
De volta em seu corpo
como pétalas
De uma rosa crispada,
quando o jardim
Se enrijece e aromas
sangram
das doces e profundas
fauces da flor noturna.
Não tem a lua motivos
para entristecer-se,
Espreitando desde o
seu capuz de osso.
Ela está acostumada
com esse tipo de coisa.
Suas trevas crepitam
e desgarram-se.
Referência:
PLATH, Sylvia. Edge. In: McCLATCHY, J.
D. (Ed.). The vintage book of
contemporary american
poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 378-379.
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