A biografia de Paguis
(ou Pagis, como queiram), romeno de nascimento, contém experiências em campos
de concentração, até que conseguiu fugir e se estabelecer na Palestina, em
1944, tornando-se um dos maiores poetas israelenses (ASCHER, 1998, p. 373).
O poema a seguir, que
foi musicado, é contemporâneo ao debate que ocorreu em Israel sobre o acordo de
reparação das vítimas judaicas da 2GM, então firmado com a Alemanha, com muitos
a favor e outros tantos contrários. Você, internauta, julga que o poeta
defendia qual posição? Leia o poema, sinta o escárnio contido nas palavras, e conclua
por si mesmo...
J.A.R. – H.C.
Dan Paguis
[com seus filhos Jonathan (E) e Merav (D)]
(1930-1986)
Dor
(Smilia Marvosh:
artista norte-americana)
Esboço de um Acordo de Reparações
Está bem, senhores
que não param de gritar
“injustiça”,
seus milagreiros
resmungantes,
silêncio!
Tudo há de voltar ao
seu devido lugar,
parágrafo após
parágrafo.
O grito à garganta.
Os dentes de ouro à
gengiva.
O medo.
A fumaça às chaminés
de zinco e mais dentro ainda
ao oco dos ossos,
vocês se re-cobrirão
de pele, nervos e recobrarão
a vida,
olhem, vocês estarão
vivos,
sentados na sala,
lendo o jornal vespertino.
Ei-los ali. Não é
tarde demais.
Quanto à estrela
amarela: arrancada imediatamente
do peito ela
emigrará
para o céu.
Referências:
Em Hebraico
Em Português
PAGUIS, Dan. Esboço
de um acordo de reparações. Tradução de Nelson Ascher. In: ASCHER, Nelson
(Tradução e Organização). Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro, RJ: Imago,
1998. Em alemão: p. 314; em português: p. 357. (Coleção “Lazuli”)
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