Os tradutores deste que é um dos mais famosos poemas de Blake, informam
em seus comentos (BLAKE, 2005, p. 142), que a intenção do poeta em grafar a
palavra “(...) tigre com “y” seria a de atribuir ao animal uma característica
misteriosa, transcendental e alienígena (no final do século XVIII somente uma
minoria que já havia visitado um zoológico sabia como era um tigre, que é um
animal asiático)”.
O poema, como se nota, tem uma estrutura simples, embora, em suas
inúmeras perguntas, revele a intenção de inquirir sobre as razões de a natureza
– uma obra de arte enquanto reflexo de seu criador – conjugar num mesmo ser, como
o tigre, tanta beleza e ferocidade. E para confrontar opostos, Blake concatena
seus versos com a figura dócil e suave do cordeiro, levando-nos a perguntar se,
no mundo natural, bem e mal se processam tal como se passa na mente humana?!...
J.A.R. – H.C.
William Blake
(1757-1827)
Retrato de Thomas
Philipps
The Tyger
Tyger! Tyger! burning
bright,
In the forests of the
night,
What immortal hand or
eye
Could frame thy
fearful symmetry?
In what distant deeps
or skies
Burnt the fire of
thine eyes?
On what wings dare he
aspire?
What the hand, dare
seize the fire?
And what shoulder,
& what art,
Could twist the
sinews of thy heart?
And when thy heart
began to beat,
What dread hand?
& what dread feet?
What the hammer? what
the chain?
In what furnace was
thy brain?
What the anvil? what
dread grasp
Dare its deadly
terrors clasp!
When the stars threw
down their Spears,
And water'd heaven
with their tears,
Did he smile his work
to see?
Did he who made the
Lamb make thee?
Tyger! Tyger! burning
bright
In the forests of the
night,
What immortal hand or
eye
Dare frame thy
fearful symmetry?
Tigre
(Stephen Thompson:
artista inglês)
O Tygre
Tygre, Tygre, em fogo
ardendo
Nas florestas, noite
adentro;
Que olho ou mão
imortal poderia
Forjar temível
simetria?
Em que abismo ou céu
distantes
Ardiam teus olhos
flamantes?
Em que asas voar ele
clama?
Que mão ousa tomar a
chama?
E que ombro, que
maestria
Teu coração
amoldaria?
E ao pulsar teu
coração,
Que horríveis pés?
Que horrível mão?
Com que malho? Com
que corrente?
Que fornalha fundiu
tua mente?
Em que bigorna? Que mão
mordaz
Agarra o terror com a
tenaz?
Quando, no céu,
estrelas baixaram
Suas lanças, e então
choraram;
Ele sorriu ao que
inventou?
Quem criou o Cordeiro
te criou?
Tygre, Tygre, em fogo
ardendo
Nas florestas, noite
adentro;
Que olho ou mão
imortal ousaria
Forjar temível
simetria?
Referência:
BLAKE, William. O tygre / The tyger. In:
__________. Canções da inocência e
canções da experiência. Tradução, textos introdutórios e comentários de
Gilberto Sorbini e Weimar de Carvalho. Edição bilíngue comentada. São Paulo,
SP: Disal, 2005. Em inglês: p. 113; em português: p. 112.
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