Este poema de Blake, quer por simbolismos quer por conceitos abstratos,
explora algumas ideias filosóficas sobre a natureza da humanidade, detentora de
divinas qualidades, segundo ele, mas que são corrompidas pelas forças
destrutivas de estados opressores d’alma.
Com efeito, Misericórdia, Piedade, Paz e Amor, enquanto virtudes
cristãs, são a própria representação divina e, ao mesmo tempo, características
humanas, a serem apreciadas por qualquer pessoa, independentemente de origem, credo
ou cultura. Afinal, fomos ou não criados à sua imagem?!
J.A.R. – H.C.
Retratado por Thomas
Phillips
(1757-1827)
The Divine Image
To Mercy, Pity,
Peace, and Love
All pray in their
distress;
And to these virtues
of delight
Return their
thankfulness.
For Mercy, Pity,
Peace, and Love
Is God, our father
dear,
And Mercy, Pity,
Peace, and Love
Is Man, his child and
care.
For Mercy has a human
heart,
Pity a human face,
And Love, the human
form divine,
And Peace, the human
dress.
Then every man, of
every clime,
That prays in his
distress,
Prays to the human
form divine,
Love, Mercy, Pity,
Peace.
And all must love the
human form,
In heathen, Turk, or
Jew;
Where Mercy, Love,
and Pity dwell
There God is dwelling
too.
(Gravura de Gustave
Doré para uma das cenas
do “Purgatório” de “A
Divina Comédia” de Dante)
A Imagem Divina
A Dó, Piedade, Paz e
Amor,
Todos oram em sua
aflição;
E a essas virtudes de
valor
Retribuem com
gratidão.
Pois Dó, Piedade, Paz
e Amor
São Deus, nosso pai
amado;
E Dó, Piedade, Paz e
Amor
São o Homem, seu
filho e cuidado.
E humano é o coração
da Piedade,
O Dó se mostra em
humana face,
O Amor é humana
divindade
E a Paz, um humano
disfarce.
Cada homem, de cada
clima,
Que prece em
desespero faz,
Reza à forma
humano-divina:
Amor, Piedade, Dó e
Paz.
E devem amar ao
aspecto humano
Pagão, judeus e
muçulmanos.
Onde há Amor, Dó e
Piedade,
Também reside a
Divindade.
Referência:
BLAKE, William. The divine image / A
imagem divina. In: __________. Canções
da inocência e canções da experiência. Tradução, textos introdutórios e
comentários de Gilberto Sorbini e Weimar de Carvalho. Edição bilíngue
comentada. São Paulo, SP: Disal, 2005. Em inglês: p. 41; em português: p. 40.
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